Engaço de uva testado em novas aplicações: pellets, mobiliário e papel de jornal

O engaço de uva, resíduo da produção de vinho, foi testado em novas aplicações por investigadores da Universidade de Aveiro (UA) e do Instituto Politécnico de Viseu. A produção de pellets para queima em equipamentos de aquecimento no lar, pavimentos (parquet flutuante, por exemplo), placas para constituição de peças de mobiliário e papel de jornal, são algumas das aplicações possíveis e testadas que abrem boas perspetivas ambientais e económicas para o engaço de uva.
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A pensar nas vantagens ambientais e económicas de valorização de um resíduo, uma equipa de investigadores do Departamento de Química da UA, analisou a constituição do engaço de uva e testou o resultado em vários tipos de aplicação. O projeto designou-se "CHEMGRAPE – Avaliação do potencial do engaço e folhado por tratamento químico para obtenção de produtos de valor acrescentado”.

Estudada, pela primeira vez, a aplicação de engaço de uva em pellets para queima em dispositivos de aquecimento, descobriu-se que a energia consumida nesta transformação é menor em 25 por cento do que a gasta para transformar restos de madeira resinosa em pellets. A densidade das pellets num caso e noutro é muito semelhante, assim como a durabilidade, sendo a densidade das partículas superior no caso das pellets de engaço de uva, mas ligeiramente inferior em poder calorífico.

Constituído, sobretudo, por celulose (30 por cento), hemiceluloses (21por cento), lenhina (17 por cento), taninos (cerca de 16 por cento) e proteínas (cerca de seis por cento), a estrutura fibrosa do engaço de uva faz presumir aplicações vantajosas em biocompósitos. De facto, após a aplicação de um método de refinação para produzir material fibroso, os resultados revelaram excelente resistência física, recomendando o uso na produção de produtos papeleiros ou de biocompósitos.

Em particular, foram testadas com sucesso as aplicações do engaço de uva na produção de placas de MDF e dos aglomerados de partículas (ou aglomerado de madeira) como ingrediente único, ou misturado com fibras ou partículas de pinho.

O projeto CHEMGRAPE foi desenvolvido Dmitry Evtuguin, investigador do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro e professor do Departamento de Química da UA, e por Luísa Paula Cruz-Lopes, investigadora do CI&DETS e do Departamento de Ambiente do Instituto Politécnico de Viseu. A Fundação para a Ciência e Tecnologia e o programa COMPETE foram as entidades financiadoras. O grupo TAVFER foi parceiro do projeto.

Perante a expressividade do setor da vinha e do vinho em Portugal, estes resultados poderão revestir-se de grande interesse para a economia nacional.

 

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