Allianz Sintra Pro: o segredo do sucesso segundo Pedro Henrique e José Ferreira

A Liga MOCHE volta à água já esta sexta-feira para a sua quarta etapa, o Allianz Sintra Pro. Entre os dias 3 e 5 de junho, os melhores surfistas de Portugal vão estar na Praia Grande em Sintra para disputar os principais títulos da modalidade no nosso país: campeões nacionais. A liderar o grupo de surfistas que têm os olhos postos na vitória estão os dois atletas que figuram no cartaz do Allianz Sintra Pro: Pedro Henrique e José Ferreira. Pedro chega à Praia Grande depois de ter vencido a etapa anterior da Liga, no Porto, que o fez subir para a segunda posição do ranking nacional, estando nas contas para a atribuição do título de campeão deste ano. Já José Ferreira continua em busca da sua primeira final do ano e do regresso ao top 5 nacional, onde figurou nas últimas três edições da Liga MOCHE. Em entrevista, os dois surfistas, acabados de chegar de uma prova internacional, revelam as suas motivações para o Allianz Sintra Pro e desvendam o segredo para uma carreira de sucesso no surf profissional.
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Acabaste de regressar de um campeonato do circuito mundial de qualificação no Japão. Como correu este desafio?

Pedro Henrique (PH)– Sabíamos à partida que o mar ia estar difícil. Fui preparado para apanhar condições assim, porém, às vezes, por mais preparados que estejamos, com as pranchas certas e a saber o que precisamos de fazer, o mar não colabora. Foi o que me aconteceu na bateria em que perdi. As condições não estavam fáceis e uma única onda fazia a diferença para qualquer um dos competidores. Faltou-me uma onda e não consegui avançar. É assim, faz parte do jogo da competição. Agora é avançar para o próximo.

José Ferreira (JF) – A competição estava a correr-me bem até ao dia em que acordei com uma contractura nas costas que afetou a minha performance. Mais ainda, naquele dia o mar tinha descido bastante e, como tal, era preciso estar bastante ativo e enérgico dentro de água. Embora me estivesse a sentir bem a competir, sinto que a minha postura em cima da prancha foi afetada por estes dois fatores. As ondas estavam também algo incertas e sinto que não entrei no ritmo daquele heat.

Com que motivação vais para o Allianz Sintra Pro?

PH – Para mim, o foco na Liga continua o mesmo porque o meu principal objetivo é a qualificação para o circuito mundial. O meu foco não é ser campeão de todas as etapas, mas sim sentir que estou a evoluir de etapa em etapa. Ainda assim, quero participar na Liga da melhor maneira possível e é lógico que vou dar 100% quando surfar. Vou tratar sempre a Liga da melhor maneira possível e com toda a dedicação.

JF – No surf, já se sabe como é: se te deixas afetar em demasia por resultados individuais, estás em maus lençóis. O surf é muito assim e estamos muitas vezes dependentes do mar. Tens de fazer um “reset” em cada campeonato e perceber que cada campeonato é uma nova chance de ganhares. Vou para a Praia Grande para isto.

Qual é o segredo para conseguir manter um espírito positivo de campeonato em campeonato?

PH – Perder nunca é fácil e nunca é bom. Mas o importante é percebermos o que está a acontecer de um ponto de vista macro. Se estamos em crescimento ao longo do ano, se a performance continua em evolução, se as pranchas estão a ser bem trabalhadas e se as táticas estão a ser bem estudadas. Uma vitória ou uma derrota não deve definir muita coisa a longo-prazo. São muitas competições ao longo do ano e vai haver sempre uma próxima.

JF – O meu é aprender com os meus erros. Analisar o que fiz bem e mal e, depois, seguir em frente. Acredito que a consistência dos meus resultados na Liga explica-se com o trabalho e treino que faço. Contudo, a consistência que tenho conseguido ainda não é a que desejo. Mas penso que tem tudo a ver com a dedicação e energia que pões naquilo que fazes. Como em qualquer outra coisa na vida.

O José Ferreira/Pedro Henrique, partilha contigo a imagem do cartaz do Allianz Sintra Pro. Como o caracterizas enquanto surfista?

PH – O Zé é um surfista muito talentoso. É um candidato ao título nacional e um dos principais surfistas da Liga. É um surfista que também tem crescido a nível internacional e ganho destaque, principalmente em ondas de qualidade. É um dos principais surfistas de Portugal e, por isto tem de estar sempre à procura do seu espaço no circuito mundial.

JF – O Pedro é um surfista que cresceu no Brasil e, como tal, tem um surf tipicamente brasileiro, o que veio trazer muito ar fresco à Liga. Quando vês um heat do Pedro, sabes que vais ver aéreos e outras manobras que se calhar não estamos habituados a ver nos tops portugueses. A chegada do Pedro foi, sem dúvida, um input positivo para a Liga. É muito difícil surfar contra ele. É um grande surfista e está sem dúvida entre os melhores da Liga MOCHE.

A Liga MOCHE recebe nas suas competições vários surfistas jovens que têm a ambição de um dia vir a ser surfistas profissionais. Que conselhos lhes dás na busca por este sonho?

PH – A Liga é muito importante para esses surfistas pois é através desta competição que eles vão conseguir ter a noção de se gostam realmente do que estão a fazer. Tornares-te surfista profissional é relativamente fácil. Agora, decidir viver do desporto e dedicares-te totalmente a ele durante anos e anos, é o mais difícil. Tens de gostar muito do que fazes porque a competição não é fácil. Vais ter várias derrotas e momentos difíceis pelo que é preciso ter muita força de vontade para continuar a treinar e batalhar na busca pelos teus objetivos. O conselho é acreditar e gostar realmente do que fazem.

JF – Na minha opinião, o surf é um desporto muito individual e singular, pelo que conselhos muitos gerais são difíceis de dar. No surf, cada pessoa precisa de uma estratégia diferente para chegar lá. De qualquer forma, o que posso dizer é que a "mistura explosiva” para as coisas correrem bem é a de gostar daquilo que fazemos e fazê-lo bastante.Na minha opinião, o surf é um desporto muito individual e singular, pelo que conselhos muitos gerais são difíceis de dar. No surf, cada pessoa precisa de uma estratégia diferente para chegar lá. De qualquer forma, o que posso dizer é que a “mistura explosiva” para as coisas correrem bem é a de gostar daquilo que fazemos e fazê-lo bastante.

Para além da disputa dos títulos nacionais, o Allianz Sintra Pro é também a terceira e última etapa da Allianz Triple Crown, troféu interno da Liga MOCHE que no conjunto das provas com Naming Sponsor Allianz, irá distribuir mais de seis mil euros entre o vencedor masculino e a vencedor feminina. Actualmente, os líderes deste sub-troféu são Gony Zubizarreta nos homens, sendo que Camilla Kemp e Carol Henrique dividem o primeiro lugar nas senhoras. Encontram-se também em disputa o Ramirez Junior Award e a Renault Expression Session, ambos atribuindo 2.500 euros anuais, para além do Sintra Best Surfer no valor de 1.500 euros. A premiação global da Liga Moche 2016 será superior a 80 mil euros anuais.

 


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