Viagem Medieval: Rainha Santa Isabel realiza Milagre das Laranjeiras em Arrifana

Para além dos cortejos encenados com D. Afonso IV, dos contos eróticos humorísticos e de um estúdio para fotografia matrimonial inspirada na época, este ano no decorrer da 21º edição da Viagem Medieval de Santa Maria da Feira, que arranca hoje e se prolonga até dia 13 de agosto, a Rainha Santa Isabel vai realizar o Milagre das Laranjeiras em Arrifana, uma das freguesia do Concelho.
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Tudo a postos. Arrancou a 21º edição da Viagem Medieval de Santa Maria da Feira. O maior evento do género em Portugal vai prolongar-se até dia 13. E, este ano, as novidades são muitas. Há cortejos encenados com D. Afonso IV, contos eróticos humorísticos e um estúdio para fotografia matrimonial inspirada na época. Outra das novidades é a recriação do Milagre das Laranjeiras em Arrifana. Um milagre que a Rainha Santa Isabel fez na época do reinado de D. Afonso IV.

E em que consiste esse milagre? Conta-se que D. Isabel de Aragão, viúva de D. Dinis mais conhecida por Rainha Santa, ia em peregrinação a Santiago de Compostela e parou numa estalagem na qual estava uma criança cega de nascença. Reza a história que bastou a Santa Rainha pôr-lhe a mão na cabeça para que a criança começasse a ver. A mãe desta tão contente que questionou a Rainha como poderia agradecer. A Rainha, como estava calor e tinha sede disse-lhe que desse uma laranja do seu quintal e a mulher ficou muito preocupada dizendo que essa fruta era muito azeda. A Rainha mesmo assim insistiu para que lhe fossem dadas laranjas. A mulher foi então buscar uma laranja para a rainha que ao comer deixou cair os caroços naquela área e diz-se que dai teria nascido uma laranjeira que trazia as cinco quinas das armas de Portugal.

A 21º edição faz-nos recuar até ao ano de 1325. Nesse ano, subiu ao trono o infante rebelde, de temperamento obstinado, com o título de D. Afonso, o quarto, pela graça de Deus, rei de Portugal e do Algarve. Governou durante 32 longos anos, muito duros e difíceis, subjugados por tempos de muitas fomes, grandes pestes e algumas guerras.

As mudanças climatéricas e as catástrofes naturais levaram à escassez de produtos alimentares, o que provocou o aumento de preços e gerou muita fome e doenças, atingindo o auge em 1348, com a Peste Negra. Também as guerras com Castela, a ameaça islâmica e a guerra civil com seu filho Pedro ajudaram a fomentar esta trilogia dos horrores que tanto assolou as gentes desta época.

Apesar de todas as vicissitudes, o Bravo governa o reino com grande tenacidade e perspicácia, reforçando o poder real através de uma intensa ação legislativa e reformas inovadoras na área da justiça e da administração.

D. Afonso IV empenha-se nos proveitos do mar, fazendo de Portugal o conciliador das rotas marítimas entre o Atlântico e o Mediterrâneo. El-rei transforma o reino num só território, sob uma mesma autoridade, num só povo, numa só língua, numa só tradição. Em resumo, numa só identidade: no reino de Portugal.

À Lusa, Paulo Sérgio Pais, diretor da Feira Viva (entidade organizadora do evento) explicou que no que os desfiles já existiam nas outras edições. Mas este ano vai ser dada uma outra dinâmica, mais teatral. “Como a Viagem muda de contexto histórico todos os anos, abordando um reinado diferente em cada edição, queremos que mais gente se aperceba dessa mudança temática e, por isso, decidimos reforçar essa mensagem com os cortejos encenados, que passam agora a ter mais interação com o público e a abordar um episódio realmente representativo da época recriada”, explicou Paulo Sérgio Pais à Lusa.

Segundo o diretor da Feira Viva, “um desses cortejos será sobre a peregrinação que a Rainha Santa Isabel fez até Santiago de Compostela, viajando disfarçada para não ser reconhecida e acabando por realizar o Milagre das Laranjeiras em Arrifana”. Um outro cortejo vai recordar a ‘A chegada do Cavaleiro Negro’, uma referência aos surtos de peste que mataram muita gente no reino na sequência de vários anos de fome e doenças.

Banhos de S. Jorge

E quanto à parte mais romântica da Viagem Medieval o que podemos encontrar? Bem...o espaço dos “Banhos de S. Jorge”. Aí haverá massagens, concertos com harpa e recantos para namorar. Este ano a zona vai ser reforçada com duas outras propostas a cargo da chamada “Trupe de Bufarinheiros” – os saltimbancos que montam arraial à sombra das árvores e aí atuam para quem passa. A Lusa escreve que uma das novas propostas é "o espetáculo 'Os amores ocultos de D. Afonso IV', que parte da 'desilusão' pelo facto de esse monarca não ter tido amantes, para além da sua esposa Beatriz de Castela, para depois explorar 'os seus amores ocultos, tão sórdidos que só mesmo uma Trupe de Bufarinheiros, sem amor à vida e sem nada a perder, se atreve a desvendar uma pontinha do véu' ".

Erotismo na Viagem

E o que se pode dizer relativamente aos “Contos eróticos medievais”. Uma novidade que surge na 21º edição e quese destinam apenas a maiores 16 anos. Revelam-se, segundo a Lusa, "ao estilo do 'fabliau' francês, um género narrativo breve e em verso que conta pequenas histórias 'num clima de paródia e bom humor em que domina o gosto pela trivialidade e a obscenidade', com jogos de palavras e mal-entendidos". E na zona dos Bufarinheiros haverá também a “Árvore dos Casamentos de Amor e Alguns Acasalamentos “. Aqui estarão adereços típicos dos matrimónios medievais e outros acessórios de noivado da época. Quem por lá passar pode admirá-los e aplicá-los nas suas fotografias.

Isto e muito mais é o que vai encontrar na Viagem Medieval cujo programa completo pode consultar aqui. Portanto, tudo bons motivos para que não deixe de passar por Santa Maria da Feira até dia 13.

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