Tomás Fernandes "desafia" Tiago Pires para final em Ribeira D'Ilhas

É já esta sexta-feira que começa a primeira etapa da Liga Moche 2016, o Allianz Ericeira Pro by Dakine. Entre os dias 18 e 20 de Março, Ribeira D’Ilhas volta a receber os melhores surfistas nacionais que vão assim dar início à luta pelos títulos máximos do Surf em Portugal: campeões nacionais masculino e feminino. Contudo, neste grupo de surfistas, dois deles podem partir com uma ligeira vantagem, ou não tivessem feito grande parte do seu desenvolvimento enquanto surfistas na famosa onda da Ericeira. É também por isto que são a cara do cartaz de apresentação deste campeonato.Tiago Pires, 36 anos, que venceu dois campeonatos do circuito mundial de qualificação nesta praia e vice-campeão nacional em 2015, e Tomás Fernandes, 20 anos, que ali conseguiu ficar em terceiro lugar no campeonato mundial júnior e foi nono classificado na Liga Moche 2015, revelam, em entrevista ao VerPortugal, a ligação especial que têm com aquela onda e o que esta significa para a sua carreira.
:
  

A cada um deles foram colocadas as mesmas questões. Por isso, as entrevistas podem ser lidas em simultâneo.

Quando foi primeira vez que surfaste Ribeira D'Ilhas?

Tiago Pires (TP) - Não me lembro bem mas deve ter sido por volta de 1990. Naquela altura, Ribeira D’Ilhas era para mim uma onda de sonho. Comecei a surfar em São Lourenço mas Ribeira D’Ilhas correspondia àquela imagem de sonho de uma onda muito comprida e perfeita. Tenho uma relação muito próxima com a onda, não só porque é das que melhor conheço como também por ser aquela onde ganhei mais campeonatos. Posso mesmo dizer que a minha linha de surf foi moldada pela onda de Ribeira D’Ilhas.

Tomás Fernandes (TF) - No meu segundo dia de surf com apenas 8 anos e fiquei logo viciado. A praia de Ribeira D’ Ilhas não é apenas onde cresci, mas também onde passei os melhores momentos da minha vida e onde, até agora, tirei os melhores resultados da minha carreira.

Que tipo de onda é a de Ribeira D'Ilhas?

TP - É um pointbreak. É bastante longa e quebra num fundo de rochas arredondadas, o que a torna numa onda simpática. Não é buracosa nem tem secções difíceis. É aquilo a que chamamos uma onda mole mas que ao mesmo tempo é boa porque permite fazer manobras de alta performance.

 TF - É uma onda que começa um pouco mole mas ganha força nas seções mais perto da praia (“inside”) e onde permite arriscar manobras de maior grau de dificuldade.

Como se ganha um campeonato em Ribeira D'Ilhas?

TP - A leitura e escolha das ondas é fundamental em Ribeira D’Ilhas. Há ondas que encaixam perfeitamente na bancada e outras que não entram tão bem e por isso não proporcionam tantas manobras. Depois, é tentar surfar a onda do início ao fim da mesma maneira. Ribeira D’Ilhas pede uma linha especial que, por vezes, até te obriga a “saltar” manobras, o que no fim de contas até poderá ser benéfico porque os juízes também avaliam a leitura que se faz das ondas.

TF - Conjugando vários fatores. No meu caso [N.R:Tomás ganhou a etapa da Liga Moche de Ribeira D’Ilhas em 2013], diria que foi ter a prancha certa, estar em forma, saber escolher as ondas que ligam com o “inside”, ter o apoio do público, amigos e família e, por último, quer queiramos quer não, ter aquela pontinha de sorte.

Que avaliação fazes do surf do Tomás Fernandes/Tiago Pires? E do surf dele especificamente em Ribeira D'Ilhas?

TP - À semelhança do que se passou comigo, o Tomás cresceu a surfar Ribeira. Por isso, sabe ler muito bem a onda e escolher a velocidade certa para a surfar. Isto é muito importante porque há surfistas que não sabem a que velocidade devem surfar ali e, parecendo que não, saber a velocidade certa muda as coisas a teu favor.

TF - Bem, perguntares o que eu acho do surf do melhor surfista português é uma “Não pergunta”. Foi o único a chegar à elite do Surf mundial e está tudo dito. Sobre o surf dele em Ribeira d’Ilhas, diria que ele é melhor em ondas mais pesadas e tubos...mas depois lembro-me que ele já ganhou dois campeonatos mundiais de qualificação em Ribeira e que, tal como eu, surfa cá desde pequeno. Mas como é mais velhinho tem mais anos de experiência acumulados…(risos).

O que esperas do Tomás Fernandes/Tiago Pires nesta etapa?

TP - Espero que o Tomás se dê bem e consiga um bom resultado. Se nos encontrarmos, vai de certeza ser um confronto engraçado.

TF - No último heat em estivemos juntos, eu ganhei, por isso, o Tiago deve querer vingar-se…(risos). Agora a sério, o meu objetivo é ganhar. Gostava que cada um de nós fizesse o seu percurso no campeonato e que a final fosse um contra o outro. Seria o encontro de dois surfistas da terra, que aqui cresceram e evoluíram. Mas o Tiago que esteja atento pois temos muito bons surfistas em prova que querem estragar-nos esse gostinho (risos).

De referir que para além dos títulos nacionais, o Allianz Ericeira Pro by Dakine marca o início da Allianz Triple Crown, troféu interno da Liga MOCHE que no conjunto das provas com Naming Sponsor Allianz, irá distribuir mais de seis mil euros entre o vencedor masculino e a vencedor feminina, encontram-se também em disputa o Ramirez Junior Award e a Renault Expression Session, ambos atribuindo 2.500€ anuais. A premiação global da Liga Moche 2016 será superior a 80 mil euros anuais.

Todas as etapas da Liga MOCHE têm transmissão em direto via liga.moche.pt, app mobile Surf MOCHE e MEO Kanal 202020, juntando-se ainda os programas de antevisão e resumo na RTP1 e Bola TV.

Mais nesta secção

Mais Lidas