Universidade de Harvard dedica retrospectiva a João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata

De 3 a 6 de Abril, o Harvard Film Archive da Universidade de Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo, dedica uma retrospectiva ao trabalho da dupla de realizadores João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata. A mostra intitulada “The Road to Macao” / “A caminho de Macau”, que contará com a presença dos cineastas, inclui, entre outros, a série de filmes inspirados na Ásia: “Iec Long” (2014); “Mahjong” (2013); “A última vez que vi Macau” (2012); “ Alvorada Vermelha” (2011) e “China, China” (2007).
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O novo trabalho de João Rui Guerra da Mata e João Pedro Rodrigues, “Iec Long”, é o quinto de uma série de filmes, denominados “filmes asiáticos” pelos autores, que marcam o reencontro de Guerra da Mata com Macau, cidade que marcou profundamente a infância do realizador. O filme estreou em Portugal no Porto/Post/Doc em Dezembro de 2014 e, desde então, tem integrado o circuito internacional dos festivais de cinema. A curta-metragem abrirá a segunda edição do Art of Real, mostra organizada pela New York’s Film Society que decorre no Lincoln Center de 10 a 26 de Abril.

Nos próximos meses, “Iec Long” integrará ainda a selecção de Festivais como o Next International Film Festival (Roménia), o Festival du Cinéma de Brive (França) e o Macao International Film and Video Festival 2015 – Macao Indies (China).

O filme dá a conhecer as ruínas de uma antiga fábrica de panchões – fogo de artifício em macaense – povoada de fantasmas e memórias dos trabalhadores, numa narrativa que desafia a realidade, criando um álbum de geografia física e emocional daquele lugar.

Para Haden Guest, diretor do Harvard Film Archive, Guerra da Mata e João Pedro Rodrigues “criaram uma série de filmes impressionantes e polimórficos que vão para além da definição tradicional do documentário e da narrativa (...) Estendendo a história, o mito e a memória instável de "A última vez que vi Macau", o recente ciclo de "filmes asiáticos" regressa a Macau e às personagens quase ficcionais inventadas por Guerra da Mata e Rodrigues.”

João Pedro Rodrigues e Guerra da Mata explicam que, apesar de terem recorrido a elementos de pesquisa como imagens de arquivo e documentos históricos, trabalharam a partir das próprias vivências: “por um lado, os documentários continuam a ter um papel importante na definição, exposição e transformação de realidades sociais mas, por outro, contar histórias com imagens e sons é tão mais cativante quando os filmes, que podem incorporar as qualidades essenciais de documentários tradicionais, não são completamente objectivos e neutros. E não transmitem toda a verdade, dado que o conceito de uma verdade inerente é em si mesmo uma falácia”, afirma a dupla.

João Rui Guerra da Mata nasceu em Moçambique tendo iniciado a sua carreira em cinema em 1995. Foi professor de Art Direction / Production Design na Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) de 2004 a 2011. Como Art Director / Production Designer trabalhou em várias curtas e longas- metragens, destacando-se a colaboração com o realizador João Pedro Rodrigues, em cujos filmes foi também co-argumentista. Esta colaboração extendeu-se à realização de vários filmes em conjunto. Em 2012 realizou a sua primeira curta-metragem a solo “O que Arde Cura”, que teve estreia no IndieLisboa.

João Pedro Rodrigues nasceu em Lisboa. Depois de um curso de Biologia frequentou a Escola Superior de Teatro e Cinema entre 1985 e 1989. Trabalhou em vários filmes como assistente de realização e montagem com alguns nomes conhecidos do meio cinematográfico português. Uma das suas primeiras curtas-metragens, “Parabéns!”, de 1997, participou no Festival de Cinema de Veneza onde recebeu uma menção especial do Júri. Em 2000, João Pedro Rodrigues levou a sua primeira longa-metragem, “O Fantasma” (2000), de novo ao Festival de Veneza e ao Festival de Cinema de Belfort, onde recebeu o Prémio para a melhor Longa Metragem Estrangeira. As suas longas seguintes, “Odete” (2005) e “Morrer como um Homem” (2009), estrearam ambas no Festival de Cinema de Cannes. João Pedro Rodrigues é, atualmente, bolseiro do Radcliffe Institute da Universidade de Harvard onde se encontra a trabalhar na sua próxima longa-metragem “O Ornitólogo”. 

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