Cientistas da UM acreditam que os namomateriais podem diminuir poluição e consumo de água na indústria têxtil

O Centro de Engenharia Biológica, CEB, da Universidade do Minho está a desenvolver um tratamento biológico, com a incorporação de nanomateriais, que vai ajudar a diminuir a poluição e a quantidade de água consumida em tinturarias têxteis. Os resultados já obtidos pelos investigadores são muito promissores e há a possibilidade de o processo poder vir a ser utilizado com outros poluentes como antibióticos e pesticidas. Mas por enquanto, o tratamento biológico desenvolvido irá ser testado em águas coradas da indústria têxtil.
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O objetivo da investigação realizada no CEB foi o desenvolvimento de um processo, aplicando microorganismos anaeróbios, que permitisse a redução dos corantes e, consequentemente, a descoloração das águas residuais têxteis. A inovação do projeto está no facto de, para tornar os processos mais rápidos e eficazes, terem sido aplicados compósitos de carbono e nanomateriais magnéticos (C@MNP), adicionados em muito pequena concentração, para acelerar a transferência de eletrões e assim acelerar todo o procedimento.

Este processo biológico visa, por isso, ajudar as empresas têxteis a respeitar os limites de cor na descarga de águas residuais definidos pela legislação, cada vez mais rígida e que, por isso, é uma constante preocupação das empresas. Com a aplicação dos novos C@MNP no CEB, verificou-se a aceleração no tempo do processo biológico para a descoloração de efluentes têxteis em cerca de 10 horas, levando à total remoção de cor, enquanto na ausência destes materiais, há uma descoloração de apenas 20 por cento em 24 horas. Além disso, por serem magnéticos, podem ser removidos facilmente no final do tratamento.

A indústria têxtil, e sobretudo as tinturarias, apresentam níveis de poluição bastante elevados, o que tem obrigado a um forte investimento no tratamento das águas residuais geradas. Com este novo processo biológico, as águas residuais têxteis podem ser tratadas eficazmente em tempos reduzidos e, portanto, diminuindo os custos. Neste projeto do Centro de Engenharia Biológica, participou também o Laboratório de Catálise e Materiais, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde os materiais foram preparados e caracterizados. O foco deste trabalho foi, assim, "a combinação das nanopartículas magnéticas para produzir nanocompósitos com elevada área superficial e excelentes propriedades catalíticas e magnéticas, o que permitirá às empresas adotar soluções ambientais e que, ao mesmo tempo, lhe confiram competitividade no mercado”, afirma Luciana Pereira, investigadora do CEB. Agora, "a aplicação industrial é o objetivo, pelo que a equipa de investigação visa a produção de novos materiais tendo em vista a aplicação não só com corantes mas também com outros poluentes, como os pesticidas, antibióticos, entre outros”, adiantou ainda.

O Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho é um centro de investigação, altamente tecnológico, que opera nas principais áreas da Biotecnologia e Bioengenharia, fomentando a integração entre a engenharia e as ciências da vida, de forma a potenciar o desenvolvimento de bioprocessos industriais inovadores. É uma instituição muito dinâmica, envolvida em vários projetos internacionais, que tem vindo a obter a classificação de Excelente nas avaliações da FCT. Tem mais de 300 investigadores, criou 13 empresas, tem 16 patentes concedidas e recebe, anualmente, uma média de três milhões de euros de financiamento, entre instituições públicas e parcerias com a indústria.

Ao nível internacional, o CEB tem uma rede de colaborações em todo o mundo, participando em projetos internacionais e em colaborações com empresas de renome, faz parte de programas como o MIT Portugal e tem investigadores de 36 nacionalidades diferentes.


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