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Miguel Pina Martins: “O objetivo foi criar uma empresa inovadora que aliasse diversão e aprendizagem num só brinquedo”

Foi com um investimento próprio de 1.125 euros que Miguel Pina Martins criou a Science4you. Já passaram cerca de 10 anos desde que a empresa foi criada no âmbito de um projeto académico de final de curso. Hoje, os brinquedos educativos e científicos ultrapassaram fronteiras e são vendidos em mais de 20 mil locais na Europa. No especial Science4You, o CEO explica como surgiu, como evoluiu e quais os projetos para a marca.

Como surgiu a ideia de criar a Science4You? Houve apoios financeiros para a criação?
A Science4you nasce do meu projeto académico de final de curso (Licenciatura em Finanças, pelo ISCTE). A empresa foi financiada por capital de risco e business angels, e criada no âmbito do Programa FINICIA, com um capital social de 55 mil euros, em que 45 mil constituíram micro capital de risco financiado pela Inovcapital.

Com que objetivo?

O objetivo foi criar uma empresa inovadora que aliasse diversão e aprendizagem num só brinquedo, neste caso os kits educativos que permitem a realização de várias experiências.

Em que consistia o primeiro brinquedo? Quem o fez? Com que objetivo? Onde está ele?

Os primeiros brinquedos foram criados por mim, bem como o logotipo, caixas e toda a imagem inicial da Science4you. Um dos primeiros kits criados foi o Física em Gruas. Alguns dos brinquedos iniciais acabaram por ser descontinuados e outros foram integrados em novos kits de ciência.

Quando a empresa surgiu, Miguel era uma espécie de faz tudo. E, hoje, quantos ordenados paga a Science? Vai começar a pagar mais brevemente?

Sim, é verdade que quando a empresa surgiu tive de fazer um pouco de tudo, faz parte das “dores” de criar uma startup de raiz. Mas foi um processo de muita aprendizagem, muito importante para o caminho de sucesso e crescimento que a Science4you tem percorrido.

“A nossa equipa de I&D conta com profissionais com backgrounds de áreas distintas como Psicologia, Química, Engenharia”

Os brinquedos feitos são científicos. Pelo que vi no site há para todas as idades e gostos. Que estudos são feitos para perceber os que são adequados a cada idade?

Na Science4you contamos com uma vasta linha de brinquedos educativos e científicos, para várias idades. A nossa equipa de I&D conta com profissionais com backgrounds de áreas distintas como Psicologia, Química, Engenharia, entre outros, o que nos faculta um amplo conhecimento para podermos adaptar os brinquedos às idades mais indicadas.

Quem sonha o brinquedo? Onde é produzido?

Os brinquedos são desenvolvidos pela nossa equipa de I&D e produzidos na nossa fábrica, no MARL.

Quando e onde começou a venda dos brinquedos? E, agora, onde são vendidos?

Os nossos primeiros clientes foram retalhistas de referência em Portugal, sendo que agora os brinquedos da Science4you estão já distribuídos em mais de 20 mil pontos de venda na Europa, em grandes marcas de retalho, e em outros locais no mundo (são cerca de 35 países). Adicionalmente, os brinquedos são também comercializados nas nossas lojas próprias em Portugal e Espanha, e através da nossa loja online.

Porque celebram parceria com alguns museus? E com algumas superfícies comerciais?

A parceria com os museus traduz-se em valor acrescentado ao brinquedo desenvolvido pela Science4you. Todos os brinquedos são acompanhados por vales de entradas em museus (válido para museus em Portugal e em Espanha), que oferecem um bilhete na compra de outro. No fundo, estamos a promover a educação dos mais novos através da aquisição de cultura e conhecimento.

Os brinquedos já passam fronteiras. Houve apoios para a internacionalização ou foi algo que aconteceu de forma natural, inevitável?

A internacionalização da Science4you surgiu de forma muito espontânea. O primeiro país foi Espanha, através de um retalhista que comercializava os nossos brinquedos aqui em Portugal. Acredito que a proximidade geográfica tenha ajudado a dar este impulso, mas a seguir a Espanha outros países vieram e atualmente a Science4you comercializa para 35 países em todo o mundo.

A empresa continua a reger-se pelos mesmos valores e pela mesma missão com que foi criada?

Sim, a nossa missão é melhorar continuamente os níveis de educação na sociedade através do desenvolvimento de brinquedos e jogos que permitam às crianças aprender enquanto brincam. Continuamos a reger-nos pelos mesmos valores de quando a Science4you foi criada, em 2008, e que são a excelência, empenho e eficiência.

O que tem como objetivo para a Science4You para 2017?

O nosso objetivo de faturação é alcançar 23 milhões de euros em vendas, com mais de 50 por cento proveniente do mercado estrangeiro. Queremos continuar a expandir-nos para novos mercados, com foco na Europa e Estados Unidos.

O que é preciso ter para poder integrar a equipa desta empresa?

Excelência, empenho e eficiência, os valores pelos quais nos regemos na empresa. Science4you tem tido um percurso de sucesso e grande crescimento e isso só é possível graças ao empenho e profissionalismo de todas as pessoas que fazem parte da nossa equipa e diariamente trabalham para fazer da Science4you um projeto de sucesso.

“Atualmente a Science4You conta com mais de 30 espaços próprios em Portugal e Espanha, além da loja online.”

Quer deixar uma mensagem a quem pretende tornar-se empreendedor?

Que não desistam às primeiras contrariedades e que acreditem muito no projeto que estão a desenvolver.

Que novos mercados estão a ser trabalhados?

Estamos a reforçar a presença nos mercados onde nos encontramos atualmente, com grande foco para o mercado Europeu e Estados Unidos.

Para além dos brinquedos, a Science4You organiza atividades de caráter educacional como festas de aniversário, campos de férias científicos, workshops de ciência em escolas e ATL's e formação de jovens e docentes. Estes serviços são muito solicitados? Como costumam realizá-los?

Sim, a área de atividades tem uma grande adesão por parte das pessoas, tanto que temos expandido os espaços e os locais onde se realizam, de forma a conseguirmos dar resposta à forte procura. Penso que a forte adesão se deve sobretudo à componente inovadora deste tipo de iniciativas, onde as crianças são desafiadas a meter as mãos na massa e perceber que a ciência está em praticamente todas as coisas que nos rodeiam.

Porquê estas atividades?

Porque são um complemento relevante aos brinquedos que criamos e porque não existia nada semelhante no mercado.

Quem é que esteve sempre a seu lado desde o início do projeto?

Contei com o apoio de várias pessoas, sobretudo dos docentes da FCUL e do ISCTE que acreditaram no projeto desde o primeiro dia. O apoio dos nossos investidores e colaboradores tem também sido fundamental para o sucesso do projeto.

A nível de faturação, o que pode ser dito? Vende-se mais cá ou no estrangeiro?

Neste momento a maioria da faturação ainda é proveniente do mercado interno, mas as nossas previsões apontam para que em 2017 mais de 50 por cento da nossa faturação seja do exterior.

Quantos espaços tem atualmente a Science4You?

Atualmente a Science4you conta com mais de 30 espaços próprios em Portugal e em Espanha, além da loja online.

Participou na Web Summit a convite do Governo. O que trouxe de lá? O que levou para lá? Este ano vai marcar presença?

A participação no Web Summit foi muito importante sobretudo a nível de novos contactos que estabelecemos. Conseguimos marcar muitas reuniões que se traduziram em negócio e exposição junto de contactos internacionais.

Disse há tempos numa entrevista que "é possível abrir empresas sem dinheiro". É mesmo assim?

Sim, no meu caso a Science4you começou com um investimento meu de apenas 1.125 euros e o restante com recurso a capital de risco. Isto é, se a ideia de negócio for muito boa é possível conseguir-se financiamento para se dar seguimento ao projeto.