HIV: Cientista portuguesa descobre mecanismo das células resistentes

A portuguesa Carla Ribeiro, atual investigadora no Academic Medical Center (Amesterdão, Holanda), acaba de publicar na revista Nature um artigo que explica o mecanismo que torna determinadas células humanas naturalmente resistentes ao vírus HIV.
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Chamam-se "Langerhans cells”, são umas das primeiras células que interagem com o HIV após contacto sexual e residem em diferentes tecidos humanos, tais como a vagina, o prepúcio ou o intestino.

Em 2007, o mesmo grupo já tinha publicado na revista Nature Medicine um artigo indicando as “Langerhans cells” como sendo resistentes ao HIV.  Nove anos depois, a antiga estudante de Bioquímica da Faculdade de Ciências/ICBAS da Universidade do Porto e os colegas, descrevem o mecanismo que torna estas células resistentes a serem infetadas pelo HIV. 

"Nestas células o HIV-1 é destruído por um processo chamado autofagia, que ocorre dentro das células e é capaz de digerir micróbios como uma trituradora. A autofagia é ativada nas “Langerhans cells” através da ação de um fator restritivo que é funcional apenas neste tipo de células. O mesmo fator restritivo não funciona noutras células, sendo estas por consequência infetadas com HIV”, explica Carla Ribeiro, que está integrada no departamento de Experimental Immunology, liderado pelo professor Theo Geijtenbeek, do Academic Medical Center.

Em 2016, o prémio Nobel de Medicina foi atribuído a Yoshinori Oshimi, que descobriu precisamente este processo de autofagia.

O artigo 'Receptor usage dictates HIV-1 restriction by human TRIM5α in dendritic cell subsets' foi publicado no passado dia 7 de dezembro na Revista Nature e pode ser acedido através do link: http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature20567.html

De acordo com os investigadores, esta descoberta abre portas para desenvolver novos métodos preventivos contra o HIV, mas também destruir o vírus após infeção. No entanto, é preciso haver mais investigação nesta área para que novas terapias possam ser desenvolvidas.

Este artigo é o resultado do estudo que a investigadora portuguesa desenvolveu por quatro anos durante o seu pós-doutoramento no AMC, em Amesterdão, Holanda, num projeto financiado pela Netherlands Organization for Scientific Research (NWO). 

Carla Ribeiro estudou Bioquímica na Faculdade de Ciências/ICBAS da Universidade do Porto, onde se licenciou em 2004. Foi aluna de Erasmus em 2004 na Wageningen University (Holanda). Em 2005 recebeu uma bolsa de doutoramento da FCT e acabou o doutoramento em 2010 na Wageningen University. Desde 2011 que é postdoc do grupo de Theo Geijtenbeek (Academical Medical Center, Amesterdão, Holanda).

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