Liliana Gerreiro: designer escolhida para expor trabalhos no MAD lança coleção de joalharia contemporânea

Liliana Guerreiro, a designer de jóias, que o ano passado foi selecionada para expor no MAD – Museu de Arte e Design de Nova Iorque, apresenta as novidades das suas coleções permanentes. Uma colecção que se desenvolve em linhas minimais e depuradas, trabalhadas com materiais nobres como o ouro e a prata e recorre a técnicas artesanais, reinterpretando tradições. É uma narrativa de elementos que combina a sofisticação com as técnicas da joalharia tradicional minhota para criar jóias contemporâneas que viajam por todo o mundo, da Europa ao Japão.
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O seu projeto de vida é a reinterpretação contemporânea da arte da filigrana, ou não fosse a criadora de origem minhota. Liliana Guerreiro parte dos elementos básicos da filigrana: o filum, um fio de metal, e o granum, um grão, dando-lhes o protagonismo das peças. Um trabalho minucioso e paciente pelas mãos de uma dupla de artesãos de uma das mais antigas oficinas do país, mestres nesta arte delicada, que dá origem às coleções Leveza, Fio, Elementos, Malha, Bocais, Cheio de Ramo, Era e Estrutura.

As novidades, agora lançadas, são transversais a quase todas, sendo que em comum refletem a vontade da designer de criar peças minimalistas, que apostam na força dos detalhes. São peças pensadas para o quotidiano, descomplicadas, versáteis e intemporais. Destaque a para a coleção Malha, vencedora de importantes prémios ao longo do percurso de Liliana Guerreiro, que se renova com peças mais práticas e simples. 

Outra das coleções é a Cores, multiplicada por uma paleta alargada de tons, que se combinam em contrastes e harmonias. Brincos, anéis, alfinetes e botões de punho disponíveis em 30 cores. Os anéis são a peça-chave desta linha, desdobram-se em cinco tamanhos diferentes cada um com 30 cores, podendo ser conjugados em mais de 50 mil combinações.

Liliana Guerreiro é uma das mais proeminentes designers de joalharia contemporânea. Em outubro de 2014 foi convidada para expor a sua coleção no MAD – Museu de Arte e Design de Nova Iorque e, na sequência dessa participação, foi uma das selecionadas para integrar a loja do museu, passando a vender as suas peças em permanência. Seguiram-se novos convites e propostas, como foi o caso do Museu de Chicago, atualmente um ponto de venda importante para a marca.

A marca Liliana Guerreiro conta, aliás, com uma forte presença internacional, tendo como mercados prioritários EUA e Japão, com consumidores rendidos à arte da filigrana, e Itália e Bélgica, países onde a coleção Cores tem maior aceitação.

Em Portugal, a coleção está à venda nas lojas Elements (Porto e Lisboa), no Museu de Serralves, no Porto, e através da sua loja online.

Liliana Guerreiro nasceu em 1975, Viana do Castelo (norte de Portugal), coração do Minho, terra de tradições e de festas, de mulheres fortes, com trajes deslumbrantes e o peito carregado de ouro. Crescer com esta herança "genética” e estes costumes, desfazendo os colares de contas da mãe para ver como eram feitos, e como se voltavam a enfiar, mexer nas peças de família, das avós e das tias, experimentá-las repetidas vezes, conhecê-las, saber os seus nomes, tudo isto influenciou o seu percurso.

Em 1999 concluiu a licenciatura em Arte/Joalharia na ESAD (Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos). A sua formação especializada teve início na EPOA (Escola Profissional de Ofícios Artísticos) de Vila Nova de Cerveira, na Escola de Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santo, em Lisboa, e no Centro de Joalharia do Porto (1998). Liliana Guerreiro faz parte do primeiro grupo de pessoas em Portugal com formação superior em joalharia.

Apesar de jovem é já detentora de vários prémios. A saber: 2013 - menção honrosa no concurso Rural Criativa do ICCER - Indústrias Culturais e Criativas em Espaço Rural; 2007 - terceiro prémio Rotas do Linho e do Ouro, em conjunto com os ourives Joaquim e Guilherme Rodrigues, e apresentação da peça premiada na feira Vicenza Oro (setembro do mesmo ano); menção honrosa no concurso FNA – Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde;  primeiro prémio do concurso de artesanato contemporâneo da FIA – Feira Internacional de Artesanato de Lisboa; menção honrosa no primeiro concurso internacional de filigrana, Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e Escola Superior de Arte e Design de Matosinhos; primeiro prémio no primeiro concurso internacional de filigrana, Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e Escola Superior De Arte e Design de Matosinhos; 2006 - primeiro prémio do concurso de artesanato tradicional da FIA – Feira Internacional de Artesanato de Lisboa; 2004 - menção honrosa de artesanato contemporâneo da FIA – Feira Internacional de Artesanato de Lisboa e primeiro prémio do concurso de artesanato tradicional da FIA – Feira Internacional de Artesanato de Lisboa.

As coleções

Leveza: a coleção decorre da utilização dos dois elementos mínimos que definem a técnica da filigrana: o filum, um fio de metal, e o granum, um grão. O colar "leveza”, formado por um conjunto de fios de prata torcidos e rematados pelo grão, associados apenas a partir do gesto de encadear pela torção do fio sobre si próprio, constitui, pela essencialidade da sua construção, um manifesto da leveza que os elementos mínimos da filigrana podem expressar.

Fionesta coleção, tecnicamente, é só usado o fio explorando as diferentes possibilidades de combinar espessuras, matérias (ouro e prata) e texturas (com três possibilidades: fio simples, fio torcido ou fio batido).

 

Elementos: a coleção apresenta, com o apoio de uma armação, o fio delicado e muito fino (com cerca de 0.2 milímetros), é enrolado com perícia e técnica de forma a obter uma textura consistente. Peças trabalhadas mas elegantes com sugestões de brincos, anéis e pulseiras harmoniosamente combinadas.

Malhaa coleção é desenvolvida a partir da repetição contínua, em espiral, dos terminais dos relicários do séc. XIX. A densidade do minucioso trabalho evoca a complexidade de desenho das peças tradicionais, paradoxalmente contrariada pela clareza da geometria.

Bocais: a coleção parte do destaque de um pormenor das Contas Minhotas, os "bocais”, repetido e agrupado de forma irregular de modo a construir diversas formas. A transparência, tema de projecto, é exponenciada pela aparente sensação de atracção e repulsão entre os elementos, á semelhança de pequenas bolas de sabão.

Cheio de Ramo: a colecção corresponde a uma utilização irónica de uma das técnicas de filigrana mais reconhecível, o "cheio de ramo” (técnica de preenchimento). Irónica não só pela utilização do seu nome como referência figurativa, mas pela inversão do "cheio” de fundo a figura. A tradicional utilização da técnica para complexificar o objecto, é invertida ao possibilitar a leitura da sua elementaridade.

Era: a coleção decorre da utilização isolada de elementos minimalistas como o fio e o grão, a essência da arte da filigrana. Uma técnica simples e delicada.

Estruturaa coleção decorre da utilização isolada do sistema estrutural da filigrana, a "armação”. O sistema que tradicionalmente funciona como uma base secundarizada pela presença exuberante do preenchimento, adquire protagonismo no modo como o fio laminado materializa formas decorrentes de desenhos lineares onde o vazio domina. Formas que utilizadas repetidamente conferem às peças uma complexidade que evoca a filigrana tradicional, mas simultaneamente expressam uma grande simplicidade pela identificação do seu elemento base.

Cores: esta é uma coleção que convida à criatividade. Brincos, anéis, alfinetes e botões de punho disponíveis em 30 cores. Os anéis são a peça-chave desta linha, desdobram-se em cinco tamanhos diferentes cada um com 30 cores, podendo ser conjugados em mais de 50 mil combinações. Um convite à imaginação e o toque final para o look perfeito. 

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