A ideia surgiu no decorrer de uma conversa entre o administrador da Faria da Costa, Nuno Costa, e um cliente estrangeiro que se havia queixado de não conseguir assistir a um evento de rali na Suécia por causa do frio que sentia nos pés. Nuno Costa, conta ao VerPortugal que começou a pensar numa forma para solucionar este problema. Surgiu, então, a ideia de colocar nas peúgas um sistema de aquecimento. Para dar andamento à ideia nada melhor do que pedir ajuda ao CITEVE para efetuar testes e ver se a inovação seria viável.
No CiTEVE foram efectuados testes durante três anos. Concluiu-se, recentemente, que o melhor seria colocar nas peúgas umas baterias que começassem a gerar calor assim que a temperatura dos pés baixasse. "As peúgas, que já estão em fase de fabrico nas instalações da Faria da Costa, são aquecidas por baterias, que permitem manter os pés quentes entre 8 e 16 horas e regulam automaticamente a temperatura" - explica o gestor dando nota de que o novo produto foi apresentado, em maio passado, na Alemanha, no decorrer da Techtextil 2015.
Segundo declarações de Nuno Costa ao VerPortugal, as meias integram um sensor, na zona da planta dos pés, e duas baterias semelhantes às de um telemóvel, colocadas na parte das peúgas que cobre o tornozelo. "São baterias com cerca de quatro centímetros de altura que quase não se notam e não causam incómodo", garantiu o mentor da ideia garantindo que o dispositivo permite três níveis de temperatura diferentes, que são acionados de acordo com as necessidades do utilizador.
As meias, que já estão em produção na empresa fundada há 27 anos e que emprega já 75 funcionários. Destinam-se, essencialmente, aos países nórdicos. E, as primeiras 100 deverão ser enviadas, em setembro, para a Dinamarca e Suécia. A empresa trabalha essencialmente par ao mercado externo. "De forma direta ou indireta para o estrangeiro - Alemanha e países nórdicos - vai 90 a 95 por cento da produção" - acrescenta dando nota de que em Portugal as meias serão apenas vendidas para fins medicinais.
Enquanto os funcionários produzem as meias com dispositivo de aquecimento, no CITEVE já se trabalha numa nova investigação. Nuno Costa ficou sensibilizado com o facto de em Espanha ter desaparecido um alpinista português e decidiu investir para saber se é ou não possível criar-se umas peúgas com GPS.
"As investigações ainda decorrem mas se tudo acontecer como o previsto, no próximo ano poderemos colocar no mercado o novo produto" - explica ao VerPortugal o administrador da Faria da Costa.
Segundo declarações de Nuno Costa, o objectivo é integrar nas meias um dispositivo, idêntico às baterias, que ajude o alpinista em caso de perda a encontrar a direção certa a tomar. "São inúmeras as noticias que ouvimos sobre o desparecimento de alpinistas na serra do Gerês e da Estrela bem como noutras zonas do Globo. Se for possível a introdução do novo produto no mercado será uma mais-valia" - frisa.
Apesar de se poder usar GPS quando se pratica alpinismo, Nuno Costa refere que em caso de queda ou até mesmo de uma avalanche, o GPS pode separar-se facilmente do alpinista. "Uma meia dificilmente sai dos pés, mesmo em caso de queda. E, em caso de catástrofe maior, se o dispositivo estiver devidamente programado será mais fácil prestar socorro"- refere o interlocutor.
Estes são apenas alguns dos projetos que Nuno Costa tem em mente para continuar a manter bem viva a empresa familiar que administra. "Nos próximos tempos muitos outros projetos poderão surgir" - concluí.