Produtos alentejanos protagonistas em Madrid

Pela mão do Terras sem Sombra, o pão, o queijo e o vinho – três elementos fundamentais da alimentação tradicional do Alentejo – vão ser os protagonistas, a 22 de junho, da Escuela de Artes, num dia consagrado ao Alentejo de um dos principais encontros de chefs, críticos e líderes da opinião gastronómica de Espanha. A iniciativa faz parte do curso Entre a Tradição e a Vanguarda: Uma Viagem pelo Mundo dos Sabores, que se realiza no Circulo de Bellas Artes em Madrid e que dá cartas para interpretar criticamente as novas correntes na culinária e as práticas criativas a elas associadas, um fenómeno muito em voga e que pode trazer um contributo decisivo para o turismo sustentável, alicerçado na cultura e na natureza.
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A apresentação destes activos do paladar alentejano, aptos a conquistarem outros mercados, será feita por quem conhece bem os seus segredos. O antropólogo Carlos Pedro revelará a tradição artesanal do fabrico do pão em Castro Verde e os desafios de uma industrialização que procura respeitar a essência da manufactura. O empresário José Guilherme, da Queijaria Guilherme, trará a Madrid, terra com pergaminhos na degustação de queijo, o testemunho dos queijos de Serpa, cada vez mais procurados pela restauração espanhola. Os enólogos Luís Leão, da Adega Cooperativa da Vidigueira, e Luís Mota Capitão, da Herdade do Cebolal, em Santiago do Cacém, destacarão as particularidades dos vinhos do Alentejo e da região de Setúbal, mostrando as complementaridades de duas áreas vinícolas cujos terroirs convergem em solo alentejano.

"Fruto de um diálogo iniciado em 2016, a parceria com a Escuela de Artes reflecte as preocupações do Terras sem Sombra em torno da afirmação do Alentejo como um destino internacional de arte e natureza”, assinala José António Falcão, director do Terras sem Sombra. "O património gastronómico é uma marca forte da nossa identidade e ajusta-se à perfeição ao objectivo de proporcionar, com o festival, uma experiência única do território em que itineramos.”, realça o director da iniciativa de património, música e biodiversidade.

O crítico musical e professor universitário Juan Ángel Vela del Campo, responsável artístico pelo Terras sem Sombra, é um grande entusiasta desta ideia. Membro da Real Academia Espanhola de Gastronomia, tem sido um embaixador activíssimo na promoção do que de melhor se come e bebe no Alentejo: “Espanha está finalmente a ultrapassar o desconhecimento que teve de Portugal, ao longo de gerações, e isto traduz-se numa abertura à cultura lusa que merece reflexão; mas torna-se indispensável captar as novas gerações, cujo interesse pela cozinha tradicional é palpável”.

No Terras sem Sombra, o desafio prende-se sobretudo com a autenticidade dos patrimónios dados a conhecer, com a qualidade da programação e com a mobilização das comunidades locais. A visão de fundo defendida pelo festival é que se torna fundamental vinculá-lo ao desenvolvimento cultural, mas também social e económico, do Alentejo. Daí a atenção posta na valorização dos produtos de excelência da região.

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