Prédios de Amadora transpiram cultura

Amália Rodrigues (diva do Fado), Zeca Afonso (cantor de músicas alusivas ao 25 de Abril) e Carlos Paredes (guitarrista) concentraram-se, de forma eterna, na Amadora. A junção foi feita pelo artista português Sérgio Odeith que os graffitou nas paredes de três prédios da cidade. O resultado é gigantesto, deslumbrante e, o mestre do graffiti não pára de ser elogiado pelo serviço nas redes sociais.
:
  

É na parede de um dos prédios de frente para a Estação do Metro Amadora-Este, que está desenhado Carlos Paredes. O guitarrista português, está sentado a dedilhar a sua guitarra. Quem por lá passa e admira a obra sente-se desafiado a cantarolar alguns Fados.

Em outra parede de outro prédio da cidade da Amadora está a Imortal fadista Amália Rodrigues. De rosto pensativo e mãos na cintura, a diva do Fado, mede tanto como a parede do prédio de seis andares, cerca de 20 metros.

Uma terceira parede foi preenchida com Zeca Afonso. Este, de olhar descontraído e, comodamente sentado, olha para Amália que foi "pregada" a uma parede do outro lado da rua.

Todos os desenhos foram feitos em paredes de prédios situados em zonas movimentadas da cidade de Amadora por Sérgio Odeith que considera ser uma forma de manter a história de Portugal bem viva”.

O realismo e técnica de Odeith "dá para agradar aos mais velhos porque conhecem bem estas personagens e levar os mais novos a pesquisar quem eles são”.

O desafio, lançado pela Câmara Municipal da Amadora e por Catarina Martins, responsável pelo projecto “Conversas na Rua”. Uma iniciativa que promove a arte urbana na cidade enquanto homenageia figuras emblemáticas da cultura portuguesa.

De referir que o artista já tinha pintado tributos a Nicolau Breyner, José Saramago e Vicente Inácio Martins (jovem vendedor de pássaros).

Sérgio Odeith nasceu em 1976, na Damaia (Portugal). Teve, pela primeira vez, nas mãos numa lata de spray em meados dos anos de 1980, mas foi na década seguinte, quando o graffiti se começou a disseminar em Portugal e a surgir fora do seu berço Carcavelos que teve o primeiro contacto com o graffiti e com o movimento que se iniciava. As suas primeiras experiências foram realizadas na rua e em linhas de comboio e, desta forma, a paixão que sempre tinha mostrado pelo desenho encontrou um novo sentido e pôde começar a desenvolver-se. Passado pouco tempo, surgiram oportunidades para pintar grandes murais na Damaia, em Carcavelos e em diversos bairros sociais, entre os quais, a Cova da Moura, o 6 de Maio e Santa Filomena.

Desde cedo, revelou um interesse especial pela perspectiva e pela sombra, num estilo obscuro que veio a designar “3D sombrio”, onde as composições, quer fossem paisagens ou retratos, mensagens ou homenagens, se destacavam pelo seu realismo e técnica.

Foi, em 2005, reconhecido, a nível internacional, pelas inovadoras incursões na chamada anamorphic art, onde se destacou pelas composições criadas em perspectiva pintadas em diferentes superfícies, como esquinas de 90º ou da parede para o chão, criando um efeito de ilusão óptica.

Em 2008. decide encerrar as portas do seu estúdio de tatuagens (inaugurado em 1999), para ir trabalhar para Londres. Atualmente, de regresso a Lisboa, assumiu a pintura como atividade principal

Galeria

Mais nesta secção

Mais Lidas