Biovivos: os superalimentos que nascem nos telhados

Já pensou que em lugar de ir ao supermercado comprar os vegetais para consumo, pode subir ao telhado e colher o que precisa para uma boa salada ou um sumo ? É o que já acontece em Lisboa e brevemente vai acontecer no Porto. No Parque Eduardo VII, Lisboa, foi criada no telhado de um prédio uma estufa onde são produzidos, de forma sustentável, erva de trigo, rebentos de ervilha e girassol. O mentor do projeto, batizado de Biovivos, é João Afonso Henriques, um jovem formado em Design Industrial mas que encontrou nos telhados o local ideal para o seu negócio. Um negócio que criou a primeira estufa de telhado bio-certificada na Europa e que está a crescer de forma sustentada e que até já tem interessados em ajudar na internacionalização.
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Inovador. Consciente. Sustentável. São estes os três termos que melhor classificam o projeto de João Afonso Henriques, um jovem designer que encontrou no telhado de um prédio do Parque Eduardo VII, Lisboa, o local ideal para montar o seu negócio onde são produzidos vegetais que chegam às mãos dos consumidores ainda com vida. O negócio, batizado de Biovivos, tem a primeira estufa de telhado bio-certificada da Europa situada no parque Eduardo VII, Lisboa. A Biovivos foi criada há pouco mais de um ano e já conseguiu montar uma segunda estufa, em Carnaxide, e criar dois postos de trabalho. O de João Afonso Henriques e de outro colega. Entretanto, deverá nascer uma terceira estufa no Porto e já há, segundo o mentor do projeto, interessados em levar o conceito para o estrangeiro. 

João Afonso Henriques, licenciou-se em Design Industrial pela Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha. Aliou o gosto que tem pela agricultura ao curso, nomeadamente, à produção caseira de alimentos desenvolvendo sistemas de cultivo simplificados para ter em casa, nas varandas e nos telhados. Criações estas no âmbito de projetos de Design/Agricultura quando ainda frequentava o quarto e quinto ano do curso de Design Industrial.

Movido pelo interesse criou em 2008 a Urbangrow com vista a poder explorar melhor o gosto pela agricultura e ver até que ponto os sistemas de cultivo que criava eram viáveis para o comum dos seres humanos ter em casa. Com este projeto, João Afonso Henriques, criava sistemas de cultivo em que as sementes não eram colocadas na terra mas sim em água. Eram sistemas que poderiam ser colocados nas varandas dos apartamentos ou até mesmo nos jardins dos restaurantes. De lá podiam ser colhidos diversos alimentos, dando sempre especial atenção aos vegetais. "Mas a Urbangrow nunca deu lucro e apenas existe por orgulho" - explica ao VerPortugal João Afonso Henriques que em Abril de 2014 criou a Biovivos. "Uma tentativa de sobreviver. E o resultado, ao fim de pouco mais de um ano é bastante animador. Para além de ter criado a primeira estufa de telhado bio-certificada da Europa e do projeto estar entre os melhores no Green Project Awards, já consegui criar postos de trabalho e uma segunda estufa. E, a ter em conta o sucesso da Biovivos espero, em breve, criar uma terceira estufa no Porto e uma quarta em Portimão para que os supervegetais comecem a crescer um pouco por todo o País" - acrescenta.

Ao VerPortugal, João Afonso Henriques, levantou o véu sobre o interesse que amigos residentes em Londres e no Rio de Janeiro têm mostrado em levar o conceito para esses países. "Mas prefiro primeiro sustentar muito bem o projeto em Portugal. A internacionalização logo se vê" - revela.

Mas, afinal, o que são os Biovivos produzidos pela Biovivos? São, nada mais nada menos do que superalimentos comercializados vivos, biológicos e sustentáveis. João Afonso Henriques classifica os produtos de superalimentos porque são vegetais com uma extraordinária densidade de nutrientes ao serem consumidos entre a segunda e a quarta semana de crescimento. Por serem vendidos vivos, consegue elevar-se a frescura de um vegetal ao seu apogeu. O mentor do projeto classifica os alimentos de biológicos e sustentáveis por serem produzidos, inicialmente, na primeira estufa de telhado bio-certificada da Europa, num sistema de cultivo eficiente com painéis solares e sempre que possível produzido localmente com entregas em bicicleta. "Infelizmente, as entregas em bicicleta não tem sido feitas dado o volume de encomendas a levar aos clientes a cada dia" - frisa o designer agricultor aproveitando a ocasião para relembrar que "quando os vegetais são embalados perdem 30 por cento das suas propriedades".

Na Biovivos são produzidos, por enquanto, três espécies de vegetais: a erva de trigo (ótima para a confeção dos chamados sumos detox; os rebentos de ervilha que sabem muito bem nas saladas ou em sandes e o girassol também usado em saladas e sandes.

Quando questionado sobre o investimento feito para o projeto, João Afonso Henriques solta uma gargalhada e diz que "por incrível que pareça comecei o negócio com dívidas. Para criar a Biovivos vendi, a um investidor, 25 por cento da empresa, ou seja, da estufa. Mas, ao fim de um ano posso dizer, com muito orgulho, que estou em condições de oferecer o dobro do que me foi emprestado para reaver a restante quota da empresa. Devo-lhe muito ao investidor porque se não fosse a sua ajuda não sei se teria conseguido expandir o negócio" - refere.

Relativamente a vendas, o designer agricultor explica que "elas já dão para pagar dois ordenados. O meu e o do meu colega/funcionário que toma conta da estufa de Carnaxide". De referir que "à medida que forem sendo abertas estufas, certamente vão sendo criados mais postos de trabalho" - conclui o empreendedor que para além de vender os produtos online também os tem à venda em diversas lojas de produtos biológicos de Lisboa e brevemente estarão também à venda em estabelecimentos comerciais do Porto.

 

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