Cancro Gástrico: i3S leva diagnóstico gratuito a todo o mundo

Um ano. É por este o tempo que a associação americana de doentes com cancro gástrico hereditário «No Stomach for Cancer» decidiu reforçar o financiamento ao projeto português liderado pela investigadora Joana Figueiredo, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular / i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (Ipatimup/i3S). O financiamento surge, de acordo com informação divulgada pela Universidade do Porto, em consequência dos resultados obtidos.
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Na notícia publicada no site da Universidade de Aveiro lê-se que "a equipa portuguesa conseguiu não só desenvolver novas abordagens de diagnóstico, mas também dar respostas (gratuitas) a várias famílias de todo o mundo que as solicitem, permitindo-lhes perceber se as mutações que possuem podem ou não causar cancro gástrico".

Com o dinheiro que a associação norte-americana deu os cientistas conseguiram "estudar famílias vindas de todo o mundo com suspeita de carcinoma hereditário do estômago, mas com variantes da E-caderina que podem ou não ser patogénicas. Com os testes que efetuámos foi possível fazer um aconselhamento genético informado e tomar uma decisão terapêutica adequada", disse uma das cientistas ao site da Universidade do Porto Joana Figueiredo.

No texto ainda se lê que "este reforço de financiamento representa também o reconhecimento do trabalho multidisciplinar efetuado pela equipa do Ipatimup/i3S e do ISR-IST para o desenvolvimento de novas ferramentas de analise baseadas em analise quantitativa de imagem de células representativas dos indivíduos a estudar". A líder do grupo de investigação intitulada de "Epithelial Interactions in Cancer", Raquel Seruca, destacou  igualmente o "inegável reconhecimento internacional” de uma jovem investigadora enquanto investigadora principal do projeto.

Joana Figueiredo explica que o objetivo continua a ser o de "manter o serviço internacional para todos e a custo zero para as famílias e melhorar a capacidade de resposta em casos equívocos através de novas ferramentas de diagnóstico" e ao mesmo tempo "solidifica o papel da investigação clínica, melhora o rastreio de cancro e introduz na investigação em saúde o papel da engenharia biomédica e investigação básica".

João Sanches, outro dos cientistas envolvidos, lembra que a "No Stomach for Cancer" já tinha apostado nesta equipa e este reforço de financiamento é "a confirmação dessa aposta". No entanto para o cientistas é importante o facto de não se tratar de um financiamento através de fundos públicos, mas sim de uma associação de doentes. "Isto é muito reconfortante para nós porque significa que chegamos ao consumidor final, às famílias, que é sempre o nosso objetivo", refere.

Raquel Seruca explica ainda que a associação "tem contribuído imenso para a informação e apoio a doentes e famílias, e faz uma verdadeira ponte entre a investigação de ponta e a clínica". A investigadora do i3S explica ainda que "é possível encontrar informações relevantes, atuais e rigorosas sobre o que se sabe sobre cancro de estômago desde os estudos epidemiológicos até novas formas de diagnóstico e terapêutica. E isto só é possível pelo empenho intenso de familiares de doentes e uma organização impecável".

De referir que o cancro gástrico  é a quarta causa mais comum de cancro no mundo e o cancro hereditário (HDGC) é uma forma genética de cancro do estômago. Apesar de não ser muito frequente, é clinicamente obrigatório identificar possíveis portadores genéticos da doença, pois trata-se de um cancro silencioso com elevada taxa de mortalidade se não houver intervenção atempada.

Na notícia lê-se que "devido às características deste cancro e à falta de métodos de imagem de triagem sensível, a deteção e vigilância de pessoas em risco baseia-se exclusivamente na genética. No entanto, em cerca de 20 por cento dos casos os testes genéticos não dão uma resposta conclusiva e os clínicos não podem aconselhar as famílias adequadamente. Foi neste ponto, no sentido de colmatar essa limitação, que esta equipa portuguesa trabalhou tendo conseguido oferecer, mediante pedido médico, novos testes funcionais para as famílias de todo o mundo portadoras de mutações germinativas da E-caderina. Os testes em causa, oferecidos gratuitamente a qualquer instituição mundial que os solicitem, permitem avaliar o valor das mutações germinativas numa pessoa e, assim, perceber se vão ou não causar cancro".

Para além de Joana Figueiredo fazem parte da investigação as investigadoras do i3S Raquel Seruca, Joana Paredes, e Soraia Melo, do grupo de investigação "Epithelial Interactions in Cancer", assim como João M. Sanches, investigador do Instituto de Sistemas e Robótica e do Departamento de Bioengenharia do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa.

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