Famalicão conclui projeto de Siza Vieira e honra memória de Camilo

O Centro de Estudos Camilianos de S. Miguel de Seide projetado pelo arquiteto Siza Vieira ganhará, em breve, uma nova entrada mais ampla, mais digna e mais bela, percorrida entre jardins mesmo diante da Casa do Nuno, a residência do filho de Camilo Castelo Branco, onde o escritor chegou a habitar numa fase final da sua vida. A criação da nova entrada representa a conclusão do projeto de Siza Vieira que, para além da construção do Centro de Estudos, envolveu um plano global de valorização do espaço camiliano, com o arranjo urbanístico do Largo de Camilo, construção do Centro Social e Paroquial, requalificação da igreja paroquial e adaptação da Casa do Nuno a sede da Junta de Freguesia.
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A novidade foi avançada aos jornalistas pelo presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, este fim-de-semana, durante a abertura dos Encontros Camilianos, que reuniram em Seide académicos e investigadores universitários para debater a vida e obra do romancista.

"Este é o culminar de um processo que se arrasta desde 2000. São cerca de 15 anos de um conflito que nós não desejávamos e que logo que foi possível encontramos uma solução”, salientou o autarca.

Resolvido o conflito com a Associação Desportiva e Recreativa de Seide S. Miguel (ADERE) que era proprietária do terreno contíguo ao Centro de Estudos Camilianos, onde será construída a nova entrada, a autarquia tem agora as condições necessárias para concluir o projeto de Siza Vieira, criando em S. Miguel de Seide um ambiente verdadeiramente camiliano, numa homenagem ao romancista que ali viveu e escreveu grande parte da sua obra.

Paulo Cunha elogiou ainda "a disponibilidade da ADERE para deixar de lado as questões que são periféricas e colocar no centro questões que são essenciais. A solução que encontramos permite disponibilizar o espaço que é contíguo a este Centro de Estudos Camilianos e permite fechar este ciclo”.

Segundo Paulo Cunha, neste momento, "a entrada para o Centro de Estudos Camilianos é provisória porque aquela que queremos que seja a entrada principal não era possível por força do espaço que estava ocupado pela Adere. Com a libertação daquele espaço podemos retomar o projeto original e criar condições de dignidade que este espaço merece”, sublinhou.

Para além da conclusão do projeto de Siza Vieira, o presidente da Câmara Municipal anunciou ainda a intervenção na Casa do Caseiro e a criação de Quinta Pedagógica, nos terrenos envolventes à Casa Museu. "Estamos a preparar uma candidatura a fundos comunitários que conta com o apoio da Direção Regional de Cultura do Norte, para recriar o espaço camiliano”. O projeto que envolve um investimento a rondar os 250 mil euros, será "mais uma ferramenta ao serviço da educação e da comunidade”, acrescentou o edil.

Paulo Cunha lembrou ainda que todo este trabalho da autarquia em torno de Camilo Castelo Branco tem como objetivo "fortalecer e robustecer a memória camiliana, tornando-a numa influência boa no desenvolvimento de competências e qualificações”.

Também o diretor da Casa de Camilo, José Manuel Oliveira, sublinhou a importância do trabalho desenvolvido em prol da memória camiliana.

Os segundos Encontros Camilianos de São Miguel de Seide ficaram ainda marcados pelo regresso das ossadas de Ana Plácido e do filho Nuno Castelo Branco para o cemitério de Seide. Paralelamente foi inaugurada a exposição "Pelas gravuras de Camilo”, onde se dá a conhecer um conjunto de matrizes utilizadas para a reprodução nas edições camilianas de fotografias, de manuscritos, de escultura, de desenhos e iconografia diversa.

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