Academia de Ciencias Médicas do Reino Unido premeia médica portuguesa

A Academia de Ciências Médicas do Reino Unido premiou Ester Coutinho, médica e cientista portuguesa, por esta ter efetuado um estudo sobre disfunções no neurodesenvolvimento da criança. O trabalho, recentemente publicado na revista britânica The Lancet, foi realizado na Universidade de Oxford, no Reino Unido, para a sua tese de doutoramento, ao abrigo de um programa cofinanciado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, em Portugal.
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No estudo, Ester Coutinho e a sua equipa de cientistas debruçou-se sobre o papel dos anticorpos das mães em perturbações no desenvolvimento intelectual e motor das crianças.

Segundo a Revista Porto.com, "os anticorpos são proteínas do sistema imunitário que normalmente protegem o organismo contra infeções, mas, por vezes, podem levar ao aparecimento de doenças autoimunes".

Na mesma notícia lê-se que "a investigação de Ester Coutinho procura encontrar anticorpos nas grávidas que afetam o desenvolvimento cerebral do feto, que, mais tarde, se pode revelar em distúrbios ou doenças do neurodesenvolvimento das crianças, como paralisia cerebral, surdez, cegueira, autismo, dislexia, hiperatividade com défice de atenção e deficiências cognitivas".

A cientista explicou à Porto.Com que "o que encontrámos foi uma associação entre um anticorpo contra uma proteína cerebral chamada CASPR2 [envolvida no neurodesenvolvimento] em mães que, depois, tiveram crianças com atrasos mentais. Essa associação foi validada em ratinhos".

Os investigadores estudaram a presença da proteína CASPR2 em amostras de soro do sangue de mães com psicose pós-parto e com crianças com atraso mental ou outras disfunções no desenvolvimento psicológico, comparando-as com grupos de controlo. "As amostras foram recolhidas na década de 90 e armazenadas num biobanco na Dinamarca", lê-se na Porto.Com. Depois, "os cientistas avaliaram, em fêmeas de ratinhos, os efeitos da exposição uterina aos anticorpos contra a CASPR2 e, em seguida, o comportamento das crias já crescidas e o seu cérebro (depois de mortas)".

Ester Coutinho explicou, ainda, à Porto.Com que "vimos que houve alterações de comportamento e neuropatologias do cérebro. Tinham défice de interação social, alterações nas camadas corticais do cérebro, excesso de ativação de outras células cerebrais, como a microglia, e uma perda de sinapses [ligações entre neurónios, células cerebrais]. Tudo isto sugerindo uma patologia que é comum às pessoas que têm atrasos intelectuais e motores".

Agora, a investigação vai avançar com o validar das conclusões em disfunções específicas do neurodesenvolvimento, como o autismo, e estudar o mecanismo de funcionamento dos anticorpos durante a gestação.

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