ESTeSC: treino intenso provoca alterações fisiológicas no coração de atletas adolescentes

Uma investigação do docente Joaquim Castanheira, docente do Departamento de Fisiologia Clínica da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), revela que a prática desportiva intensa e de competição em atletas adolescentes provoca alterações significativas na morfologia do ventrículo esquerdo.
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Os resultados estão incluídos na sua tese de doutoramento, apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, intitulada "Participação Desportiva, Crescimento, Maturação e Parâmetros Ecocardiográficos em Jovens Masculinos Peri-Pubertários”, e são agora publicados em livro, cujo lançamento aconteceu hoje na ESTeSC. Trata-se do sétimo volume da Coleção "Ciência, Saúde e Inovação/Teses de Doutoramento".

A tese está organizada em quatro estudos transversais, que pretendem identificar um conjunto de variáveis suscetíveis de explicar o efeito do treino continuado na remodelagem cardíaca em jovens atletas do sexo masculino. O primeiro estudo é constituído por atletas internacionais que representaram Portugal nos campeonatos da Europa das respetivas modalidades e por adolescentes saudáveis não atletas; o segundo estudo é constituído por atletas de várias modalidades desportivas de clubes portugueses com prática desportiva federada há mais de cinco anos; o terceiro estudo é constituído por jovens basquetebolistas de nível local e de nível internacional e o quarto e último estudo é constituído por judocas convocados para os estágios da seleção nacional da Federação Portuguesa de Judo.

Segundo Joaquim Castanheira, o estudo tem como objetivo explicar o efeito do treino continuado na remodelagem cardíaca em jovens atletas do sexo masculino, em fase de crescimento, com idades entre os 13 e os 17 anos, uma vez que a maior parte dos estudos conhecidos foram realizados em atletas adultos. A investigação concentra-se mais na análise do ventrículo esquerdo - parte do coração sujeita a maiores pressões com o esforço físico - tendo verificado diferenças significativas no tamanho, espessura das paredes e massa ventricular esquerda entre jovens desportistas e não desportistas, por um lado, e entre atletas de uma modalidade de nível local e de nível internacional, por outro, relacionando as diferenças encontradas com a prática de treino intensivo e de competição. “Verificámos que, na mesma modalidade desportiva com metodologias de treino semelhantes, há diferenças significativas para a massa ventricular esquerda entre atletas de nível local e de nível internacional parecendo que esta é influenciada pelo maior grau de exigência e de sucesso”.

Outro dos principais resultados do trabalho realizado é a constatação da necessidade de acompanhamento médico, quer previamente, quer durante a prática desportiva: “mesmo as crianças devem fazer testes médicos antes de praticar desporto de competição, para despistar eventuais problemas”, afirma o docente.

Durante os testes realizados aos 382 atletas que constituem a amostra, o docente constatou que uma grande percentagem nunca realizou um ecocardiograma e uma pequena percentagem apresentava mesmo alterações estruturais ao nível do coração. Embora habitualmente os atletas de competição realizem um eletrocardiograma anualmente, “todos os atletas, mesmo os mais jovens, deviam realizar pelo menos um ecocardiograma antes de iniciar a prática de desporto de competição” uma vez que há alterações da estrutura cardíaca que são detetadas por este exame.

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