Primeiro LED orgânico e flexível tem assinatura da Universidade de Aveiro

Um grupo de investigação da Universidade de Aveiro (UA), em colaboração com o Centro de Nanotecnologia, Materiais Técnicos e Inteligentes (CeNTI), é o primeiro a conseguir um LED orgânico com, simultaneamente, boa prestação em termos de estabilidade na luminosidade branca, possibilidade de modelação de cor e simplicidade de construção. A produção de protótipos arranca a meados de agosto.
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Esta ainda pequena vitória, mas grande em termos avanço científico-tecnológico, abre a porta a possíveis e inúmeras aplicações no futuro. Por exemplo, ao nível dos revestimentos para iluminação e sinalética em construção civil (2D e 3D) e de dispositivos genéricos como equipamentos eletrónicos, moda artística e decorativa.

O LED orgânico, mais conhecido por OLED, não é uma área nova de investigação e tem sido foco de grande produção científica, chegando aos milhares de artigos científicos por ano, e que envolve grandes empresas multinacionais da área da iluminação. Entre equipas de vários pontos do mundo com orçamentos de dezenas de milhões de euros anuais, há um pequeno grupo do Departamento de Física da UA, liderado por Luiz Pereira, com um orçamento de alguns milhares de euros que conseguiu chegar bem à frente no restrito grupo dos líderes mundiais nesta área.

Os avanços na investigação científica em semicondutores orgânicos, ao longo de vários anos, permitiram, por exemplo, a conquista da categoria “Clean Tech” do Prémio BES Inovação em 2010, com o projeto FotOrg – Fotovoltaicos Orgânicos de Baixo Custo, apresentado por Luiz Pereira. Os resultados mais recentes foram tornados públicos na 6ª Conferência Internacional em Nanomateriais Avançados que decorreu de 20 a 22 de julho, na UA, e têm a ver com o desenvolvimento do OLED branco.

Obteve-se uma película com cerca de três centímetros quadrados, um milímetro de espessura, com estabilidade de cor, fácil modelação de cor, ou seja, qualquer tonalidade de branco pretendida – e com uma simplicidade estrutural que é facilmente transposta para a indústria. Mas o grupo de investigação da UA foi ainda mais longe: o conceito de prova numa película de 16 centímetros quadrados – existem menos de uma dezena no mundo – demonstrou bons resultados naqueles três parâmetros. “Com esta estabilidade de cor, possibilidade de modelação de tonalidade e simplicidade estrutural, não existe mais nenhum conhecido no mundo”, sublinha Luiz Pereira, investigador do i3N, laboratório associado em que participa a UA.

Produção de protótipos começa no final de agosto

Parte da investigação geral em OLED tem decorrido no âmbito de redes internacionais, iniciando-se agora mais um projeto com apoio do Horizonte 2020, envolvendo 15 instituições.

A partir do final de agosto, a equipa vai começar a produzir protótipos no CeNTI. Mas a investigação para conseguir alargar a área de OLED vai continuar. O registo de patente está a ser estudado e decorrem contatos com potenciais interessados na comercialização destas finas estruturas luminosas.

O investigador do i3N e da UA explica que a grande vantagem dos OLED é a emissão em área e a eficiência energética. Na base da estrutura dos OLED estão moléculas à base de carbono. Trata-se de estruturas organizadas em área que produzem luz difusa e não por pontos ou lineares como nos casos mais comuns. Os OLED já são usados, por exemplo, em ecrãs de smartphone (displays), mas estes têm as caraterísticas diferentes dos estudados na UA que são destinados à iluminação. Conseguem-se filmes cerca de duas a cinco mil vezes mais finos que um cabelo que se tornam fortemente luminosos aplicando uma diferença de potencial. A espessura total do dispositivo está apenas dependente do suporte (substrato).

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