
A intervenção artística que tem como objetivo honrar aquela árvore, tirando partido da sua beleza e imponência e valorizar o parque e a natureza envolvente é ainda pouco comum no nosso país.
A árvore que tanto marcou o horizonte do Parque da Devesa nestes últimos anos vai entrar numa nova etapa, continuando a fazer parte deste espaço, alcançando um outro protagonismo. A árvore que morreu em pé vai ganhar agora uma nova vida pelas mãos do escultor Isaque Pinheiro. O grande Carvalho-alvarinho (Quercus robur) que se situa no talude entre a Casa do Território e o moinho morreu há mais de dois anos. Ultimamente, quedas dos seus ramos demonstraram a necessidade do abate por questões de segurança, o que aconteceu no dia 2 de maio de 2016. Media 30 metros de altura, pesava sete toneladas e tinha cerca de 110 anos.
A partir da próxima segunda-feira, dia 20, Isaque Pinheiro começa a sua obra devolvendo vida a esta árvore.
Isaque Pinheiro nasceu em Lisboa, em 1972. Vive e trabalha no Porto. Para além de exposições individuais nas galerias, Caroline Pagès em Lisboa, Mário Sequeira em Braga, Presença no Porto, Esther Montoriol em Barcelona, Laura Marsiaj no Rio de Janeiro, Moura Marsiaj em São Paulo e Ybakatu em Curitiba, destacam-se também participações em exposições coletivas no Stenersen Museum em Oslo, Centro Galego de Arte contemporânea em Compostela e Caixa Cultural do Rio de Janeiro.
Está representado nas coleções Fundação Caixanova em Espanha, Museu da Bienal de Cerveira em Vila Nova de Cerveira, Centro Galego de Arte Contemporânea em Compostela, Fundação PLMJ em Lisboa e Fundação Edson Queiroz, Fortaleza, Brasil, entre outras.
Para já o artista não desvenda a sua obra, mas assume a ideia do corte, como ponto de partida para a construção do seu trabalho. De resto, num texto da autoria de Marta Bernardes, acerca da obra de Isaque Pinheiro pode ler-se o seguinte: “(…) A questão que apetece colocar é a de como aceder ao saber que ela, a árvore, encerra. Inevitavelmente qualquer gesto de indagação, de acesso a qualquer conhecimento (que com tanta graça se acredita estar no interior de cada coisa) implica, em maior ou menor grau, uma certa violência: a de abrir, separar, matar, cortar para, assim, destruindo, poder (re)construir um entendimento. Um entendimento implica um Corte. Aceder ao saber de uma árvore supõe precisamente roubar-lhe, ou pedir de empréstimo, interromper por instantes a sua condição de árvore: bater-se com ela, embater(-se), abater(-se).”