Retinopatia diabética: investigadora da UC recebe financiamento da Bayer para estudar doença

Raquel Santiago, investigadora do Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida (IBILI) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), foi a única investigadora portuguesa a ser contemplada com uma bolsa do “Global Ophthalmology Awards Program” (GOAP) da Bayer HealthCare, no valor de 50 mil dólares, para estudar novas estratégias de combate à retinopatia diabética, a complicação mais frequente da diabetes e uma das principais causas de cegueira a nível mundial.
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O estudo, intitulado “Gerir a inflamação na retinopatia diabética por bloqueio do recetor A2A de adenosina”, foca-se em verificar se ao bloquear o recetor A2A de adenosina – recetor que deteta a presença de adenosina - é possível travar a progressão da doença, refere um comunicado remetido ao VerPortugal.

Isto porque estudos anteriores desenvolvidos pela equipa da investigadora no laboratório “Retinal Dysfunction and Neuroinflammation” da FMUC, liderado pelo Doutor Francisco Ambrósio, demonstraram que o bloqueio deste recetor previne a ativação das células da microglia (células do sistema imunitário) e a morte de células da retina.

“Em situações normais, as células da microglia estão constantemente a vigiar o microambiente que as rodeia, tendo um papel muito importante na homeostasia do sistema nervoso central, mas na diabetes as suas funções estão modificadas, promovendo a resposta inflamatória que pode contribuir para a morte celular na retina”, explica Raquel Santiago.

Sabendo que as células da microglia “possuem os recetores A2A, pretendemos bloquear a ação destes recetores por forma a prevenir a inflamação associada às células da microglia e, desta forma, a morte das células da retina, travando a progressão da doença”, esclarece, no mesmo documento.

Os investigadores prepararam-se para iniciar um conjunto de experiências em modelos animais de diabetes, que serão tratados com um bloqueador de recetores A2A de adenosina, para estudar como reage a retina e se as células da microglia ficam menos reativas.

Estima-se que, após 20 anos com diabetes, cerca de 90 por cento dos doentes com diabetes tipo 1 e mais de 60 por cento dos doentes com diabetes tipo 2 sofrem de retinopatia diabética.

A procura de novas estratégias terapêuticas de combate à doença é pertinente porque “os atuais tratamentos são dirigidos às fases avançadas da patologia, extremamente invasivos e pouco eficazes. Se for possível encontrar uma terapêutica que permita o tratamento numa fase mais inicial, o impacto na qualidade de vida do doente com retinopatia diabética será muito elevado”, sublinha a investigadora principal do estudo, que vai receber o prémio no próximo dia 19 de setembro, em Nice (França), durante o EURETINA - Congresso Europeu das doenças da retina.

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