Casas em Movimento: arquiteto do Marco de Canaveses quer fazer de Portugal uma montra de inovação

Foi a paixão pela arquitetura que levou Manuel Vieira Lopes, natural do Marco de Canaveses, na idade da adolescência a pegar em paus de gelados e em fósforos para construir uma maquete que lhe valeu um prémio nacional. Este foi apenas o primeiro de muitos. Desde cedo, e já no Porto, colaborou com gabinetes de arquitetura até que no âmbito do projeto "Lidera" da Universidade do Porto criou a empresa Casas em Movimento. Uma spin-off que marcou presença na maior conferência de empreendedorismo do mundo, a Web Summit. Uma presença que aconteceu no âmbito do convite feito pela organização do evento que permitiu à Casas em Movimento aumentar Foi um evento que nos permitiu aumentar a rede de contactos e encontrar novas oportunidades de negócio.
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Como surgiu a empresa? Quando? Com que objetivo?

A empresa Casas Em Movimento é da autoria de Manuel Vieira Lopes. Nasceu no âmbito do projeto "Lidera", da Universidade do Porto, que originou uma Spin-off mantendo esse nome. Em 2010, a Casas Em Movimento foi registada oficialmente. A tecnologia da Casas em Movimento teve como alicerce o desejo de estar na vanguarda da arquitetura viva, com a criação de edifícios que de forma dinâmica e natural se relacionem com o meio envolvente e com quem os utiliza. Espaços vivos e inteligentes, adaptáveis aos desejos e necessidades dos seus utilizadores. Adicionalmente, houve uma preocupação com conceitos de sustentabilidade e a sua incorporação na arquitetura dos edifícios. Um dos principais fatores a nível da sustentabilidade é a utilização de recursos energéticos de fonte natural, limpa e renovável como, neste caso, o Sol. Por esta razão, a tecnologia permite que o edifício se mova em torno do Sol, como um girassol. A produção de energia é feita pelos painéis fotovoltaicos, que "como parte integrante da casa e não como apêndices (colocados em cima das telhas ou coberturas), e com um traço contemporâneo que desenha o todo, são como uma pele que a reveste, protege e a alimenta”.

Quem foram os mentores? Que formação têm?

O mentor foi o arquiteto Manuel Vieira Lopes. Nasceu a 30 de agosto de 1971 em Fornos, Marco de Canaveses. Filho de António Augusto Lopes e Maria Alzira Vieira, viveu a sua infância no Douro, Barragem do Carrapatelo, local de grandes amizades e forte relação com a natureza. A paixão por arquitetura começou cedo, e manifestou-se logo aos 11 anos, quando a propósito de um concurso nacional da telescola, com um desenho e uma maquete em paus de gelado e fósforos, foi premiado com o segundo lugar a nível nacional. Nos anos 80 mudou-se para o Porto, para frequentar "Introdução às Artes Plásticas e Arquitetura" na Escola Decorativa Soares dos Reis. Quase em simultâneo começou a trabalhar em gabinetes de arquitetura, onde coordenou várias equipas. Em 2007 "é matriculado pela mulher” na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

Que ajudas tiveram na criação da empresa? Que postos de trabalho a empresa já criou?

Até ao momento, a Casas Em Movimento esteve muito focada na investigação e desenvolvimento. Para tal coordenou uma série de entidades do sistema científico e tecnológico: FAUP, FEUP, INEGI, INESC e LNEG. Com o foco na rede smart Kiosk in Motion, o objetivo é constituir uma nova empresa, com uma equipa própria e polivalente, contando para tal com a expertise dos nossos atuais parceiros. A equipa atual é composta por três elementos. A Casas Em Movimento recebeu em 2010, no âmbito da Solar Decathlon, um prémio de 100 mil euros. Em 2014, teve um investimento de 350 mil euros por parte do Investidor Andrea Bertoldi, e um QREN no valor de aproximadamente 800 mil euros. Este projeto contou já com a ajuda, sobre a forma de validação pública, por parte de várias personalidades, como o arquiteto Souto de Moura "O mundo assim o pede. E nós somos os pioneiros” e o arquiteto Siza Vieira "Este projeto ultrapassa o âmbito académico e devia ser explorado numa perspetiva de mercado” e “este módulo pode alimentar o edificado de centros históricos”.

Que projetos já foram desenvolvidos?

Em 2012 foi construído o primeiro protótipo que foi apresentado na Solar Decathlon Europe, em Madrid, onde se realizou a primeira prova de conceito do movimento da pala fotovoltaica para o período de Inverno. A Solar Decathlon é o maior evento mundial de inovação inovadora e sustentável, e a Casas Em Movimento esteve em representação do país. Em Junho de 2015 foi construído o segundo protótipo, no Porto, realizando-se as provas de conceito do movimento de Verão da pala fotovoltaica e de rotação da estrutura. No Porto, foi também testado o carregamento de viaturas elétricas, numa parceria com a BMWi. Essa demostração foi efetuada com dois BMW i3 e um BMW i8. No momento presente está em construção o Master Kiosk Matosinhos, que é o primeiro elemento da rede smart Kiosk in Motion, o nosso grande foco atual. A tecnologia da Casas em Movimento é objeto de pedido de patente em 77 países, o que permite a proteção da propriedade industrial relativa a todas as soluções de edifícios com movimentos de rotação. Adicionalmente, os vários modelos foram objeto de registo por Desenho ou Modelo, estando o seu aspeto estético devidamente protegido quanto à sua propriedade industrial.

De que forma promovem a empresa?

Felizmente, pelo nível de inovação dos nossos produtos, temos tido grande cobertura por parte dos media. Além disto, temos também sido convidados a participar em grandes eventos, tais como a Web Summit, decorrida este ano, a segunda Gala de Inovação da Universidade do Porto, onde Manuel Lopes foi homenageado com o prémio de inovação. Já a dezembro de 2015 a Casas em Movimento foi ao MIT, EUA, a convite do BGI / MIT Portugal. Ao longo deste percurso a CEM recebeu vários prémios, tais como: The Next Big Idea, TMN “Vamos lá Portugal”, Indústrias Criativas, Prémio de Inovação da Exame Informática; e foi um dos 8 finalistas portuguesas do programa Climate KIC. A divulgação é também efetuada através do nosso Site e do nosso Facebook. No âmbito do nosso atual modelo de negócios tentamos abordar diretamente o máximo de municípios possível.

O que mudou com a presença no Web Summit? Como foi a experiência de estar na maior conferência de empreendedorismo? Pretendem voltar?

A Web Summit foi uma experiência e interessante e enriquecedora. A nossa participação surgiu a propósito de convite da própria organização, para estar na categoria BETA sem custos adicionais. Foi um evento que nos permitiu aumentar a nossa rede de contactos, e encontrar novas oportunidades de negócio. O Pitch foi uma experiência que nos agradou especialmente, pela surpresa e entusiasmo que pudemos observar na plateia. Alguns perguntavam-nos se os nossos vídeos, nos quais se via a casa a rodar, eram feitos a computador. Além disto, a Web Summit foi o ponto crucial para nos ajudar a definir o nosso atual modelo de negócios, com base em todo o input que recebemos ao longo do percurso preparatório. A participação neste tipo de eventos deve ser sempre alvo de séria ponderação, uma vez que requerem tempo e, por vezes, investimento consideráveis. No entanto, pelo anteriormente expresso, é do nosso interesse voltar.

A internacionalização está nos vossos planos?

A internacionalização está nos nossos planos como estratégia de médio longo-prazo. No momento presente estamos focados no mercado português, uma vez que pretendemos fazer de Portugal uma montra tecnológica para a escala global.

 

Projetos a desenvolver a médio prazo?

Como referido, neste momento estamos focados na rede smart Kiosk in Motion. Os smart Kiosk In Motion – sKiM - são Estruturas Inteligentes para cidades/municípios que se querem também mais inteligentes, e que as comunicam, enquanto seguem o Sol e produzem energia que lhes permite a autossuficiência. Cada estrutura tem 40 metros quadrados. Estas estruturas inteligentes terão Painéis Fotovoltaicos integrados, o que permitirá produção de energia suficiente para funcionar off-grid (sem ligação à rede elétrica) e ainda excedentes de energia, que poderão ser utilizados para carregamento de gadgets como laptops e smartphones, e ainda de viaturas elétricas.

Os sKiM terão também ECRÃS LED outdoor, com o objetivo de comunicar os mais diversos conteúdos sobre as cidades e marcas, e inclusive permitir subaluguer dos mesmos para conteúdos de cariz promocional da economia local. Os sKiM deverão ser colocados em pontos estratégicos nos municípios aderentes. As estruturas inteligentes irão ainda conter informação sobre o local onde estão implementados e espaços culturais, tais como museus, auditórios, teatros e cinemas próximos e a visitar. Esta informação poderá ser consultada no equipamento touch a colocar no interior, e que estará disponível para utilização 24 horas por dia.

A utilização do espaço interior dos sKiM estará dependente do interesse contratualizado com cada município. Contudo, conforme indicado anteriormente, estes poderão estar abertos 24 horas por dia. A fim de controlar o influxo de utilizadores, no entanto, a partir de determinada hora (ex: 20h) a entrada poderá ser restrita a quem fizer reserva através de uma aplicação móvel, por um sistema de chaves virtuais. A ligação dos sKiM em rede permitirá aos utilizadores que, estando numa dessas estruturas, tenham acesso a informação sobre o que está a acontecer nas restantes.

A criação da rede permite ainda a realização de demonstrações não só na própria autarquia, mas também nas restantes autarquias que integrem essa rede, através, sobretudo, de conteúdos digitais a integrar no interior das estruturas e a colocar nos LED Outdoor, e de atividades na rede (ex: showcookings; viagens em viaturas elétricas), utilizando o próprio espaço interior dos sKiM.

Em suma, estas estruturas poderão ser utilizadas, pelas autarquias, para os seguintes efeitos: Centros de informação abertos ao público; Espaços de receção de comitivas empresariais; Espaços de lazer para munícipes e turistas; Atividades escolares e desportivas; Palestras, Workshops; Transmissão em direto de eventos a decorrer na cidade / município / país.

A possibilidade de transportar os módulos, a fim de os colocar noutro local, permite uma capacidade de adaptação à realidade do mercado em função da lei oferta/procura, minimizando assim o risco incorrido na seleção inicial dos locais de implantação, e sempre com pegada ecológica zero (conforme demonstrado em Madrid e no Porto).

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