Tire da cabeça a ideia de que para tirar um bom café é só colocar uma cápsula ou o pó na máquina e carregar no botão. É preciso muita formação, muita arte e seguir à risca determinadas regras. Que o diga David Coelho a quem foi confiada a "difícil" missão de representar Portugal no Campeonato do Mundo de Baristas em junho, na Irlanda.
"Não estou convencido de que vá conseguir o primeiro lugar até porque lá vão estar os melhores dos melhores. E, nesta área Portugal ainda tem muito a aprender. Mas vou com a certeza de que poderei chegar, pelo menos, à semi-final" - refere David Coelho ao VerPortugal a quem se mostrou muito satisfeito pelo fato de lhe ter sido confiada esta missão depois de ter sido vencedor do Concurso Nacional pela segunda vez.
Estar num concurso mundial é estar, então, entre os melhores dos melhores. "É estar entre aqueles que durante o ano passam a vida a visitar os países onde se produz café. É estar entre aqueles que nada mais fazem da vida a não ser...ser baristas" - explica o barista lamentando que Portugal ainda esteja muito atrasado a este nível. "Apesar de um barista ser equiparado, em muitos países, a um chef, em Portugal ainda não é possível alguém viver só com esta atividade" - acrescenta ao VerPortugal deixando bem claro que vai aproveitar a experiência ao máximo para poder crescer como o barista.
Mesmo assim David Coelho não desiste porque "é com muita paixão que se dedica à arte barista". Por isso, desde que essa paixão pelo café despertou dentro de si, tratou de procurar um local para fazer uma formação nesta área. "Mas não é só a formação que é necessário. É preciso também muito gosto, muita persistência, muita paixão, tempo para ler e pesquisar e conhecer muito bem o café desde a planta até ao pó" - acrescenta o jovem que já animou, como barista, a abertura de alguns estabelecimentos comerciais em Lisboa e até já deu formação.
Ao longo da conversa com o VerPortugal, David Coelho explicou ainda as diferenças entre quem tira um café, num estabelecimento comercial, e um café num concurso de baristas. "Nas duas situações é preciso conhecimento do que se está a fazer mas no caso de um concurso é preciso cumprir, à risca, mesmo muito à risca determinadas regras" - refere.
Então, para extrair o café perfeito primeiro de tudo é necessário ter uma excelente matéria-prima. Ter um excelente moinho e uma excelente máquina são outras regras a cumprir. Depois é obrigatório ser-se profissional. Ou seja, quem extrai o café tem de ter a formação adequada. Tem de saber moer o café da forma certa, tem de o saber prensar para que a sua cozedura seja homogénea e tem de extrair um café entre 20 a 30 segundos e este não deve ter mais do que 30 mililitros.
De 22 a 25 de junho, David Coelho vai então mostrar ao mundo o seu valor enquanto barista. Na bagagem promete levar o melhor produto que conseguir para "representar Portugal o melhor que puder" e impressionar o júri com os quatro cafés que tem de extrair, com as quatro bebidas de leite e as quatro bebidas de especialidade que tem de criar. "Para além da boa matéria-prima vou precisar de muita imaginação" - explica o barista que até ao fim do mês de março já tem de ter escolhidos, pelo menos, os tipos de café a levar.
Até ao dia da partida, David Coelho vai continuar a exercer atividade profissional na padaria do pai e a aproveitar todos os tempos livres para se aperfeiçoar para o concurso do qual vai regressar com uma excelente classificação.
