Senza: uma história fascinante com sonoridade original e surpreendente

Dois musicos portugueses , Catarina Duarte e Nuno Caldeira, decidiram fazer uma viagem de vários meses ao Sudeste Asiático... E lá, escreveram as canções do álbum que estão agora a lançar. Nas suas músicas, os SENZA contam histórias que viveram e falam de locais que visitaram. O trabalho musical que trazem de volta, resume a inspiração das viagens dentro da viagem. Daqui para a frente, garantem, fica o compromisso de nas futuras evasões darem seguimento ao álbum que agora apresentam: “Praia da Independência”.
:
  

Como surgiu o grupo?

Surgiu no início deste ano, numa viagem que fizemos ao Sudeste Asiático e que nos inspirou para escrever canções que contam histórias que vivemos e locais que visitámos.

Porquê o nome Senza?

Soa bem! Senza é o nome de um instrumento musical que entra no álbum.

O grupo escolheu cantar em português. Porquê?

Faz todo o sentido cantar na nossa língua. É certo que a língua portuguesa nos torna a composição mais difícil porque sentimos que a responsabilidade com o significado de cada palavra é muito maior do que com uma língua estrangeira, por exemplo em Inglês. Por outro lado, na nossa opinião, o resultado final de nos exprimirmos em português é muito mais nobre. Para além do mais, a nossa sonoridade tem tudo a ver com a língua portuguesa.

Qual o estilo de música?

Tocamos e cantamos em português com uma mistura de influências a que gostamos de chamar “fusão lusófona”.

Porquê viajar para poder escrever a letra das músicas? E porquê o sudeste asiático?

Não há melhor inspiração do que estar à mercê de estímulos menos habituais, sejam estes passar por experiências e vivências mais fortes, ou o próprio ato de sair da zona de conforto, onde temos todos os nossos hábitos e damos tudo como garantido. E nisto as viagens são óptimas! O gosto pelas viagens é­nos natural e não foi somente uma ferramenta para a escrita das canções... foi também para a sua composição! Podemos dizer que juntámos o útil ao agradável. A escolha do Sudeste Asiático, deve-­se ao fato de termos viajado em 2012 desde Moscovo até Xangai sem transportes aéreos. Resolvemos no ano de 2015, partir dali mesmo, de Xangai. Era Janeiro, optámos por ir rumo ao calor do Sul.

Porquê o título "Praia da Independência" para o primeiro trabalho?

É o nome de uma praia no sul do Cambodja. Adorámos os dias que lá passámos e foi lá mesmo que começámos esta aventura de escrever as nossas canções originais. Sentimos que era uma ótima forma de pagar a inspiração dando o nome da praia ao álbum. Para além disso juntámos­-lhe uma visão metafórica sobre a nossa experiência, a distância, e a ideia de independência num sentido mais abrangente... Não arriscaríamos dizer que é uma mensagem política ou social, mas nós cá temos a nossa forma de pensar no significado do nome. Ah, e o nome entrou bem no ouvido!

As músicas falam de viagens feitas pelos mentores do projeto. Pode dizer­-se que o primeiro trabalho pretende ser como que um livro de memórias/recordações?

Sim! Há quem escreva livros de viagens, artigos em blogs, em diários, quem fotografe... nós registámos a nossa viagem através da forma de expressão que nos é mais natural e que temos à nossa disposição. Todas as histórias das canções, as ideias musicais das participações de músicos com quem tocámos por lá, são memórias prontas a relembrar e a partilhar.

Os trabalhos vão ser sempre neste âmbito, a contar histórias de viagens?

Esperamos que sim e é um assunto que colocámos na mesa logo desde o início. Para nós faz sentido que a música que fazemos seja sincera e intencional e as viagens ajudam­-nos nisso. No entanto, não queremos impedir que as eventuais ideias não relacionadas com viagens, não possam merecer um investimento. Que os trabalhos em si têm que ser uma viagem, têm que conter uma mensagem lusófona e de certa forma conservar o “pedigree” de música independente, disso temos a certeza.

O que pretendem transmitir ao público?

Queremos acima de tudo contar, com a nossa música, a nossa história. Da mesma forma que cada escritor escreve ao seu estilo, também nós criámos a nossa visão sobre os episódios e peripécias da nossa viagem, em português, do ponto de vista de dois músicos portugueses.

Para o lançamento do primeiro trabalho e para a criação do grupo, que investimento foi feito?

Não sabemos quantificar, mas foi uma loucura desde o início da viagem até ao fecho do álbum. Falamos de cerca de oito meses, com viagens, gravações experimentais, mudanças de casa pelo meio, sessões de estúdio... É melhor não fazermos grandes contas. Das maiores viagens da nossa vida, isso sim!

Quais as influências da banda?

Há nas nossas músicas um pouco daquilo que fomos ouvindo ao longo dos tempos e não seria justo falarmos de autores, são tantos! Mas podemos encontrar algo da Música Ligeira Portuguesa do antes e do após 25 de Abril, da MPB, das mornas cabo­verdianas, até algo do Jazz. Talvez sejamos um pouco ecléticos. Éticamente ecléticos, tentamos...

Este é o primeiro projeto dos elementos da banda? Se não, em que outros projetos estiveram envolvidos?

É o primeiro projeto em que estamos como fundadores de uma banda! Apesar de já há alguns anos ambos fazermos participações profissionalmente em outros contextos musicais ligados a espetáculos corporativos, casinos, à casa da música e outros.

Como vai ser a apresentação do grupo e do primeiro trabalho?

Estamos a trabalhar nisso neste momento, e as ideias não faltam. Para já só podemos revelar que temos participações especiais.

A música é a única actividade profissional dos elementos da banda? Se não, que outra actividade exercem?

Neste momento sim. Já fizemos várias coisas... Temos formação superior em Matemática, e Tecnologias de Informação (Catarina) e Novas Tecnologias da Comunicação (Nuno).

Que formação musical tem os elementos do grupo?

Ambos temos formação clássica no conservatório em canto e guitarra clássica. No entanto desenvolvemos os nossos estudos musicais de forma independente para outras áreas como o Jazz e MPB.

Como vê o panorama da música em Portugal?

Muito mais aberto a novos artistas e ao mesmo tempo positivamente, um pouco mais exigente do que há uns anos atrás.

A nível de apoios, o Senza tem tido alguns?

Temos, felizmente! O dos amigos. Os amigos músicos, os amigos um­pouco­menos­músicos (aqueles que não tocam mas que nos ajudam da mesma forma) e de todos que acreditam em nós e no nosso projecto. No booklet do CD vêm lá.

Para este ano, apesar de ainda não terem sido apresentados, já há concertos?

Temos o concerto de apresentação que será confirmado ainda este mês e a promessa de arrancarmos em força no Outono.

Qual o tema preferido do primeiro trabalho?

Catarina: Em Viagem. Nuno: Dólar Americano.

Conselho que querem deixar a quem pretende lançar um projeto como o vosso?

Demorem o tempo que for preciso. Nós próprios íamos lançando um álbum completamente diferente do que queríamos “por causa das pressas”! A grande lição que tirámos até agora foi essa... perceber o que se quer fazer, e isso requer muito mais trabalho do que possa parecer.

Para se "vingar" na música em Portugal é necessário participar em concursos como "Idolos"?

Não queremos responder de forma desagradável, mas ao mesmo tempo não queremos deixar de ser sinceros. A nossa definição de sucesso e de fama é diferente. E para nós o Ídolos é um programa de entretenimento televisivo onde podemos ver grandes talentos do género pop de massas. Pode gerar famosos da noite para o dia? Parece que sim. Até aqui não há nada de muito grave, mas na nossa opinião o programa tem um efeito negativo na produção de música nova e no aparecimento de novos talentos. Isto porque normaliza a perceção do sucesso musical nas camadas mais jovens ­ o sucesso passa a ser definido como “ganhar o Ídolos”, enquanto que o programa não deveria para estes ser representativo do que é ser um artista de sucesso. Cada vez mais estamos convictos que os casos de sucesso de vencedores do Ídolos dão em artistas que são tratados pela industria como algo descartável. Não é a nossa definição de sucesso.

Galeria

Mais nesta secção

Mais Lidas