Lipscani: a marca de acessórios de moda criada com 500 euros está prestes a chegar a Nova Iorque

A arquitetura portuguesa serve-lhe de inspiração. A formação académica e o bom gosto ajudaram-na a idealizar o sonho. Uma ajuda de 500 euros por parte dos pais foram a rampa de lançamento para a marca portuguesa de acessórios de moda Lipscani nascer e, três anos depois, estar prestes a entrar no mercado de Nova Iorque. A mentora do projeto, Mariana Pires, é uma jovem designer de moda que luta afincadamente por tornar a marca numa referência mundial.
:
  

Foi inspirada por Portugal, mais concretamente na arquitetura portuguesa que a jovem Mariana Pires, designer de moda, decidiu criar os acessórios de moda para a marca Lipscani. Uma marca que havia sido criada, em 2010, pela sua mãe mas que só tinha objetos de joalharia.

Mariana Pires tinha adquirido os conhecimentos no decorrer do percurso académico e em todas as formações feitas no estrangeiro na área do design. Precisava de passar à prática. Pensou, falou com a família e, das mãos da mãe, recebeu 500 euros para investir no próprio negócio. "Quinhentos euros era muito pouco mas era o que havia e como os acessórios são sempre objetos mais acessíveis do que roupas ou sapatos decidi começar por aí. Pelos lenços. Consegui produzir, em 2012, quatro lenços com a quantia que a minha mãe me deu" revela ao VerPortugal a mentora do projeto que, depois de vender a amigos e familiares os lenços inspirados na arquitetura nacional, decidiu reinvestir o dinheiro em novos produtos. "E tem sido sempre assim. À medida que vou vendendo as minhas criações feitas a partir de inspirações na arquitetura nacional, vou investindo em novos produtos. Assim, aos lenços fui juntando também outros objetos como as carteiras, capas para telemóveis, etc" - acrescenta Mariana Pires que desde o início da aventura já conseguiu arrecadar para a marca alguns prémios. O Prémio Mercúrio é um desses exemplos.

"A marca está a crescer de forma sustentada e as vendas são feitas, na esmagadora maioria para o estrangeiro. Aliás, tendo em conta os preços dos nossos produtos, são os estrangeiros quem mais podem investir e a prova disso foi a campanha de crowdfunding lançada para novos investimentos. Foi dos Estados Unidos e do Reino Unido que chegou a maior parte da verba angariada" - acrescenta Mariana Pires que, agora, está prestes a rumar até Nova Iorque. "É lá que vou estabelecer uma série de contatos com vista a introduzir no mercado novaiorquino os produtos Lipscani" - refere a jovem designer.

Por cá, as vendas são feitas numa loja do Algarve, de forma online "e em diversos estabelecimentos que compram algumas das nossas coleções" - refere a mentora dando nota de que para a criação dos produtos usa como matéria prima a pele de vaca de origem nacional e as tecidos de cetim. "A produção não é feita na zona sul de Portugal, mas sim no Centro e Norte do País".

Se os acessórios de moda Lipscani nasceram com os lenços, esse é um dos produtos que deve integrar todas as coleções. Todas ou quase todas. E quase todas porquê? "No início usava a seda para produzir os lenços, mas acabei por passar para o cetim. Contudo, os pedidos para voltar à seda têm sido muitos. De modo que, nesta coleção os lenços não fazem parte dela porque estão a ser feitos novos desenhos para, em 2016, serem colocados à venda novos modelos. Desta vez, inspirados no Fado. E para além dos lenços, as carteiras e outros acessórios também vão ter um toque de Fado" - revela ao VerPortgal.

Apesar da marca já existir há alguns anos, Mariana Pires ainda não criou postos de trabalho definitivos. "Já cedi estágio a diversos designers. Estágios remunerados. E trabalho com várias pessoas em regime de prestação de serviços. A Lipscani ainda não tem condições para criar, de forma permanente, postos de trabalho" - diz a jovem dando nota de que "quem sabe daqui por mais algum tempo eu também não irei criar emprego".

Os produtos Lipscani não são propriamente acessíveis a todos os consumidores. "Apesar de todos poderem usar os acessórios, a faixa etária que os consegue comprar são mulheres entre os 35 e os 50 anos. São clientes que têm algum interesse pela arte, pela cultura" - salienta dando nota de que as vendas, no caso de particulares são feitas de forma individual mas "quando é para uma loja tem de ser a coleção toda a sair porque os nossos produtos só têm força, numa montra, quando estão juntos".

Mais nesta secção

Mais Lidas