Cancro da Próstata: UBI estuda se a cereja pode ajudar no tratamento

As propriedades antioxidantes e a possibilidade de contribuir para o tratamento do cancro da próstata são indícios da mais-valia do consumo de cerejas. A afirmação é feita por cientistas do Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior na sequência de um estudo em curso.
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A cereja do Fundão tem sido o centro das atenções de alguns dos investigadores da Universidade da Beira Interior (UBI). Nos últimos tempos, no Centro de Ciências de Investigação em Ciências da Saúde, estuda-se os benefícios que este fruto tem para a saúde. Até ao momento, os envolvidos no estudo conseguiram apurar que o fruto apresenta propriedades antioxidantes, ou seja, possui componentes capazes de prevenir doenças, mas também abre a possibilidade para a utilização de alguns destes componentes na prevenção e/ou no tratamento do cancro da próstata.

Foi há cerca de três anos que a docente e investigadora da Faculdade de Ciências da Saúde e do CICS, Ana Paula Duarte, impulsionou o estudo da cereja sendo que esta já deu origem a várias dissertações de mestrado em Biotecnologia, Ciências Biomédicas e Ciências Farmacêuticas. A primeira tese, em Ciências Farmacêuticas, foi apresentada em 2015 e versou sobre o estudo do componente da cereja responsável por promover padrões de sono saudáveis.

No site da Universidade da Beira Interior lê-se que "depois da avaliação das características de várias variedades, o foco passou a dirigir-se para a cereja 'Saco', que é a típica dos cerejais do Fundão, porque foi a que revelou o maior potencial na prevenção de doenças como o cancro, as cardiovasculares, as neurodegenerativas e processos inflamatórios". Ana Paula Duarte sublinha que os estudos "comprovaram claramente que a cereja, em termos gerais, tem características antioxidantes bem marcadas, mas foi interessante verificar que a cereja 'Saco' foi a que mostrou melhores propriedades”.

E foi por  esse motivo, que a cereja 'Saco' foi a escolhida para continuar a investigação em outras áreas biológicas, nomeadamente na parte da avaliação da atividade antitumoral, relativamente ao cancro da próstata. Neste momento, a trabalhar na investigação está outra investigadora do CICS-UBI, Sílvia Socorro. E já foram encontrados alguns resultados promissores em termos do estudo da atividade em linhas celulares de cancro. Apesar de serem ainda resultados preliminares e de ser necessário aprofundar mais a investigação, Ana Paula Duarte diz que já se descobriu-se que extratos de cereja 'Saco' diminuem a proliferação celular das células de cancro da próstata.

Propriedades antidiabéticas

No site da UBI pode ainda ler-se que o fruto é ainda usado para estudar eventuais propriedades antidiabéticas. Neste sentido, existe um projeto financiado pelo Programa Operacional Regional do Centro em consócio com a CerFundão, “Cereja do Fundão confitada com mel e carqueja como promotora da saúde”, da responsabilidade do investigador de pós-doutoramento Luís Silva.

"A cereja é um dos produtos da região com maior reconhecimento no mercado e o CICS-UBI consegue, com esta investigação, ter um papel impulsionador de uma das mais-valias da Cova da Beira, na vertente da saúde, para a qual está altamente especializado enquanto unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D). A importância deste trabalho foi reconhecida também pela Câmara Municipal do Fundão, que financiou uma parte da investigação realizada até agora", lê-se no site da UBI.

Ana Paula Duarte explica ainda que "o nosso Centro de Investigação tem também a missão de estabelecer pontes com a região onde se localiza. Tentar arranjar uma mais-valia para um produto da terra é extremamente importante”.

“Sabemos que a cereja está com um marketing muito bom, mas se nós conseguirmos mostrar uma vantagem a este nível será excelente e cumprirá também com o propósito principal do CICS-UBI de trabalhar para o diagnóstico e tratamento dos problemas de Saúde que afetam a sociedade contemporânea”, conclui a investigadora.

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