Lente de contacto pioneira diminui a progressão da miopia

Cientistas das universidades do Minho e Politécnica da Catalunha e do Centro Médico Teknon de Barcelona desenvolveram uma lente de contacto que diminui a progressão da miopia até 43 por cento. As lentes convencionais corrigem apenas a visão central, o que não evita o aumento do tamanho do olho e da miopia, mas esta lente inovadora pode abrandar este crescimento ao atuar também na visão periférica.
: Escola de Ciências da Universidade do Minho
Escola de Ciências da Universidade do Minho  

"A miopia moderada e alta, que tem maior impacto na saúde visual, inicia em geral entre os cinco e 10 anos de idade, progride fortemente até aos 16 e depois tende a desacelerar. A nova lente de contacto pode permitir uma mudança no final deste processo entre três e cinco dioptrias a menos", diz José Manuel González-Méijome, diretor do Laboratório de Investigação em Optometria Clínica e Experimental (CEORLab) do Centro de Física da UMinho, que coordenou os ensaios em Portugal.

A pesquisa clínica envolveu 100 pacientes durante dois anos, foi distinguida num congresso dos Estados Unidos da América e saiu em revistas internacionais, incluindo uma revisão dos estudos do CEORLab na "Eye & Contact Lenses” (EUA). "O 'segredo' para a nova lente progressiva hidrofílica controlar a progressão da miopia poderá estar na imagem que se forma nas áreas laterais da retina", continua José Méijome. As lentes convencionais são necessárias para ver, mas são consideradas ineficazes para corrigir a miopia. Ou seja, não impedem o aumento do tamanho do olho e isso causa a crescente desfocagem de objetos distantes e o aumento dos riscos associados para a saúde ocular.

Adaptada a qualquer idade e graduação

"Não há nada comercializado com a eficácia e o alcance desta nova lente, por isso poderá ter um grande impacto imediato, em particular nos jovens, diminuindo o risco de sofrerem uma patologia ocular muito grave na idade adulta”, nota Jaume Pauné, da Politécnica da Catalunha. Ainda assim, os investigadores reconhecem que a mesma não funciona para todos os contextos, como a sua utilização irregular ou certos fatores genéticos. Esta lente pode ser usada inclusive por crianças dos oito aos 10 anos, desde que com responsabilidade. Este segmento etário foi alvo de outro ensaio clínico internacional multicêntrico ao longo de cinco anos, envolvendo o CEORLab.

A miopia atinge mais de cinco por cento das crianças entre os seis e os nove anos, sobe para 25 por cento nas de 13 anos (confirmado junto de 200 alunos de Caldas das Taipas em 2011-15) e para 45 por cento nos universitários (com base em 340 que ingressaram este ano na Universidade do Minho). E entre os estudantes da Escola de Ciências desta academia a miopia passou de 23 para 41por cento entre 2002 e 2014, indica outro estudo do CEORLab. É sabido que, a partir das cinco dioptrias, o risco de patologia ocular aumenta 20 a 50 vezes face a uma pessoa sem problemas visuais. A miopia representa um quinto da cegueira causada no mundo. Nalguns países da Ásia afeta 80 por cento dos alunos e causa sérios problemas de saúde pública.

A Universidade do Minho é das raras universidades europeias com investigação aplicada nesta matéria e inclui a temática na sua oferta letiva, com o mestrado em Optometria Avançada e dois cursos de ensino a distância, permitindo a atualização dos profissionais e que as soluções tecnológicas cheguem mais rápido ao cidadão.

 

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