ART'SARTORIAL: "não sei se sou empreendedor mas luto muito para conseguir o que quero"

Foi a dificuldade em encontrar peças para alguns tipos de corpo e uma qualidade aceitável das matérias-primas, na altura em que era consultor de imagem, dois dos fortes motivos que levaram Artur Santos a criar a ART'SARTORIAL, uma marca de roupa feita à medida de cada corpo e ao gosto de cada cliente. Com o apoio do Famalicão Made In, o mentor do projeto colocou pés ao caminho e a marca nasceu, está a crescer e muito em breve vai internacionalizar-se. Entretanto, Artur Santos tem um desejo: criar um fato, exclusivo, para...Marcelo Rebelo de Sousa.
: Artur Santos
Artur Santos  

Como e quando nasceu a ART'SARTORIAL?

Bem esta marca já é um objectivo de há cerca de dois anos. Passei muito tempo a fazer um estudo de mercado e a instruir-me sobre o conceito. No início deste ano (2017), a materialização do projeto aconteceu mas a startup só iniciou atividade há cerca de meio ano.

Foi o único mentor? Que formação tem? 

Sim. Sou o único mentor do projeto. Fiz formação na Fashion School no Porto. Antes de criar esta startup já era consultor de imagem e a minha principal dificuldade era encontrar, num pronto-a-vestir, peças para alguns tipos de corpo. Acrescia ainda o fato de algumas das matérias-primas não obedecerem à exigência que eu procurava. Com objetivo de colocar termo a estas dificuldades integrei o clube português chamado “Portuguese Dandy’s” onde alguns elementos trabalham este conceito. E com a partilha de ideias, contactos e aprendizagem que foi ganhando,  decidi avançar com a criação da ART’SARTORIAL.

Tudo o que a ART'SARTORIAL produz é feito de forma manual?

Como em tudo a tecnologia evoluiu. O mesmo aconteceu nesta área. Hoje já existe algum auxílio tecnológico na produção das peças, apesar de serem por medida. Por exemplo, no caso dos fatos, digamos que existe uma mescla de vanguarda tecnológica e do artesanal. Tudo o resto é 100 por cento manual. É o caso dos sapatos, suspensórios, etc. 

Que género de artigos são mais produzidos pela ART'SARTORIAL?

Blazers, calças, coletes e sapatos. Até ao momento, são estas as peças que a marca mais produz

Quem é o principal cliente dos produtos ART'SARTORIAL?

Não tenho um tipo de cliente definido. Estou perfeitamente habilitado a vestir quer uma pessoa super extravagante, quer uma pessoa mais formal que tem de obedecer a um determinado protocolo. Mesmo em termos de faixa etária já me apareceram pessoas de várias idades. Por isso, costumo dizer que não tenho um público alvo definido. 

O que entende por exclusividade? Isto porque no caso dos fatos, por exemplo, não haverá muito a inovar ou a diferenciar.

Exclusividade não é só ter uma peça diferente e produzida especialmente para uma determinada pessoa. Exclusividade está no próprio atendimento. Eu só trabalho por marcação. Durante as horas ou minutos que estiver com um cliente, o meu foco estará totalmente nesse cliente. A isso eu chamo também de exclusividade. Mas mesmo nas próprias peças é sempre possível, não direi inovar, mas sim reinventar. A moda é “reciclável” e os cortes que se usavam antigamente estão a voltar. E, depois, estamos sempre à procura do maior conforto possível, para desta forma obter a melhor vestibilidade possível. Procuro isso nas matérias primas e na construção das peças. Frequento uma importante feira em Itália ( Pitti Uomo) para obter essa inspiração para melhorar continuamente o meu trabalho e inovar na medida do possível. 

Que tipo de matéria prima usa? São made in Portugal ou oriundos de outros países?

Há várias matérias primas. A maior parte da matéria prima que uso são lãs. Existem vários tipos de lã, umas mais nobres que outras e com diferentes gramagens. Infelizmente, ainda não há nenhuma marca de tecidos made in Portugal ao nível dos italianos e ingleses. É nesses países que compro os meus tecidos, obedecendo à exigência dos meus artigos. 

A marca já está internacionalizada?

Ainda não. Mas é um dos objetivos para a ART’SARTORIAL a médio prazo. Neste momento, o registo foi feito é a nível nacional. Contudo, devo realçar que já tive clientes oriundos de outros países. 

A marca já criou postos de trabalho? Quantos? Prevê criar?

Neste momento, sou o único a trabalhar diretamente para a marca. Mas a médio prazo pretendo criar postos de trabalho diretos. 

Costuma participar em eventos ou feiras para promover a marca?

Sim. Estou presente duas vezes por ano na mais importante feira de moda masculina mundial, a Pitti Uomo em Florença, Itália. É, aliás, este o local onde vou buscar toda a inspiração. 

Os produtos ART'SARTOTRAL  já foram usados por famosos?

Sim, já tive esse prazer embora não dê muita importância a esse facto. Para mim, os clientes são tratados todos de igual forma independentemente da profissão ou estatuto social. 

Só produz mediante encomendas ou costuma ter stock?

Só por encomenda porque todas as peças são feitas à medida e gosto do cliente.  

Quanto tempo, em média, demora o cliente a ter a encomenda pronta?

Entre duas a três semanas. 

Os preços são elevados?

Isso é sempre subjectivo. O preço de um fato varia mediante a qualidade do tecido. Mas custa entre os 600 e os 800 euros.

Os produtos são para homens. Pensa em alargar a atividade também ao público feminino?

Já faço para mulher, embora no segmento masculino... não faço vestidos. Mas Blazers, coletes, calças e sapatos com o corte masculino é possível.

Para quem gostava de criar um fato?

Para o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Gosto muito da sua personalidade e forma de estar. E acho que ele tem pinta!

Que importância tem o Famalicão Made In para a ART'SARTORIAL? Porquê?

Acabou por ter toda a importância. Eu já tinha o projeto muito bem idealizado mas foi importante para definir alguns detalhes e sobretudo para a minha “incubação”. 

Considera-se empreendedor? Porquê?

É assim: não sei se sou empreendedor! Mas quando quero muito realizar uma coisa luto com todas as forças para a conseguir. Não sei se isso faz de mim um empreendedor...

Em que se pode dizer que a ART'SARTORIAL é diferente de tudo o que existe na mesma área?

Se compararmos com o pronto-a-vestir as diferenças são enormes. No pronto-a-vestir existe o protótipo de que um homem alto, por exemplo, é forçosamente largo de ombros. Mas na realidade isso nem sempre acontece. Logo roupa por medida faz toda a diferença. Depois se compararmos com outras marcas que também trabalham por medida, as diferenças poderão estar nos tecidos. Eu por exemplo não abdico de matérias-primas inglesas e italianas. Em relação ao corte dos fatos, isso vai depender do gosto de cada um. Portanto, não posso usar isso como termo de comparação. 

Quais os planos traçados para a empresa para os próximos tempos?

Trabalho diariamente para fazer esta marca crescer. E acho que nunca me vou dar por satisfeito. A médio prazo pretendo internacionalizar. Depois estou a ponderar criar uma pequena coleção exclusiva e colocar em algumas lojas dispersas pela Europa. Mas no meu atelier só quero trabalhar por medida.

Mais nesta secção

Mais Lidas