Comida de Rua: "Coração de chefe, alma de cozinheira"

Durante muitos anos foi Delegada de Informação Médica mas o flagelo do desemprego bateu-lhe à porta e, ela, sem alternativa teve de o deixar entrar. Não poderia ter chegado na pior altura da sua vida. Com três filhos e grávida do quarto, Isabel Tavares, colocou às mãos à cabeça em desespero. Mas o sorriso e a força de vencer não a deixaram "cair". Pensou, pesquisou e com o apoio do marido, da familia e amigos, arriscou e investiu a sua indemnização num negócio seu. Chamou-lhe Comida de Rua. O negócio, criado em 2012, é a sua fonte de sustento, já gerou postos de trabalho, está a crescer de forma sustentada e até obteve apoio de um dos tubarões do programa Shark Tank da Sic.
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"Coração de Chefe, alma de cozinheira". É esta a frase que melhor classifica o projeto da portuense Isabel Tavares que, em 2012, conheceu o desemprego. Depois de uma série de anos a trabalhar como Delegada de Informação Médica, teve de, aos 40 anos, encontrar outra forma de ganhar a vida para colocar na mesa o pão para os três filhos e cuidar do quarto que vinha a caminho. Valeu-lhe nessa altura o carinho e apoio do marido e o apoio dos amigos e da familia. 

"Não foi fácil, mas venci"- desabafa ao VerPortugal a empreendedora que um dia, em conversa com os amigos e com um grupo de amigos mais restrito chegou à conclusão de que na rua não havia, com respeito pelos projetos existentes, comida de qualidade. "Porque é que na rua não se pode encontrar comida saudável, de qualidade?" - pensou Isabel.

Decidida a encontrar um ponto de viragem para a sua vida, começou a pesquisar para ver se em Portugal existia algo idêntico ao que já se poderia encontrar noutros países da Europa - Comida de Rua."Não encontrei nada mas deparei-me com um veículo criado por um arquiteto italiano, uma Piaggio que poderia ser adaptada para o projeto que, entretanto, decidi criar: um estabelecimento ambulante onde pudesse vender, na rua, comida" - explica a mentora do projeto que investiu, para poder comprar a 'motinha', como carinhosamente lhe chama, toda a sua indemnização. 

Em 2012 começou, então, a trabalhar na venda de Comida de Rua, no Porto. As sandes, confecionadas com os mais diversos ingredientes, eram vendidas em eventos. "Percorria tudo o que era eventos, porque como não há licença para a venda de comida de rua, tinha de aceitar a autorização da Câmara Municipal para participar em eventos" - acrescenta ao VerPortugal. "Aliás, o facto de não serem emitidas licenças para a venda de comida na rua é uma das grandes entraves ao negócio pelo que é necessário dar a volta e participar no máximo de eventos" - lamenta.

Um ano depois, em 2013, conseguiu abrir um ponto fixo no Mercado Municipal de Matosinhos. " A criação deste ponto surgiu porque havia necessidade de ter um espaço onde toda a comida fosse confecionada. Este é também um ponto de atendimento que está a ter uma boa aceitação" - explica. Outro dos pontos de venda, no Porto, é o quiosque no Metro do Hospital de S. João.

Apesar de, na Invicta, o negócio ter começado a dar frutos, Isabel Tavares, queria atingir o mercado da Capital, um lugar onde há muito mais turistas, onde se realizam muito mais eventos e, onde até as condições climatéricas são melhores. "O ano passado, quando soubemos que iria realizar-se em Portugal o Shark Tank, decidi, com a ajuda do meu marido, concorrer. A "Comida de Rua" foi passando as mais diversas eliminatórias, até que um dos tubarões se mostrou interessado em ajudar " - acrescenta a empreendedora. 

Apesar do programa só ter passado este ano na televisão, as gravações foram feitas o ano passado e, em Dezembro - conta Isabel Tavares - Tim Vieira (o tubarão investidor), decidiu que a entrada em Lisboa iria ser feita em grande. "Investiu mais do que pedi no programa e encomendou logo seis 'motinhas'. Por enquanto temos, no Porto, duas a funcionar. Em Lisboa estão três. E até ao fim do mês de julho entrarão em funcionamento mais duas" - explica.

Questionada sobre o fato de querer chegar a outros pontos do País e até mesmo a outros países, Isabel Tavares explica que "por enquanto o objectivo é solidificar muito bem os pontos de venda que a Comida de Rua tem. Dessa forma será mais fácil chegar a outros pontos de Portugal" - refere a mentora do projeto que não esconde que quer ela quer o sócio têm muita vontade em levar a Comida de Rua para outros países, nomeadamente para Angola onde ele já tem negócios.

Importante é também referir que a Comida de Rua tem tido inúmeras solicitações para abrilhantar eventos, festas e, imagine-se, até casamentos. "Está a ser muito gratificante todo o empenho e ajuda que tenho recebido. Sofri com o desemprego, mas hoje sinto-me feliz e realizada, apesar da responsabilidade acrescida, em poder gerar postos de trabalho" - revela dando nota de que são cinco os colaboradores fixos que tem, mas pontualmente, chega a ter uma dezena.

"Nunca pensei que a participação no programa me trouxesse tanto sucesso. Pensei que era uma aventura da qual poderia resultar apoio e que se não o conseguisse iria levar o meu projeto consoante as minhas possibilidades, mas a verdade é que neste momento existe um tsunami de coisas boas a acontecer" - acrescenta.

Nas diversas Piaggio e no ponto de venda fixo, podemos encontrar um sem número de coisas deliciosas. Sandes confecionadas com os mais diversos ingredientes. Existe comida para todos, incluindo vegetarianos. "Para a confeção temos tido o apoio do chefe Elísio Bernardes da Escola de Hotelaria do Porto. É a cargo dele que está a criatividade para a confeção dos menus que, se tornam realidade pelas mão de uma cozinheira" - refere.

Relativamente aos locais onde se pode encontrar as motinhas Comida de Rua, que também viram a imagem renovada depois da entrada de Tim Vieira no negócio, Isabel Tavares refere que...o melhor é estar atento às divulgações feitas através da rede social Facebook.

 

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