Árvore morta em Famalicão transforma-se em obra de arte

As árvores morrem de pé. A expressão assenta como uma luva no novo projeto artístico do Parque da Devesa, de Vila Nova de Famalicão. Seguindo a máxima do químico francês Lavoisier “na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, o arquiteto paisagista Gonçalo Nunes de Andrade transformou uma árvore morta numa escultura repleta de memória e simbologia da vida.
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O sobreiro, ou em linguagem técnica um Quercus Suber, com cerca de meio século de vida posicionado no ponto mais elevado do parque morreu, no entanto, a sua presença vai continuar a marcar a paisagem da Devesa, agora sustentado em peças de aço corten, fragmentos da memória do sobreiro com apoios ao chão.

A obra de arte intitula-se “Memória Inscrita” e vai receber nesta sexta-feira, dia 27 de outubro, pelas 11h30, a visita do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha e do autor da obra, Gonçalo Nunes de Andrade.

Refira-se que esta não é a primeira vez que o Parque da Devesa transforma uma árvore morta em obra de arte. No ano passado, o artista plástico Isaque Pinheiro apresentou a peça “Rebater uma árvore”, que consistiu na transformação de um carvalho morto com cerca de 110 anos de idade.

Gonçalo Nunes de Andrade é arquiteto paisagista e exerce funções de professor convidado na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. É também fundador da Xscapes, Sociedade de Arquitectura Paisagista, desde 2007 com projetos desenvolvidos e premiados em áreas de atuação que vão desde o planeamento urbano ao projeto de espaços verdes.

De acordo com a memória descritiva “a peça proposta para o parque da Devesa é a preservação de uma marca, um ponto focal, a memória de um Quercus Suber. A sustentação da memória frágil e incompleta. A distância e a perspetiva sobre a peça. O olhar sobre a memória do sobreiro com diferentes registos ao perto e ao longe”.

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