Varinas: o símbolo de Lisboa em documentário

Como foi possível que a vendedeira de peixe da Beira Litoral, chegada a Lisboa no século XIX, se transformasse num símbolo da capital? O documentário Varinas – Um Símbolo de Lisboa narra a história da presença da comunidade (o)varina na cidade, leva-nos ao encontro das últimas varinas de Lisboa e mostra-nos o fascínio que esta mulher arrojada e desinibida, deixou no imaginário alfacinha.
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O Cinema São Jorge vai receber no próximo dia 21 de maio, pelas 21h30, o documentário Varinas – Um símbolo de Lisboa. A entrada é gratuita no limite dos lugares disponíveis, e os bilhetes podem ser reservados por telefone (213 103 400) ou diretamente na bilheteira do cinema São Jorge.

A estrutura do documentário insere-se no levantamento de Memórias da cidade de Lisboa, assente no projeto de investigação sobre as Varinas realizado pelo Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa.

Iniciado em 2013 com o registo de testemunhos orais das últimas varinas de Lisboa, considerando a sua urgência e pertinência para memória futura, seguiu-se uma ampla investigação interdisciplinar. Esta assentou em fontes documentais, gráficas e audiovisuais que permitiu conhecer esta comunidade, as relações entre si, os seus quotidianos, bem como a varina enquanto figura popular, mulher trabalhadora e mãe, cuja liberdade na linguagem, costumes e atitudes na rua cedo captaram variadas atenções, convertendo-se, por mérito próprio, em símbolo da cidade de Lisboa. A sua postura afirmativa e despida de preconceitos, espartilhos ou convenções, o seu caráter desinibido e irreverente, visível no espaço público, surge num contexto onde este era ainda de domínio masculino.

A dimensão e atitude desta comunidade (o)varina marcaram de forma indelével a cidade, atribuindo-lhe um novo fácies, onde os seus costumes e tradições foram a marca de uma identidade que atravessou a centúria de oitocentos e veio a dissipar-se ao longo da segunda metade do século XX, envolta numa melancólica saudade da figura que animava e perturbava a pacatez da Lisboa ainda rural. O documentário conta com a participação de Senos da Fonseca e Márcia Carvalho do Museu de Ílhavo, José Garcia e Delminda Rijo do Gabinete de Estudos Olisiponenses, António Miranda do Museu de Lisboa, Maria de Aires Silveira do Museu de Arte Contemporânea do Chiado, Gonçalo Gonçalves e Pedro Prista do ISCTE – IUL, André Fernandes e Luís Martins da Universidade Nova e Sofia Tempero do Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa. Através do corpo de depoimentos destes convidados, o filme aborda as vivências desta comunidade, desde o seu “berço” na laguna de Aveiro até ao momento do desaparecimento do mercado da ribeira em Lisboa.

O realizador Fernando Carrilho é coordenador do Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca e autor de vários documentários, onde se destacam os recentes Ophiussa – Uma cidade de Fernando Pessoa (2012), Bairro Alto – 500 Anos (2013) e A Paisagem de Artur Pastor (2014).

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