
Como surgiu a marca?
A Guava surgiu de um sonho e da minha infinita paixão pelo design. Esta minha paixão pelo design e pela arquitetura fez-me transmitir a essência das formas e a geometria do mundo para os acessórios de moda. O primeiro sapato da Guava foi desenhado por entre rabiscos enquanto trabalhava em Washington, nos EUA, numa empresa de Design de Mobiliário de Luxo, a Boca do Lobo.
Em que se inspira para desenhar?
A inspiração para os meus desenhos vem muito da arquitetura, mas permito que os meus sentidos sejam despertados por tudo o que me rodeia. Isso faz com que me inspire em pequenas coisas tão simples como um aroma, uma luz, uma pessoa, uma conversa, um prato que estou a cozinhar pela primeira vez, sabores, cores e formas. Gosto de permitir ter vários "motores" como inspiração para o meu trabalho.
Que balanço pode fazer destes quase cinco anos da marca?
Estes cinco anos de marca foram, e têm sido acima de tudo, desafiantes. Existiu muita aprendizagem e uma enorme realização pessoal e profissional. A paixão que tenho pelo que faço é o principal motor de trabalho. O motor que me permite aprender e ultrapassar os desafios que têm sido colocados ao longo do meu percurso. Nada se faz sem trabalho árduo e perseverança, mas sei que a paixão permite que tudo seja possível.
Porque arriscou na área do calçado?
O fascínio pelo calçado surgiu quando estava em Londres a estudar na London College of Fashion. Na altura tive uma tutora que sentiu a minha paixão, e me incentivou a desenvolver especificamente o meu trabalho dentro do design de calçado; tudo foi uma descoberta e revelação para mim desde então. A possibilidade de ter trabalhado na Jimmy Choo foi o ponto alto dessa experiência, que veio reforçar ainda mais a minha vontade de me desafiar no mundo do calçado.
Como é feita a escolha dos materiais? Por si, ou por quem os fabrica? Quais as suas preferências?
Todo o processo de desenvolvimento do produto é feito por mim, desde o desenho, à escolha de materiais e acompanhamento do protótipo. Esse processo é fascinante: desde o momento do desenho, até conseguir ter na mão a peça final que corresponde ao que foi idealizado em papel. Essencialmente, neste processo, procuro escolher materiais nobres, de grande qualidade, tendo sempre a preocupação com os detalhes, acabamentos e conforto do sapato. Para mim é essencial que o produto saia com o maior rigor possível.
Para onde vão os seus sapatos?
Neste momento estamos a vender em algumas lojas multimarca espalhadas pela Europa, Arábia Saudita e Dubai, mas fundamentalmente vendemos online para todo o mundo.
Foi muito difícil a internacionalização?
Desde o primeiro dia de vida da Guava que o foco do trabalho foi conquistar o mercado externo, e desde a primeira coleção que exportamos. Comunicamos e vendemos para todo o mundo e isso fez da marca uma marca internacional. No entanto temos inúmeros apoiantes em Portugal, que nos dão muita força, o que também me deixa muito orgulhosa.
Que apoios teve para criar a marca? Já conseguiu criar postos de trabalho?
A marca têm-se desenvolvido à medida do seu próprio crescimento, e sim já criou alguns postos de trabalho. No entanto somos ainda uma marca recente e pequena, mas esperamos muito em breve criar novos postos de trabalho.
Equaciona a possibilidade de lançar outros produtos para além dos sapatos?
Estamos de momento a lançar um novo acessório, a mala Guava, da qual estou muito orgulhosa, tendo tido uma enorme aceitação.
Por norma em que feiras marca presença?
Participamos, no passado, na feira MICAM. Para nós é a mais importante.
Qual a coleção preferida? Porquê?
A primeira, sem dúvida, por ter sido o motor de arranque da marca. No entanto, vem aí muitas novidades, pelas quais estou muito apaixonada!
Que prémios já alcançou?
O primeiro prémio foi em Londres, na London College of Fashion de "Best Student Award". A marca já esteve nomeada para dois Fashion Awards da Fashion TV. Recebeu um prémio em Dusseldorf na feira GDS "Prémio Revelação", um prémio de “Reconhecimento" da Universidade em Lisboa (IADE) onde me licenciei em Design Gráfico, e recentemente o prémio "Dream Award" em Shanghai.
O que significou este último alcançado em Xangai?
No culminar destes cinco anos, este prémio é um reconhecimento de todo o trabalho desenvolvido, de toda a dedicação e empenho. É uma sensação de extrema felicidade e a vontade de lançar a marca mais alto junto dos grandes nomes da moda.
O que lhe falta fazer no mundo do Design?
No design não há limites, por isso ainda há tudo por fazer. Mas diria que... o sapato mais notável de sempre!
Afinal, quem é Inês Caleiro?
No geral considero-me uma rapariga simples, e muito apaixonada pelo que faço. Adoro sorrir e gosto das coisas mais simples da vida. Estou sempre à procura de oportunidades, não gosto de esperar que elas apareçam.