Universidade de Aveiro ajuda a desvendar segredos do Mosteiro da Batalha

O Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro está, através de peritos da área da Geofísica, estão encetar esforços para saber o que escondem o pavimento e as paredes do Mosteiro da Batalha, uma obra de enorme simbolismo na história e no património português. O estudo está a ser levado a cabo através de métodos não evasivos. De referir que o estudo, mais genérico, que decorreu no campo de batalha motivou uma reportagem para um canal britânico.
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Numa notícia da Universidade de Aveiro lê-se que "os trabalhos de Geofísica no Mosteiro da Batalha têm vindo a decorrer, desde há cerca de dois anos, com coordenação de Manuel Senos Matias, professor do Departamento de Geociências da UA, participação dos professores Fernando Almeida (UA), Fernando Pedro (Universidade de Coimbra), Rui Moura (Universidade do Porto), apoio da Câmara Municipal da Batalha, da Direção Geral do Património e da Morph (empresa de Coimbra) que forneceu o equipamento de Georadar. Neste caso, o papel da UA tem sido central".

Os estudos, realizados ao abrigo de um protocolo assinado entre a UA e a Direção-Geral do Património Cultural e a Câmara Municipal da Batalha, cobrem três vertentes, escreve a Universidade de Aveiro. Uma delas é procurar clarificar como estão assentes as fundações do edifício, construído no vale de um rio, e verificar a veracidade de uma teoria que defendia que ao mosteiro tinha sido construído sobre estacaria. As pesquisas conduzem a uma grande probabilidade das colunas de suporte chegarem ao substrato rochoso. A outra vertente - lê-se na mesma notícia - de cariz construtivo, procura-se perceber a estrutura, modo de construção e o estado de conservação de colunas e paredes. No caso das colunas, os estudos aproxima-se do fim, quanto às paredes ainda vão numa fase preliminar, tendo conclusão prevista durante o ano de 2016. A terceira vertente, explica a Universidade, é direcionada para vestígios de estruturas arqueológicas por baixo do pavimento, nomeadamente valas, canalizações, túmulos e outras estruturas até agora desconhecidas. Os estudos mostram sinais de estruturas enterradas à entrada da Capela do Fundador, onde se encontra o túmulo do Mestre D’Avis, à direita da entrada no Mosteiro, assim como outras do lado direito do altar e por baixo do pavimento da sala do Soldado Desconhecido, Sala do Capítulo.

De acordo com o texto da Universidade de Aveiro, "as técnicas utilizadas compreendem a utilização de métodos de resistividade de elevada resolução, 2D e 3D, Georadar com várias frequências, Tomografia Sísmica e Métodos Sísmicos Passivos. Pretende-se investigar o uso de métodos de resistividade de elevada resolução 3D e geometria variável e métodos eletromagnéticos". São métodos não invasivos.

Na mesma notícia lê-se que "no campo de batalha em Aljubarrota, campo de São Jorge, decorreram trabalhos de prospeção com participação de investigadores da Universidade de York, o apoio científico da UA e a coordenação da Morph, empresa que usa múltiplas tecnologias de deteção remota na oferta de serviços especializados nas áreas da Geomática, Geofísica e Engenharia Inversa. Usando a Magnetometria, explica o sítio da Morph na Internet, é possível mapear sítios arqueológicos em larga escala, permitindo uma intervenção localizada nas áreas de maior interesse. O Georadar e a resistividade elétrica permitem um trabalho de grande pormenor, identificando estruturas construídas com grande detalhe e permitindo uma otimização de recursos quando se procede a uma intervenção arqueológica. Os estudos apontam para a localização de covas de lobo e objetos metálicos vários".

Desta forma, escreve a Universidade de Aveiro, "reuniram-se dados que contribuíram para a identificação de estruturas arqueológicas enterradas relacionadas com as posições portuguesas na batalha de Aljubarrota. Neste trabalho usaram-se metodologias de Georadar e Gradiometria Magnética, complementadas com um levantamento extensivo com detetor de metais. A conjugação e utilização de vários métodos permitiu, não só a identificação de possíveis estruturas relacionadas com o conflito armado, bem como de alterações provocadas no local ao longo da história e perturbações recentes originadas pela utilização dos terrenos. Como trabalho final nesta intervenção, realizou-se trabalho de reportagem para um documentário televisivo britânico, emitido em outubro no 'Yesterday', canal da UKTV (BBC), cruzando os resultados da campanha de prospeção geofísica com as escavações nos locais de interesse apontados por esta".

Os métodos de prospeção geofísica foram ainda aplicados, em parceria com a Morph no Mosteiro dos Jerónimos, antes da reabilitação de um espaços do Mosteiro, e no Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra. Segundo a Universidade, esta série de estudos em Geofísica começou em articulação com o Departamento de Engenharia Civil, num estudo sobre fraturação de uma parede de adobe por ação sísmica, continuando na casa InovaDomus, em Ílhavo, exemplo de aplicação de novos métodos de reabilitação de edifícios.

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