Curtas Vila do Conde apresenta cinco produções próprias

Depois do arranque, no sábado, com a exibição dos dois primeiros volumes de “As Mil e Uma Noites”, de Miguel Gomes, e “A Ovelha Choné: o Filme” – em três sessões esgotadas – o Curtas Vila do Conde prossegue até 12 de julho com uma programação diversificada. Ontem, segunda-feira, o Festival deu início à apresentação, em estreia mundial, das cinco produções próprias. Destaque ainda para o arranque da Competição Nacional.
:
  

O Curtas Vila do Conde tem produzido, nos últimos anos, vários filmes, sobretudo no contexto do Campus, onde realizadores experientes trabalham com equipas de estudantes. Em 2015, o Festival apresenta três novas curtas-metragens, produzidas na segunda edição deste projeto, realizadas por Lois Patiño, Sandro Aguilar e Manuel Mozos. Estas curtas-metragens apresentam visões muito distintas onde o registo documental e a ficção se cruzam livremente inspiradas na cultura, na paisagem ou na história da nossa região.

"Noite Sem Distância”, de Lois Patiño, é focado na fronteira entre Portugal e a Galiza, desenvolvendo as histórias que habitam esses espaços, nomeadamente o papel do contrabando no desenvolvimento dos dois países. “Decidi representar uma cena de contrabando na Serra do Gerês em estradas que os contrabandistas realmente usaram. E as pessoas da região participariam enquanto atores (muitos deles foram, inclusivamente, contrabandistas na juventude)”, explica o galego Lois Patiño.

Para "Undisclosed Recipients”, Sandro Aguilar escolheu como ponto de partida a energia do festival de Paredes de Coura. "Interessou-me observar por uma vez os jovens, aqui num certo estado físico e mental, misto muito sugestivo de alheamento e alerta”, refere o realizador.  

Já Manuel Mozos, inspirou-se numa carta que José Régio escreveu, em 1929, a Alberto Serpa onde manifestou a vontade de fundar uma produtora para começar a fazer cinema. Durante quase noventa anos, nada se soube sobre o desfecho deste pedido: nunca se encontrou qualquer resposta de Serpa à carta e Régio não terá voltado a mencionar o assunto. "A Glória de Fazer Cinema em Portugal” tenta desvendar o desfecho desta história.  

Serão ainda exibidos no Curtas Vila do Conde, em antestreia mundial, dois projetos particulares: "Vila do Conde Espraiada”, de Miguel Clara Vasconcelos, e “Nossa Senhora da Apresentação”, de Abi Feijó, ambos a partir de residências artísticas na Solar – Galeria de Arte Cinemática.

Em "Vila do Conde Espraiada”, Miguel Clara Vasconcelos – o vencedor da competição nacional do Curtas Vila do Conde 2014 com “O Triângulo Dourado”– parte do poema de José Régio para reviver as memórias da sua infância passada na cidade. “A memória de Vila do Conde é também a memória da minha mãe. Quando faleceu, tive uma vertigem. O tempo passado nessa vila-cidade parecia desaparecer bruscamente, escapar-me, morrer em mim. Na edição de 2014 do Festival de Curtas Metragens, percebi que era urgente trabalhar essa matéria sensível, mágica, que é a infância e que foi para mim Vila do Conde” , refere Miguel Clara Vasconcelos na nota de intenções.

O filme foi desenvolvido a partir de recolha de materiais como textos, gravações, fotografias combinadas com imagens provenientes de filmes familiares, do arquivo municipal de Vila do Conde e de imagens inéditas de realizadores locais. O resultado é uma obra cinematográfica múltipla, com uma curta-metragem para sala de cinema e várias peças audiovisuais de carácter expositivo.

Por sua vez, "Nossa Senhora da Apresentação” resgata um poema neorrealista de 1940 escrito por Álvaro Feijó. A animação realizada por Abi Feijó, Alice Guimarães, Laura Gonçalves e Daniela Duarte, será apresentada na Cerimónia de Encerramento do Festival, a 12 de julho.

O Curtas Vila do Conde, que decorre até 12 de julho, conta com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde, do Secretário de Estado da Cultura, do Instituto do Cinema e Audiovisual, do programa MEDIA/Europa Criativa e de vários parceiros imprescindíveis à realização do Festival.

Mais nesta secção

Mais Lidas