Nova espécie para a ciência identificada na costa algarvia

São espécies do filo Kinorhyncha, as primeiras descritas em Portugal, duas delas totalmente novas para a ciência e foram encontradas em amostragens realizadas na costa algarvia, por um biólogo que contou com o apoio de investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR).
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A meio fauna é composta por animais com dimensões entre um milímetro e 38 micrómetros, que vivem entre os grãos de areia ou no lodo dos ecossistemas aquáticos. Tendo representantes de vários grupos de animais - os designados filos - esta comunidade é importantíssima para o estudo da biodiversidade e, até, para a tomada de decisões políticas em prol de um desenvolvimento ambiental sustentado.

De facto, a presença de meio fauna relaciona-se positivamente com a qualidade dos sedimentos das zonas costeiras que, por sua vez, têm um elevado valor sócio-económico devido às atividades turística e pesqueira aí realizadas. No ambiente marinho, são exemplo desta comunidade de animais alguns crustáceos e vermes microscópicos.

Outros grupos há que são exclusivos da meio fauna marinha, como é o caso do filo Kinorhyncha – vulgarmente designados dragões do lodo.

Tendo por objectivo iniciar o estudo sobre a biodiversidade de quinorrincos em Portugal, o biólogo Ricardo Neves, investigador da Universidade de Basileia, na Suíça, fez varias amostragens na costa Algarvia e na Ria de Aveiro, entre Fevereiro de 2012 e Setembro de 2014. De entre várias espécies de Kinorhyncha encontradas, duas são totalmente novas para a ciência. As novas espécies, descobertas na zona de Faro e Albufeira e a uma profundidade entre 35 e 100 metros, foram designadas Echinoderes lusitanicus e Echinoderes reicherti.

O trabalho de Ricardo Neves resultou da cooperação entre o grupo de Investigação Pesqueira (CFRG), do CCMAR, a Universidade de Basileia (Biozentrum) e o projeto Europeu ASSEMBLE.

A descrição destas novas espécies foi recentemente publicada na revista científica Marine Biology Research (http://tandfonline.com/doi/full/10.1080/17451000.2016.1154973). Este artigo é assinado por Ricardo Neves, como primeiro autor, e conta ainda com a participação de investigadores de Espanha e da Dinamarca.

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