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Desistart: desafio de cliente dá origem a fábrica de tapetes

Foi em Espinho, há 28 anos, que nasceu a Desistart. Uma empresa de tapetes que surgiu na sequência do desafio lançado por um cliente. Um cliente que prometeu fazer as encomendas necessárias para que a empresa se tornasse viável. Volvidas quase três décadas, a Desistart só produz por encomenda. Encomendas essas que têm vindo a aumentar levando a que os tapetes já sigam para Espanha, França, Itália, Inglaterra, Estados Unidos da América, Emirados Árabes Unidos, Canadá, Áustria, Holanda, Grécia, Malta, Alemanha, entre outros.

Como surgiu a Desistart? Há quantos anos? Houve um desafio lançado por escandinavos aos fundadores?

É uma história que começa em Espinho, em 1989. Rosa Ferreira, sócia e co-fundadora da Desistart, era responsável comercial de uma fábrica de tapeçarias com problemas de sucessão. Um cliente sueco, preocupado com o futuro do seu fornecedor, desafiou-a a criar uma empresa, comprometendo-se a garantir as encomendas necessárias à sua viabilidade.

Quem sonha e desenha os modelos? Sob que temas e porquê?

A Desistart só produz por encomenda. Os nossos clientes, maioritariamente decoradores e designers de interiores, desenham os tapetes que pretendem. À empresa cabe a materialização dos seus desejos. Os temas são diversos e partem da imaginação e sonho de cada criador. Os nossos tapetes são quase sempre únicos, ‘customizados’ ao gosto do cliente. Na prática, tudo funciona como se a empresa fosse um “alfaiate à medida”.

Os produtos/tapetes destinam-se a todos o tipo de clientes? Ou têm diferentes gamas para diferentes classes sociais?

Os nossos clientes são, habitualmente, decoradores de interiores, designers e arquitetos. São eles que vendem ao cliente final. A nossa oferta abarca diferentes gamas, segmentada tendo em conta a qualidade do fio e de outras matérias-primas utilizadas. E, nesta vertente, podemos estar a falar desde a lã nacional até 100 por cento seda.

 

Onde podem ser adquiridos os tapetes?

A Desistart não vende ao público. O nosso negócio é B2B e os nossos tapetes têm que ser adquiridos aos nossos clientes, com pontos de venda espalhados pelo país.

A marca já passou fronteiras? Para onde voam os tapetes?

Atualmente, podemos encontrar tapeçarias fabricadas na Desistart em mais de uma dúzia de países. É o caso de Espanha, França, Itália, Inglaterra, Estados Unidos da América, Emirados Árabes Unidos, Canadá, Áustria, Holanda, Grécia, Malta e Alemanha, entre outros.

O que distingue os tapetes Desistart dos demais?

A qualidade do fabrico e a nobreza dos materiais. Os nossos tapetes são únicos e ‘customizados’ à medida do gosto e necessidades do cliente. Na prática, tudo funciona como se a empresa fosse uma “alfaiataria premium” que só trabalha “por medida”.

É para o estrangeiro que voa a esmagadora maioria da produção?

A Desistart é uma empresa marcadamente exportadora. Mais de 75 por cento da produção destina-se aos mercados externos.

 

Qual o feedback de quem tem Desistart em casa?

A empresa não tem dados suficientes para se pronunciar sobre esta questão em concreto. A Desistart trabalha só com decoradores, arquitetos e designers de interiores. E são estes que se relacionam diretamente com os clientes finais. Mas como a procura nunca parou de aumentar, nestes 20 anos de existência, e são cada vez mais os criadores, nacionais e estrangeiros, que confiam na Desistart, tudo aponta para que os clientes finais do mercado residencial estejam satisfeitos com o produto Desistart.

Qual a percentagem de produção que vai para Angola?

A percentagem de vendas diretas para Angola ainda é relativamente reduzida. Ambicionamos mais! No entanto, temos recebido encomendas de parceiros e clientes nacionais que, sabemos, têm como destino final o mercado angolano.

Como é que um Engenheiro Eletrotécnico se dedica às tapeçarias? Há alguma ligação possível?

A Desistart é uma empresa de génese familiar e o engenheiro Henrique Ferreira foi um dos seus cofundadores. Hoje, com o crescimento e modernização da empresa, está mais envolvido na gestão, que é cada vez mais profissional.

Que materiais são usados no fabrico? São de origem nacional?

Os materiais usados são variados e vão desde a lã nacional, lã 100 por cento Nova Zelândia, linhos, viscoses, merino, algodão, mohair e 100 por cento seda.

 

Quantos postos de trabalho assegura a Desistart?

A Desistart tem, atualmente, 33 colaboradores. Até ao fim do ano, e em função dos crescimento que temos tido, pensamos contratar mais quatro ou cinco funcionários.

A produção é totalmente industrializada ou também é manual?

A Desistart utiliza, essencialmente, duas técnicas de produção: totalmente artesanal, com recurso a teares semiautomáticos, para fabricar tapetes de nós manuais, ainda que de diferentes tipos; e a técnica de “tufting”, que, apesar de cariz mais industrial, requer bastante produção manual, uma vez que é fundamental o papel de quem trabalha com a “pistola de tufar”, com a qual se injeta fio numa tela.

Independentemente da técnica utilizada, os tapetes que saem da Desistart passam pela mão de, pelo menos, 10 artesãos.

Há inspirações em grandes nomes da música e até na cidade do Porto. Que mais já foi criado? Quais os preferidos dos clientes?

São vários os universos de interesse, as fontes de inspiração e as motivações dos criadores com que temos colaborado. As coleções que criámos internamente têm como finalidade comunicar com o mercado e dar a conhecer a empresa, as suas competências e as diversas possibilidades que podemos explorar em termos de fios, desenhos, texturas, cores, medidas e relevos.

Para além da parceria com Katty Xiomara, há outras? Como está a correr esta?

A parceria com a Katty Xiomara foi a primeira que concretizamos. E com grande sucesso. Para nós, foi um grande desafio colaborar com uma das mais prestigiadas estilistas portuguesas e traduzir em peças de tapeçaria diversos elementos integrantes de uma coleção de vestuário de moda. Em especial, foi um desafio muito estimulante executar um tapete de grandes dimensões com diversos relevos, texturas e imagens de animais. O resultado final foi muito interessante. O feedback que recebemos e o impacto mediático que teve foi, para nós, motivo de regozijo e traduz o reconhecimento pelo nosso trabalho, o que nos incentiva a fazer sempre melhor.

Onde foram apresentados os trabalhos resultantes da parceria?

As peças resultantes desta parceira foram apresentadas em Nova Iorque, em fevereiro passado, num evento realizado nos Pier 59 Studios, em paralelo à Semana de Moda nova-iorquina, e, no mês seguinte, no Porto, durante um desfile da estilista que integrou o programa oficial do último Portugal Fashion.

Em que feiras costuma participar para promover os produtos Desistart?

A Desistart, ao longo dos anos, tem participado em várias feiras internacionais. As mais relevantes são a francesa Maison & Objet (Paris), a alemã de Heimetextil (Francoforte) e a italiana I Saloni (Milão). E setembro próximo, estaremos em Londres, na Decorex, o certame de decoração de maior projeção do Reino Unido.

Como tem sido o crescimento da empresa? Qual o volume de faturação?

Com a conclusão dos investimentos feitos ao longo do último ano e meio e a mudança para as novas instalações, em Cortegaça, no final de 2016, a capacidade produtiva da Desistart aumentou significativamente. Este acréscimo irá proporcionar, já em 2017, um incremento da faturação na ordem dos 40 por cento. Isto é, deveremos ultrapassar os 1,4 milhões de euros de volume de negócios. Em 2020, porém, as nossas projeções apontam para que seja superada a fasquia dos dois milhões de euros pela primeira vez.

O destaque no estrangeiro deu-se devido aos tapetes manuais. Porquê?

Cada vez mais, o tradicional misturado com o contemporâneo, o manual versus mecânico, têm vindo a ganhar mais adeptos. A capacidade de a Desistart se adaptar e ir ao encontro das necessidades dos seus clientes, apresentando soluções únicas, de qualidade e com rapidez de resposta, tem permitido ganhar novos clientes e aumentar a notoriedade da marca.

França é o primeiro país no estrangeiro a receber um showroom dos produtos Desistart. Vão ficar só por este ou haverá outros países?

Paris será a primeira cidade a receber um showroom dos nossos produtos, no último trimestre. Estamos a trabalhar empenhadamente na área da promoção externa e nos próximos anos prevemos abrir mais um a dois espaços idênticos.

Projetos para concretizar até ao final do ano. Quais?

Até ao fim do ano, a Desistart tem como grandes objetivos a presença na Decorex, em Londres, entre 17 e 20 de setembro, e a abertura do showroom em Paris, onde já temos um delegado comercial próprio.

Prémios recebidos pela Desistart? 

Os melhores prémios que temos recebido, ao longo dos anos, é a confiança dos nossos clientes e parceiros, que continuam a acreditar e a apostar na Desistart.

Locais de renome onde se podem encontrar tapetes Desistart?

Entre outros, e por serem fornecimentos recentes da Desistart, podemos referir, em Portugal, os hotéis Tivoli Avenida Liberdade Lisboa, na capital do país, e Aurea Fátima Hotel Congress & Spa, a unidade hoteleira mais moderna de Fátima. No estrangeiro, há a destacar os escritórios da RTL - Radio Television Luxembourg  e as lojas da cadeia de pronto-a-vestir Massimo Dutti.