Laboratório d'Estórias: dois anos, oito estórias

Dois anos depois de lançar a primeira peça, o Laboratório d’Estórias, de Caldas da Rainha, cresceu. As peças de cerâmica da marca caldense partem agora de viagem, à procura de novos mercados. Na bagagem levam os saberes e tradições que desde o século XIX tornam as Caldas da Rainha numa referência no mundo da cerâmica e muitas estórias para descobrir.
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O que acontece quando às mais ancestrais técnicas da cerâmica das Caldas da Rainha se juntam a ilustração e a escrita? Surgem peças que ultrapassam em muito o seu propósito decorativo ou funcional. Peças que reinterpretam e valorizam a cultura e as tradições portuguesas e que além de recuperarem a história têm uma estória própria para contar.

É com este intuito que em junho de 2013 nasce, pelas mãos de Rute Rosa e Sérgio Vieira, o Laboratório d’Estórias, um espaço experimental de design que junta tradição e contemporaneidade. Apaixonados pela cerâmica das Caldas da Rainha, cidade que os acolheu enquanto estudantes e que escolheram para se fixarem, os dois designers quiseram recuperar os saberes de barristas e oleiros que fazem a história da cerâmica caldense, iniciada por Maria dos Cacos no século XIX e que alcançou o seu esplendor com José Cipriano – conhecido como “O Mafra” – e com o génio de Rafael Bordalo Pinheiro.

Para o conseguir, o casal rodeia-se de uma equipa multidisciplinar e que reúne diferentes gerações. Aos designers juntam-se, como contadores da estória de cada peça, pessoas com vasta experiência na manufactura, ilustradores e escritores. O resultado: peças pensadas ao pormenor, com uma estória própria, desvendada em cada embalagem e no site do Laboratório d’Estórias (www.laboratoriodestorias.com).

“A Medusa e O Manjerico” foi a primeira peça e começou a ganhar forma numa pequena barbearia da cidade. Um manjerico em faiança, fornecido com uma carteira de sementes de manjerico para cultivo e adornado a preceito por um cravo de papel feito à mão e uma quadra de Fernando Pessoa.

Desde então, o Laboratório d’Estórias deu nova vida a vários ícones da cultura portuguesa e a saberes que têm passado de geração em geração em peças como “A Alfacinha dos Caracóis”, uma folha de alface pintada manualmente que serve de prato a petiscos, ou “O Corvo Malandro”, uma peça decorativa em faiança, enobrecida por duas patas em latão fundidas manualmente em molde de areia. A estas juntam-se “Martinho e as estrelas”, “Os Canários da Atlântida” e “Pilhas de Luz”. Peças embaladas com todo o pormenor por Rute Rosa e Sérgio Vieira, que todos os dias vêm o seu Laboratório d’Estórias crescer mais um bocadinho... como se de um filho se tratasse.

As portas do Laboratório d’Estórias estão sempre abertas a novas ideias e a novas estórias. Afinal, o que se pretende é que este seja um espaço criativo. Foi desse espírito que resultou a peça mais recente, lançada já em 2015. “A Varina e o chá das 5”, um bule de grés fino, é fruto da colaboração artística entre o Laboratório d’Estórias e a dupla Storytailors, numa homenagem a uma das figuras mais marcantes do imaginário português.

Nestes dois anos de história, o Laboratório d’Estórias tem marcado presença nas mais conceituadas lojas portuguesas. O mercado externo é agora uma das apostas, sendo já possível encontrar as peças do Laboratório d’Estórias em diversos pontos de venda em Espanha, Holanda, Alemanha e Inglaterra.

A Medusa e o Manjerico

Totalmente feita à mão, a peça “A Medusa e o Manjerico” é composta por um vaso em terracota de fabrico português e uma campânula (manjerico) em faiança vidrada. É ainda ornamentada com um colorido cravo de papel, feito à mão por uma artesã portuguesa especializada, acompanhado de uma quadra popular de Fernando Pessoa.

No interior do vaso encontra-se ainda uma carteira de sementes de manjerico para cultivo, fornecida por um dos maiores produtores nacionais desta planta tradicional.

Existe em dois tamanhos, grande (94x145 mm) e pequeno (76x120mm), e em duas cores, verde e branco. Os cravos em papel estão disponíveis em várias cores.

A peça é ainda acompanhada de uma ilustração e história exclusiva de um herói chamado Perseu que se apaixonou pela Medusa, a lendária mulher de cabelos de serpente cujo olhar transformava tudo em pedra.

Os Canários da Atlântida

Lançada em Maio de 2014, “Os Canários da Atlântida” é uma peça que combina dois materiais distintos: a faiança e o latão oxidado. Os canários são coloridos segundo o uso da técnica da pintura manual a aerógrafo. Os ramos negros, onde pousam, são únicos, produzidos segundo o processo de fundição em molde de areia, e todo o seu acabamento é manual.

Cada peça é acompanhada por material de fixação, possibilitando a colocação na parede ou suspensão, como por exemplo em prateleiras, a partir da introdução de um lastro.

Uma peça ou o seu conjunto possibilita uma variedade d posições e recriações formais, apelando à criatividade e interacção de quem a(s) possui. A peça é ainda acompanhada de uma ilustração exclusiva e de um texto, que conta a história da formação das ilhas dos Açores, da Madeira e das Canárias, com base na famosa lenda do continente perdido da Atlântida.

A Alfacinha dos Caracóis

Utilizando a tradição da técnica manual de aplicação de borracha, esta tradicional folha de alface foi especialmente pensada para servir caracóis ou outros petiscos num prato que faz uma alusão à própria cidade de Lisboa.

Vidrada e pintada manualmente com dois tons de verde, é adornada com um caracol e dois indispensáveis palitos da marca portuguesa Campeões. Esta peça permite a lavagem na máquina e o uso do microondas. Existe em duas versões, com e sem caracol.

A peça é acompanhada de uma ilustração exclusiva e de um texto que conta a história da origem do termo “alfacinhas” para se referir aos habitantes de Lisboa bem como a de uma jovem vendedora de alfaces de cabelo encaracolado que um dia salvou a cidade de Lisboa de um cerco.

Pilhas de Luz

“Pilhas de Luz “é uma construção de frutos secos – amêndoas, figos ou nozes – rememorando as tradicionais pilhas de frutas, os célebres fruteiros decorativos das faianças das Caldas.

Esta peça é em faiança e vidrada manualmente a cor – verde, roxo ou amarelo mel – ou branco mate, pela técnica do mergulho. O empilhamento e a colagem dos frutos é feita pelo vidrado. Realçada por uma vela, cor de mel, produzida manualmente na emblemática Caza das Vellas Loreto.

A acompanhar a peça, uma ilustração exclusiva e o resumo do conto “No Céu mil estrelas, na terra Pilhas de Luz”, que conta a história de um Outono que demorava a partir e de um Inverno que se entreteve a fazer pequenas pilhas de frutos secos enquanto aguardava a sua hora de chegar.

Martinho e as Estrelas

“Martinho e as Estrelas” é uma peça em faiança vidrada manualmente a duas cores, segundo o uso da tradição da técnica manual do mergulho e da vidração à pistola.

Inspirada nos espinhos e nos tons do ouriço da castanha, esta peça existe em três cores alusivas à tradicional faiança das Caldas: verde caldas, verde musgo e castanho manganês.

Permite a lavagem à máquina e o uso do microondas.

A peça é acompanhada de uma ilustração exclusiva e de um texto que reinterpreta a tradicional lenda de São Martinho que, ao atirar os ouriços das castanhas para o céu, transformou-os em estrelas e deu origem ao famoso Verão de São Martinho.

O Corvo Malandro

“O Corvo Malandro” é uma representação de uma observação própria, e faiança, vidrado e decorado segundo o uso da tradição da técnica manual do mergulho e da pintura sobre vidro. Uma peça enobrecida por duas patas fundidas em latão natural ou em latão oxidado, segundo o processo de fundição manual em molde de areia.

A peça é acompanhada de uma ilustração exclusiva e de um poema, que conta a história de como o símbolo da cidade de Lisboa se transformou no animal de estimação preferido de todos os taberneiros da cidade, antes de desaparecer para sempre.

Monte das Oliveiras

“Monte das Oliveiras” é uma composição de três peças – um prato para degustação de azeite, uma taça e uma tábua – que representa a tradição da olivicultura em Portugal e cujo desenho é ditado pela paisagem simbólica do olival.

As peças são produzidas em pasta de grés fino, banhadas manualmente num vidrado branco translúcido e complementadas por peças naturais de madeira de oliveira, criteriosamente colhida no olival português. A taça pode ser lavada na máquina, no microondas e no forno.

Esta composição de peças é acompanhada por uma ilustração exclusiva e um resumo do texto “Monte das Oliveiras”, que conta como esta árvore foi sempre admirada, em todas as épocas e em muitas dimensões – dos tempos em que só os pássaros se alimentavam dos seus frutos até aos dias de hoje, em que o seu sumo é valorizado e apreciado.

A Varina e o Chã das 5

Georgina, Maria da Conceição, Hermínia, Madalena e Ana integram o elenco de cinco + 1 (Convidada) bules Varinas, uma personagem em forma de objecto, disponível em preto, azul, rosa, verde, amarelo e branco.

“A Varina e o chá das 5” surge de uma colaboração artística com os Storytailors e é uma peça de homenagem a uma das mais emblemáticas figuras tradicionais da cidade de Lisboa e de Portugal: a Varina.

Fabricada em grês fino, esta é uma peça banhada em vidrado translúcido, corada e desvidrada manualmente, segundo o uso da tradição da técnica de aplicação de borracha. Permite a lavagem na máquina de lavar e o uso do microondas.

A 1.a série desta edição especial da peça “A Varina e o Chá das 5”, limitada a 250 exemplares por cada personagem, integrou a exposição – Varinas de Lisboa, no Museu de Lisboa – Palácio Pimenta.

A peça é acompanhada por uma ilustração exclusiva e por um resumo do texto “A Varina e o chá das 5”, que conta a história de cinco varinas cujos fatos se inspiram nas cores da cidade de Lisboa e na tradição do chá.






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