Maria Miguel Carlos: "trabalho, método e organização são elementos fundamentais para atingir objetivos"

Maria Miguel Carlos foi considerada, o ano passado, com 18 anos a melhor aluna do mundo pelo Departamento de Exames Internacionais da Universidade de Cambridge, Reino Unido. Um ano depois o VerPortugal foi ver como a distinção transformou a vida da jovem da Marinha Grande. Em pouco mudou. Apenas passou a ter um pouco mais de visibilidade pública. De resto a jovem, que frequenta o curso de medicina em Lisboa, diz ter de continuar a trabalhar, com método e organização para alcançar os objetivos que traçou para a sua vida. Mas como nem só de trabalho pode viver o homem, Maria Miguel Carlos aproveita os tempos livres para conviver e jogar futebol.
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Algum dia pensou que seria a melhor aluna do mundo?

Não, nem sequer pensei no assunto.

De que forma é que a distinção influenciou a sua vida?

Continuei a ser a mesma pessoa, só que passei a ter alguma visibilidade pública, tendo participado em alguns eventos de cariz publico e também político.

Como era vista antes da distinção? E, agora?

Sempre fui considerada uma pessoa um pouco reservada, trabalhadora e organizada, com alguma capacidade de conciliação entre os estudos e a prática de exercício físico, que considero fundamental para o meu equilíbrio. Hoje continuo a ser considerada a mesma pessoa trabalhadora e organizada. Procuro também sempre que posso o convívio com os meus amigos (sendo que agora é um pouco mais difícil, pois tenho uma carga horária e de estudo bastante mais elevada).

Como conseguiu esse feito?

Tudo o que consegui fazer até agora, foi com bastante trabalho, método e organização. Estes três elementos em conjunto são fundamentais para que se consigam atingir objectivos na vida e foi exactamente isso que fiz, aliada ao facto de gostar das matérias leccionadas e ter um interesse especial pela área ambiental.

Foi sempre boa aluna?

Penso que sempre fui bem-sucedida. Na escola aonde andei fazem-me com frequência referencia como sendo boa aluna e um exemplo que os alunos podem seguir. De alguma maneira este facto enche-me de orgulho, pois todos nós na vida gostamos de deixar algum legado positivo, algo em que nos possamos vir a orgulhar e nessa perspectiva, sinto-me satisfeita com este meu pequeno percurso, sendo que continuo a trabalhar para continuar a sentir-me bem e continuar a ser vista pelas pessoas como referencia positiva.

Como é o seu dia-a-dia? Passa a vida a estudar? Tem hábitos de estudo especiais, diferentes dos adoptados pelos outros?

O meu dia-a-dia é vivido como qualquer jovem universitário que escolheu um curso bastante exigente, devo dizer que ocupo grande parte do meu tempo a estudar e preparar aulas, especialmente em época de exames, o que não me impede também de sair com os meus amigos, sempre que possível, assim como praticar desporto, para além de ser jogadora federada num clube de Futebol- “Vidreiros”- Marinha Grande, também estou integrada na equipa de Futsal da Faculdade.

Porque escolheu o curso de medicina?

Escolhi o curso de medicina pois foi aquele que sempre me chamou mais à atenção e com que mais me identifiquei. Sempre quis ajudar pessoas e ter um contacto mais directo com a população, acredito que medicina é o curso indicado para quem tem estes desejos profissionais

Que especialidade vai seguir?

Ainda não sei que especialidade quero seguir pois ainda não aprendi o suficiente sobre as diversas áreas dentro da medicina.

Como passa os seus tempos livres?

Tal como todos os jovens, a ver séries no computador, a sair com amigos, a passear, é o que mais gosto de fazer. Adoro viajar, posso mesmo dizer que é o meu hobbie favorito. Adorava conhecer o mundo, poder conhecer novas culturas, novas pessoas e novos hábitos.

Sei que joga futebol. É boa jogadora? Porquê?

Sempre gostei de jogar futebol, esse gosto herdei-o do meu avô materno que era jogador. Não sei se sou boa jogadora, mas adoro aquilo que faço, logo penso que é meio caminho andado para se ser algo bem-sucedida. Neste momento não tenho oportunidade de treinar tanto quanto gostaria, pois o tempo disponível não é muito. Mas continua a ser uma das minhas paixões e ao mesmo tempo fonte de libertação.

Costuma dizer-se que para se ser bom no futebol tem de se ser bom na escola. É assim? 

No futebol ou em qualquer outro desporto e neste campo sinto-me à vontade para falar, uma vez que pratiquei também atletismo (lançadora de disco e dardo), o que é de capital importância e imprescindível para se ter algum sucesso, é a motivação e o interesse, aliado a alguma apetência natural, como é claro e óbvio. O desporto deve ser encarado como um prolongamento do nosso bem-estar, algo que nos possa proporcionar equilíbrio entre a parte física e o psicológico. O facto de se ser bom jogador de futebol, não implica que seja o melhor aluno na escola e vice-versa, o que os alunos e potenciais jogadores de futebol devem pensar é que para se conseguir atingir objectivos, deve haver bastante trabalho, capacidade de organização e motivação.

Por que razão se tem dado, na sua perspectiva, muita importância às notas dos pequenos jogadores? Que relação poderá ter o futebol com a escola?

O que acontece muitas vezes é que os alunos mais pequenos imprimem tanto esforço no futebol, para procurarem ser os melhores que acabam por descurar os estudos. Na minha perspectiva, esse tipo de hábitos de conciliação dos estudos com a prática de desporto deve ser transmitida pelos pais em casa, assim como, também pelos professores enquanto formadores nas escolas. As crianças devem entender que podem fazer tudo de uma forma organizada e sistematizada, sem prejuízo de nenhumas partes e que se pode obter o máximo de satisfação nos dois locais.

Sente-se o orgulho da família?

Acho que todas as famílias devem ter orgulho nos seus familiares independentemente dos seus feitos e penso que é isso que a minha família sempre me transmitiu e continua a transmitir. Não é pelo facto de ter sido distinguida que vão ter mais ou menos orgulho em mim, têm-no por aquilo que sou e por aquilo que represento para eles, assim como o que a minha família representa para mim.

Tem irmãos? São como a Maria Miguel?

Sim tenho uma irmã com 6 anos. Fisicamente é completamente diferente de mim, é morena e eu sou loura, em termos de personalidade, temos um intervalo bastante alargado o que dificulta a apreciação.

Quantas negativas já tiraram na vida?

Tirei uma negativa e não tenho problema em dize-lo. Por vezes lido mal com a frustração pelo facto de ter sido quase sempre bem-sucedida, se calhar às vezes precisamos de ser menos bem-sucedidos para conseguirmos lidar com situações de menos sucesso.

Disse a alguém que gostaria de exercer medicina num hospital e em Lisboa. Porquê? 

Queria trabalhar num hospital pois penso que é o que me dá um contacto mais directo com a população. Em Lisboa pois gostaria de ficar em Portugal e gosto de viver aqui, não só pela cidade em si mas por toda a sua dinâmica social.

O que falta, na sua perspectiva, no ensino em Portugal? E na medicina?

Penso que no ensino em Portugal, faltam criar mecanismos e métodos que possam motivar os estudantes. A escola devia ser mais apelativa e interessante, de maneira a que os alunos não a sintam como uma obrigação, mas um objectivo que têm e que deve ser cumprido da melhor forma. O mesmo se passa com o ensino da Medicina.

O que mais a fascina na vida?

O mundo e as pessoas. Tal como já disse anteriormente, o que mais gosto de fazer é viajar, tenho desejo de conhecer o mundo com as suas diferentes culturas e pessoas. Também desejo poder ajudar as pessoas em fases menos boas da sua vida, é para isso que me estou a licenciar, a formar como profissional e como pessoa.

Quem é, afinal, Maria Miguel?

Sou uma jovem com objectivos de vida determinados, que gosta de viver ,gosta  das pessoas e que anseia por um futuro em Portugal a trabalhar naquilo que mais gosta, rodeada da família e amigos e “ Ser Feliz”.

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