Cristina Rodrigues expõe numa das mais belas bibliotecas do mundo

A instalação de arte "A Beleza Que Não É Só Minha" de Cristina Rodrigues vai estrear no Rio de Janeiro, no Real Gabinete Português de Leitura, no dia 6 de Novembro de 2015, às 15h00.
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Fundada em 1837 e considerada uma das bibliotecas mais belas do mundo, o Real Gabinete Português de Leitura foi edificado em estilo neo-manuelino, seguindo o modelo do Mosteiro dos Jerónimos, onde a artista Cristina Rodrigues teve uma exposição a solo em 2013.

A vasta colecção do Real Gabinete Português de Leitura reúne obras das mais proeminentes intelectualidades do século XIX, no Brasil. O manuscrito do romance "Amor de Perdição" de Camilo Castelo Branco é uma das jóias da biblioteca.

O Rio de Janeiro é uma das cidades mais belas do mundo e a sua paisagem há muitos séculos que inspira músicos, poetas e outros artistas, tendo-se tornado numa das cidades mais reconhecidas nível mundial pela sua cultura e paisagem natural. A artista tem vindo a fomentar, através do seu trabalho, uma reflexão política e consciência social em torno de questões como o acesso à cultura em territórios de baixa densidade demográfica. Ao trabalhar directamente com mulheres da comunidade rural, Cristina Rodrigues contribui, simultaneamente, para a redução das desigualdades sociais e regionais, bem como para a democratização no acesso à cultura. Assim, o Real Gabinete Português de Leitura, um dos edifícios mais icónicos do Rio de Janeiro que foi fundado por 43 emigrantes portugueses para promover a cultura, é a casa ideal para receber a sumptuosa instalação arte contemporânea "A Beleza Que Não É Só Minha", organizada com o especial apoio do Município de Amarante, do Consulado Geral de Portugal no Rio de Janeiro e do Arte Institute.

A instalação será composta por 25 Violas de Dois Corações também conhecidas por violas amarantinas. As violas, normalmente apresentadas em madeira envernizada, foram lacadas de branco e cobertas com desenhos de narrativas no feminino executados à mão pela própria artista. Entre os magníficos e detalhados desenhos surgem frases que ilustram realidades portuguesas: "Casa onde não há pão não há sossego."; "O pão nosso de cada dia nos dai hoje."; "Educação é liberdade." e "Sou o produto e o destino de toda uma geração. Não tenho pão mas aprendi a escrever. A minha avó não sabia ler.".

A Viola de Dois Corações é originária de São Gonçalo, no Concelho de Amarante, em Portugal. No Brasil, São Gonçalo é um dos Municípios mais populosos do Estado do Rio de Janeiro.

Cristina Rodrigues não é um nome desconhecido para a arte contemporânea portuguesa. A artista e arquitecta sediou-se em Manchester, no Reino Unido, há seis anos e foi nesta cidade que construiu um percurso académico e artístico internacional. A sua carreira conta com passagens pelo GDMOA, Guangdong Museum of Art, na China (2013); pelo MUDE, Museu do Design e da Moda, Lisboa (2013); pelo MNA, Museu Nacional de Arqueologia no Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa (2013/2014); pela Zweigstelle Berlin (2014); pela TIL Gallery, Londres; pela Catedral de Manchester, em Inglaterra (2014) e, mais recentemente, o seu trabalho esteve em exposição no Mosteiro de Alcobaça (2015); na Mansão Senhorial de Tatton Park, em Inglaterra (2015) e no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante (2015).

Cristina Rodrigues inicia o seu percurso como docente universitária na Manchester School of Art em 2010 mas o seu trabalho artístico cedo se destaca em exposições como "Issues of Urbanization" com curadoria da reputada Tongyu Zhou (2013). Esta última exposição que teve lugar no GDMOA - Guangdong Museum of Art, em Guangzhou na China, valeu à artista portuguesa vários destaques na televisão nacional chinesa. Em 2014 Cristina Rodrigues expõe no edifício mais visitado da cidade de Manchester, a célebre Catedral de Manchester, sede do bispado Anglicano da cidade. Esta foi a exposição de arte contemporânea mais visitada de sempre nesta cidade do Noroeste de Inglaterra.

Após a sua exposição no MNA - Museu Nacional de Arqueologia, no Mosteiro dos Jerónimos, em 2013, o interesse crescente pelo trabalho da artista torna-se ainda mais notório tanto entre o público em geral como na comunidade intelectual. Começam a surgir dissertações de mestrado e doutoramento sobre o percurso artístico de Cristina Rodrigues que retratam a artista como uma feminista e activista política do século XXI. É de realçar o artigo e tese de mestrado da historiadora de arte Inês Jorge "Artesanato + Activismo = Artesanoactivismo. Artesanato, Activismo Político e Feminismo na obra de Cristina Rodrigues". As suas luxuosas instalações contam, quase sempre, narrativas que retratam a mulher contemporânea, as suas preocupações e aspirações. Cristina Rodrigues inicia sempre os seus projectos artísticos a partir de uma base etnográfica, fotografando e entrevistando as mulheres representadas no seu trabalho. A densidade destas narrativas no feminino resulta em instalações de grande escala, onde objectos do quotidiano se cruzam com têxteis, ferro, cerâmicas, entre outros materiais, parecendo não existir limites num trabalho que é singular, ecléctico e, muitas vezes, a expressão do barroco contemporâneo.

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