Bióloga Milene Matos ganha prémio Terre de Femmes da Fundação Yves Rocher

Milene Matos, bióloga da Universidade de Aveiro (UA) é a vencedora nacional do prémio Terre de Femmes. Instituído pela Fundação Yves Rocher, o galardão atribuído pretende homenagear o trabalho das mulheres que, por todo o mundo, contribuem para salvaguardar o mundo vegetal e para melhorar o meio ambiente, agindo simultaneamente para o bem-estar da sociedade. Responsável pelo projecto “Biodiversidade para Todos”, Milene Matos tem usado o património natural, histórico e cultural da Mata Nacional do Buçaco para erguer um serviço educativo com funções pedagógicas, mas também sociais e de promoção e proteção da biodiversidade local.
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Com o prémio, a bióloga da UA carimba o passaporte para Paris onde estará, no próximo mês de Abril, entre as candidatas mundiais ao prémio final. Em 13 anos de existência o Terre de Femmes já homenageou o trabalho de “compromisso pela Terra” de mais de 350 mulheres de todo o mundo.

“É uma enorme honra difícil de explicar”, congratula-se Milene Matos. A enorme satisfação da bióloga não é para menos. “A Yves Rocher é uma entidade conceituada, tendo cultivado o respeito pelo ambiente e recursos naturais resistindo ao facilitismo que outro tipo de estratégias lhes poderia proporcionar”, aponta. Assim, “através deste prémio, [a Yves Rocher] tem tentado inspirar e motivar pessoas a seguir os seus projectos e sonhos, através do exemplo dado por mulheres empreendedoras e, de certo modo, corajosas”.

Ora, acrescenta Milene Matos, “estar entre o leque de mulheres eleitas como exemplo em Portugal, existindo tanta gente tão trabalhadora e com projectos de valor, é para mim uma honra indescritível e só me faz ter vontade de fazer mais e melhor”. 

“Ter tido o meu trabalho como exemplo-bandeira, é uma grande honra e privilégio, mas longe de mim achar que sou única ou especial por isso”, afirma. Mas, acrescenta, “se este galardão puder de facto servir para inspirar alguém, tal como as vencedoras anteriores me inspiraram a mim, a desenvolver projetos e causas que contribuam para a melhoria do ambiente ou da sociedade, ficarei profundamente tocada com isso e feliz”.

Um projeto pela conservação e conhecimento do Buçaco

Investigadora no Departamento de Biologia (DBio) da UA, Milene Matos tem trabalhado em diversas áreas protegidas portuguesas, com especial incidência na Mata do Buçaco onde a conservação da biodiversidade local tem sido o principal enfoque do seu trabalho. Com o projecto “Biodiversidade para Todos”, com que cativou o júri do Terre de Femmes, Milene Matos tem como objectivo “usar o património natural, histórico e cultural inigualável da Mata Nacional do Buçaco como veículo para a construção de um serviço educativo com funções pedagógicas, mas também sociais e de promoção e proteção da biodiversidade”.

O objectivo maior do “Biodiversidade para Todos” é mostrar a biodiversidade como um elemento unificador a todos os níveis. “É um valor de todos e para todos”, sublinha a bióloga. O projecto quer adoptar um modelo de formação-ação, em que os participantes aprendem e de imediato sentem o seu contributo para a proteção da natureza. “Ao sentirem-se parte de um projecto com resultados imediatamente observáveis, ficam sensibilizados para aspectos que antes não consideravam importantes”, diz.

Este entrosamento, sublinha Milene Matos, “tem revelado aspectos não totalmente previstos também a nível social, tendo-se demonstrado, por exemplo, que este modelo tem resultados tangíveis na reinserção social de reclusos, no combate ao isolamento de idosos, no comprometimento de crianças e jovens com a biodiversidade, e no envolvimento da sociedade civil e do tecido empresarial para as questões de ambiente”.

Recorde-se que, em Maio de 2014 Milene Matos ganhou um prémio europeu atribuído pela Federação Europarc em cooperação com a Fundação Alfred Toepfer, intitulado “Alfred Toepfer Natural Heritage Scholarships”. Uma distinção, atribuída por uma das mais importantes instituições europeias no que toca à gestão e conservação da natureza, e que pela primeira vez foi entregue a um conservacionista português.

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