Phulia: o vinho que ajuda jovens de Viana do Castelo a pagarem propinas

Empreendedorismo. É esta a palavra que melhor define a atitude de dois jovens de Viana do Castelo que, em 2012, decidiram dar nova vida a uma vinha abandonada para arranjarem algum dinheiro para pagarem as propinas da universidade. Inicialmente a ideia era apenas produzir e vender uvas. Mas, logo na primeira vindima decidiram produzir vinho. Sem marca. Dois anos depois, já produziram e venderam nove mil garrafas. O projecto - dizem os mentores - é, agora, para levar...até onde der.
:
  

Cansados de pedirem dinheiro aos pais para tudo e mais alguma coisa incluindo as propinas da universidade, Luís Brito e João Martins, dois jovens de Viana do Castelo, decidiram arranjar uma forma de ganhar alguns euros para se tornarem um pouco mais independentes. A forma encontrada, em 212, pelos dois foi o aproveitamento de terrenos abandonados e a recuperação de uma adega desativada para produzir vinho.

Na altura tiveram a possibilidade de ficar com uma vinha que ia ficar ao abandono, pertença de um familiar de Luís Brito. Inicialmente a ideia era só a de produzir uvas e vender. Mas, na altura da vindima - conta João Martins ao VerPortugal - resolveram fabricar o vinho, recorrendo a uma adega desativada. "Foram poucas as garrafas que enchemos mas o feedback foi tão bom que resolvemos repetir" - conta dando nota de que em 2012 foram produzidos cerca de 400 litros.

Luís Brito, de 24 anos, já terminou o curso e trabalha numa empresa de distribuição de agroquímicos. O colega João Martins, de 25 anos, está prestes a concluir o seu curso mas ambos est\ão decididos a levar projecto até onde der. "É o nosso 'part-time' dos fins-de-semana, mas um 'part-time' com responsabilidade, não podemos descurar nada", explicaram.

Em 2013, conseguiram produzir cerca de três mil garrafas e anexar à parcela de terreno que já tinham uma outra. Têm, assim, em mãos cerca de um héctare meio de terreno, situados nas freguesias de Nogueira, Portuzelo, Santa Marta e Cardielos, cheio de videiras que dão uvas das castas Loureiro (a partir do qual fazem o verde branco) e Vinhão (para produzir o rosé). Vinhos produzidos sob a marca Phulia.

De 2013 para 2014 o negócio cresceu. Conseguiram colocar no mercado, cerca de seis mil fgarrafas e "este ano, em 2015, esperamos manter o mesmo número" - acrescenta. 

Quando questionado sobre onde são vendidas as garrafas de vinho, João Martins refere que "cada garrafa é vendida de forma direta a amigos, familiares, em feiras e mostras".

Sem apoios comunitários e sem recurso à banca, o projecto tem avançado passo a passo, dentro da mesma lógica, e de forma muito sustentada. "O investimento necessário foi de algumas poupanças e da ajuda dos pais e, neste momento o lucro gerado é reinvestido na adega de garagem onde é produzido o vinho" - explica um dos mentores do projeto.

O trabalho é dividido pelos dois, desde o tratamento da vinha ao produto final. No entanto, na altura em que é necessário mais mão-de-obra, sobretudo para a vindima, recorrem a amigos e familiares a quem "pagam" tal como aos donos dos terrenos, com algumas garrafas.

Para terem os utensílios necessários à produção, os empreendedores tiveram de dar largas à imaginação. E a "transformação de antigas máquinas de finos em refrigeração para as cubas", um "sistema de lavagem da adega e das cubas feito através do aproveitamento de águas" e uma "máquina de rotulagem das garrafas", em madeira, "encomendada a um artesão local, que "funciona à manivela", são exemplos dessa mesma imaginação para que o negócio cresça. 

As garrafas também são rotuladas por ambos. O rótulo foi desenhado por um designer amigo e nele estão representados símbolos dos costumes locais. Tem três círculos que representam as três libras que as mordomas levam no dia do casamento, e que significam a virgindade. Dentro desses círculos estão símbolos que são utilizados nos bordados dos lenços de namorados.

Relativamente ao futuro do negócio, João Martins, explica que não é objectivo dar um passo maior do que a perna. Mas já se pensa em plantações novas.

Mais nesta secção

Mais Lidas