JáFumega: a banda que criou verdadeiras obras-primas regressa para dar “nó cego” nos palcos de Portugal

Quando nasceram, nos anos 80, cantavam: “a cerveja já está choca; e o café quase a fechar. Sinto a cabeça tão oca, estou mesmo a flipar. Nó cego. Foi o que deste em mim rapariga! Nó cego. Tu deste-me cabo da vida”. Estiveram em “banho-maria” durante três décadas mas não foram para a “Latina América”. Estiveram sempre por cá, pelo país que os viu nascer e os tornou imortais. Sempre a trabalhar na área da música. Três décadas depois, regressaram “mais fortes e maduros” para, agora sim, dar um “nó cego” nas cabeças “ocas” que certamente vão “flipar” de tanta música boa que vem por aí. São os JáFumega que, apesar da agenda cheia, arranjaram espaço para dia 20 de junho subirem ao palco do Cine-teatro de Estarreja e darem um concerto diferente. O VerPortugal esteve à conversa com o vocalista da banda, Luís Portugal, e conta-lhe, em detalhe, o conteúdo da prosa.
Bruno Costa :: ONELETTERPHOTOGRA: Jafumega Promo Photoshoot :: One Letter Photography :: info@oneletterphotography.com :: www.oneletterphotography.com
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Já diz o ditado que “um bom filho à casa torna”. Foi o que fizeram, 30 anos depois de terem estado no inactivo, a banda Jafumega. O projecto nasceu, no início da década de 80, como consequência do fim de outras bandas, nomeadamente o quarteto de adolescente Mini Pop (grupo com os irmãos Barreiros).  Estiveram no ativo quatro anos. O tempo suficiente para lançarem no mercado três álbuns, com músicas imortais e que ainda hoje passam na rádio e poucos são os que não as conhecem. “Os Jáfumega surge da necessidade dos músicos que a criaram sentiram em partir para uma nova aventura musical com originais” – disse ao VerPortugal Luís Portugal, vocalista dos JáFumega.

Durante quatro anos, os elementos da banda - Mário Barreiros (guitarra), Eugénio Barreiros (teclado e voz), Pedro Barreiros (baixo), José Nogueira (saxofone e sopros) e Luís Portugal (voz principal) – deram o máximo para editar três álbuns: Estamos Aí (LP, Metro-Som, 1980), Jáfumega (LP, Polygram, 1982), Recados (LP, Polygram, 1983). Foram ainda editados uma série de singles: Dá-me Lume/Ribeira (Single, Metro-Som, 1981); Running Out/Zugueira (Single, Metro-Som, 1982); There You Are/My Daddy's Rock (Single, Metro-Som, 1982); Latin'América/Nó Cego (Single, Polygram, 1982);La Dolce Vita/Romaria (Single, Polygram, 1983).  Durante a primeira vida do grupo, os concertos foram sem conta. “Foram semanas a fio sem colocar os pés dentro de casa” – revelou Luís Portugal ao VerPortugal com voz e ar de satisfeito por saber que a banda onde quer que fosse “era bem acolhida”.

Depois aconteceu a paragem. Uma paragem de três décadas que ajudou os músicos, que agora já apresentam alguns cabelos brancos, a tornarem-se mais maduros na área à qual estiveram sempre ligados. Luís Portugal, por exemplo teve um projeto a solo. Mário Barreiros, por seu lado, ajudou um sem número de cantores a lançarem os seus projetos no mercado. “De referir que Mário Barreiros esteve na génese de Pedro Abrunhosa e de Rui Veloso” – explica Luís Portugal dando nota de que “a paragem aconteceu por cansaço e porque o mercado era outro, talvez mais fechado. Nos JáFumega sempre se fez tudo de forma muito minuciosa. A nossa banda não é de leitura fácil. Por isso, era necessária a paragem para acertos. A verdade é que a paragem se prolongou por muito mais tempo do que o previsto. Mas voltou” – refere ao VerPortugal o vocalista.

Em 2013 a banda voltou “com maior maturidade e isso vê-se nos concertos que já deram”. Agora – refere o vocalista – os Jafumega preparam-se para lançar o primeiro trabalho em DVD de um espetáculo que a banda está a produzir com a Filarmónica das Beiras e alguns registos dos concertos dados nos coliseus no ano de regresso. “Para além deste trabalho tempos tido muitos concertos de lotação esgotada” – refere Luís Portugal.

Os JáFumega não cantaram sempre em Português. O primeiro trabalho, “Estamos Aí”, apesar de ter título português, cantava-se em inglês. “Mas a partir desse trabalho passamos a cantar sempre na nossa língua as músicas escritas por Carlos Tê e José Soares Martins” – refere Luís Portugal dando nota de que há músicas cujas letras são poemas de poetas nacionais de referência. Para o vocalista “cantar em Português é sempre uma mais-valia porque em termos comerciais é muito mais difícil entrar se se optar por cantar em inglês”.

Interrogado sobre a mensagem que pretendem transmitir, Luís Portugal refere que “algumas delas como é o caso de Ribeira pretende ser o retrato de um local. Noutras exprimimos a nossa opinião sobre assuntos que nos preocupam. Outras não têm mensagem especial. Apenas queremos que quem nos ouve se divirta e seja feliz como nós quando as cantamos”.

Ao fim de tantos anos sem subir ao palco continua a ser para Luís Portugal um momento de nervoso miudinho. “Tal como aconteceu da primeira vez” – refere.

Quanto a trabalho, Luís Portugal diz que 2015 será um ano positivo porque os concertos tem sido mais do que muitos. “E ainda bem que agora existem muitos mais espaços onde até de inverno se pode atuar, o que não acontecia na década de 80”. Para além dos concertos poderão eventualmente surgir um ou outro original e que “apenas será colocado no mercado quando considerarmos que está impecável”.

No decorrer da conversa, Luís Portugal, aproveitou para falar do concerto marcado para dia 20 no cine-teatro de Estarreja. “Fomos convidados para atuar no décimo aniversário da infra-estrutura e prometemos algo diferente. Em palco vão estar mais de 40 pessoas porque os JáFumega vão atuar em conjunto com a orquestra Filarmónica das Beiras” – explica o vocalista acreditando que será “um concerto inesquecível”.

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