“Breaking Point”: finalistas do Modatex Lisboa apresentam coleções finais

Uma nova geração de designers de moda formados no Modatex dará a conhecer o seu trabalho durante um Fashion Show que terá lugar no Museu Militar, em Lisboa. No próximo dia 16 de setembro, a partir das 18h30, os onze finalistas do curso de Design de Moda do Modatex Lisboa vão apresentar as suas coleções finais, que assinalam o final de um percurso formativo iniciado há três anos.
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Alexandra Breda, Carla Campos, Catarina Portela, Daniela Ciolan, Edsana Robalo, Joana Bonhorst, João Barriga, Mariana Laurência, Sara Cruz, Susana Grou e Teresa Lucas são os novos talentos da moda nacional que vão dar a conhecer os seus trabalhos finais, num evento que tem como tema Breaking Point, o ponto de rutura.

O conceito do evento passa pela mudança da sociedade em relação à indústria e ao modo de viver atual. A necessidade de estabelecer novas regras no que toca à forma como consumimos, nos relacionamos e vivemos pede um momento de rutura, simbolizado num aquário de vidro com água que, de tão cheio, quebra e deixa a água sair. 

As coleções

Alexandra Breda escolheu para tema “V Transfer”, inspirada no conceito de transferência de volume, com silhuetas que oscilam entre os volumes e a fluidez, baseadas na analogia balão cheio vs. balão vazio. Tem como público-alvo mulheres dos 25 aos 45 anos que se identifiquem com a cultura urbana e sportswear. As cores chaves são o azul intenso e o iridescente nos volumes, contrastando com o branco e translúcido em silhuetas tubo.

Strange? Ent!ty, de Carla Campos, é uma coleção mista influenciada pelo streetwear. O preto será a cor dominante, numa paleta onde também estão presentes o burgundy e verde tropa, com alguns apontamentos de cinza refletor. “O tecido será o mural dos estampados que serão exibidos pontualmente nas peças. Alguns destes grafismos estarão no seu interior, que funcionará como uma analogia ao íntimo do indivíduo”, explica.

Catarina Portela dará a conhecer o seu trabalho através de “that´s not what it seems”, uma coleção que foi inspirada pela necessidade de captar várias sensações diferentes através de volumes, recorrendo assim ao elemento principal que está entre o transparente e o forro, “a esponja”. O resultado são peças com um toque colorido descontraído e de uso quotidiano, numa linha streetwear para uma mulher jovem e desprendida de preconceitos. Da paleta de cores fazem parte tons pastel que transmitem simplicidade, mas também algum requinte.

Daniela Ciolan aposta na simbiose entre o clássico e o streetwear, combinando moda e natureza numa coleção feminina em que cortes, detalhes e transparências revelam o corpo feminino. Os interiores podem ter estampados e os exteriores apresentam formas estruturadas que criam um contraste com os interiores.

Edsana Robalo apresentará “Círculo”, conceito que remete não só para o aperfeiçoamento, mas também para o facto de esta coleção marcar o final de três anos de trabalho e aprendizagem. As propostas são baseadas na história do cinema e nas personalidades que a marcaram, como Charlie Chaplin. A coleção é assim inspirada na expressão do filme “The Circus” através do seu grafismo, paleta de cores e formas. São utilizados materiais como sarja e popeline técnica. As peças pretendem ser simples, com pormenores como estampados e bordados com missangas e lantejoulas.

Joana Bonhorst criou Beloved, uma coleção que “surge da autoanálise que reflete o terminar de um ciclo, da procura da ligação do ambiente pessoal e profissional”. São propostas ready-to-wear que refletem uma silhueta feminina, com raízes claras dos anos 50”. O seu trabalho procura explorar a construção da roupa na sua forma mais clássica através de materiais crus como o denim e estampados manuais numa paleta de cores sólidas.

“Blackout” é o nome da coleção de João Barriga. “Numa era em que as linhas de género gradualmente se desvanecem, Blackout define-se naturalmente enquanto peoplewear, apesar das origens em streetwear masculino. As silhuetas oversized escondem quem somos e o que sentimos e a cor preta é utilizada como um escudo contra o mundo”, explica o designer.

Mariana Laurência apresentará “Laurenza”, uma coleção com fortes influências clássicas que procura o equilíbrio e o dinamismo inter-relacional. “O trio Natureza-Animal-Humano está presente quer através da forma como estão construídas as peças, quer pelo grafismo e texturas presentes”, explica a autora, revelando também que as suas propostas procuram “aconchego e conforto em cores suaves e tons pastel”.

“Half Real”, de Sara Cruz, é uma coleção que parte da análise cronológica do ser enquanto processo criativo, encontrando conceitos como passado, presente e futuro. Origem, Estrutura e Evolução são as premissas para a criação. “A dualidade da matéria, a diversidade de perspetivas, consistências e opacidades e a possibilidade de existência de um universo paralelo transcreve-se pelos detalhes. Clássico, Experimental, Criatividade e Técnica formam o conjunto de influências desta coleção”, explica a designer.

Susana Grou inspirou-se nos gangs e nos bairros de Brooklyn, em Nova Iorque, para criar uma linha streetwear. A personalidade própria destes bairros, caraterizada pela grade diversidade cultural, esteve na origem do conceito destas propostas. As redes metálicas das ruas foram outra fonte de inspiração. Contudo, as cores são contraditórias ao conceito inicial; algo que, para a criadora, tem como objetivo quebrar o óbvio tema da violência.

Teresa Lucas apresenta-se sob o nome de M FCKNG Lucas e criou a coleção “Fucking Mess”, que pretende ser “um grito, uma afirmação barulhenta, inquietante, com dúvidas e sem certezas e, no entanto, algo genuíno e sem preocupações, sem se querer conformar”. As suas propostas têm como base um estudo sobre a identidade, sobre o processo constante de construção do “eu” e como todas essas facetas, embora contraditórias, convivem e formam uma unidade”.

A formação

O curso de Design de Moda do Modatex tem a duração de três anos, contando com mais de 4000 horas de formação, aliando a componente teórica a uma vertente prática, destinada a preparar os formandos para a integração profissional numa indústria competitiva e em crescimento. A formação em Design de Moda do Modatex tem obtido grande reconhecimento em Portugal e no estrangeiro, não só através da participação em eventos como o Portugal Fashion e a ModaLisboa, mas também com vários prémios obtidos em concursos nacionais e internacionais.

De referir que o MODATEX – Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios surgiu com base num protocolo celebrado entre o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP,I.P.), a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), a Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção (ANIVEC/APIV) e a Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL). Sedeado no Porto e com delegações em Lisboa e Covilhã, polos em Barcelos, Vila das Aves e extensões em Lousada, Marco de Canaveses e Pinhel, tem como objetivo contribuir para a melhor coordenação estratégica e operacional da formação no setor, responder de forma eficaz às necessidades de qualificação, aperfeiçoamento e reconversão das pessoas e das organizações e apoiar tecnicamente a Indústria Têxtil e de Vestuário.

 

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