Terras sem sombra em Santiago do Cacém

Após Almodôvar e Odemira, o Terras sem Sombra muda agora de cenário para Santiago do Cacém, onde está preparado mais um programa intenso de descobertas em torno do património, música e biodiversidade. Nos dias 25 e 26 de março, as atenções concentram-se na história e na arte de uma terra que pertenceu à Ordem militar de Santiago da Espada, sem esquecer a rica mitologia local e, claro está, as pessoas que aqui habitam – e que se irão envolver na plantação de sobreiros, ajudando a salvar a mata do antigo convento de Nossa Senhora do Loreto. O Festival conta ainda com a presença de um agrupamento musical de excepção, vindo dos Estados Unidos.
:
  

Como é já hábito, o evento começa sábado, às 14h30, com uma visita ao centro histórico de Santiago do Cacém, terra senhorial, onde igrejas, palácios e mansões guardam tesouros históricos.

A matriz, no alto do castelo, é o ponto de encontro de um percurso que visitará esta fortaleza, a tapada do Palácio dos Condes de Avillez, a antiga judiaria, a capela das Almas, a igreja da Misericórdia, a mais do que centenária Sociedade Harmonia e outros monumentos pouco conhecidos, sem esquecer um moinho de vento, recentemente recuperado nas Cumeadas. O foco do passeio, no entanto, será o palácio dos Condes de Bracial, belo edifício da época romântica, e que abre as portas ao público, pela primeira vez, neste dia.

Mas andar pelas ruas antigas da cidade é também a ocasião para conhecer histórias de outros tempos e confrontar usos e tradições. Por exemplo, a lenda do túnel que liga o castelo de Santiago às ruínas de Miróbriga, desafiando as leis da gravidade. Ou o medo causado pela aparição de avejões (fantasmas), que se manifestavam, sobretudo em noites de Lua cheia, em duas encruzilhadas da povoação, os Cantos do Meio-Dia e os Cantos de Santo António. Ou os sustos causados pela alma penada da “condessa velha” aos que se aventuravam, fora de horas, na rua em cotovelo, junto à Casa das Heras...

De Nova Iorque para o Alentejo: Brentano String Quartet

Para o serão está reservado um grande concerto, com aquele que é considerado pela crítica como um dos melhores – senão o melhor – quartetos de cordas da actualidade. Depois de visitar algumas das principais capitais europeias, esta formação termina a sua itinerância no Alentejo, com o concerto “Perpétuo Movimento: Em torno d’A Arte da Fuga”. Trata-se de um tributo a J. S. Bach em que o célebre compositor alemão vai ser escutado a par de Gesualdo, Kurtag, Gubaidulina e Britten. 

O Brentano String Quartet é actualmente o quarteto titular residente da mítica Yale School of Music, sucedendo ao Tokyo Quartet nessa posição. Desde a sua criação, em 1992, tem sido muitíssimo aplaudido pelo público e pela crítica. Nas últimas temporadas, tem viajado incansavelmente, percorrendo os Estados Unidos, Canadá, Europa, Japão e Austrália – e actuando nos teatros mais prestigiosos do mundo. A propósito do programa que foi anunciado para o Terras sem Sombra, escreve o Washington Post: “gratificante em todos os sentidos”. E o London Independent vai ainda mais longe, ao classificá-lo como “apaixonante e fascinante”.

Defender o antigo convento do Loreto e a sua mata de sobro

Na manhã de domingo, às 10h00, o alvo será a paisagem cultural em torno do antigo convento de Nossa Senhora do Loreto. Aproveitando a proximidade ao dia mundial da floresta, a jornada será consagrada à salvaguarda do montado de sobro, incidindo num aspecto fulcral da sua continuidade – a renovação. Para tal, serão plantadas várias dezenas de sobreiros, provenientes da Mata Nacional de Valverde, em Alcácer do Sal. Pretende-se ainda definir um “caderno de encargos” para o acompanhamento das plantas, assegurando a sua protecção. Esta iniciativa irá envolver a comunidade local: quem plantar um sobreiro será o seu protector e compromete-se a regá-lo no próximo Verão, de modo a garantir a sua sobrevivência. Uma placa assinalará o nome do “padrinho” de cada árvore.

Mais nesta secção

Mais Lidas