Há quantos anos está ligado à fotografia?

A minha primeira máquina fotográfica, uma Agfa, foi oferecida pelo meu padrinho de baptismo, o matador de toiros Manuel dos Santos em 1972. Os primeiros trabalhos mais sérios surgiram durante o curso de História na Universidade de Coimbra em finais dos anos 80.

O que o fez entrar nesse mundo uma vez que se especializou em História?

Penso que podem ser atividades complementares e que a fotografia pode ser um magnífico meio para transmitir o conhecimento histórico, levando mais gente a interessar-se pela história e até a procurar mais informação sobre o que veem numa fotografia.

As fotos que faz, que uso lhes dá?

Este é já o nono livro de fotografias que publico mas para além dos livros estou em constante atualização da minha base de imagens sobre Portugal. Para além disso disponibilizo com frequência fotografias para entidades que me solicitam.

"Portugal Panorâmico" é a sua mais recente obra. O que a levou a publicar?

A grande paixão que tenho pelo nosso país. Não é muito grande em território mas é enorme em belezas naturais e artísticas e com uma diversidade surpreendente para o tamanho que temos.

O que pretende com a obra?

Divulgar Portugal, não só entre estrangeiros como entre nacionais. Convidar as pessoas a viajar de norte a sul e ilhas e descobrirem um país magnífico que espera por todos e que os sabe receber. Quem nos visita quer voltar!

Na sua perspetiva, Portugal poderá recuperar a estabilidade investindo no Turismo, nas suas mais diversas vertentes?

Sem dúvida mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Não só para nos adaptarmos à quantidade de turistas que recebemos (e não podemos baixar a qualidade) como para estarmos no topo da lista de preferências a par de destinos mais tradicionais.

Marcelo Rebelo de Sousa escreveu o prefácio. Na altura não era Presidente da República. Agora é! Como se sente? Um privilegiado?

Claro que sim! Não só pela honra de ter tão ilustre prefaciador como pelas amáveis palavras que constituem o texto e pelo reconhecimento do meu trabalho na divulgação de Portugal.

 De que forma estruturou o livro? Percorreu o Continente e as Ilhas? Em que se baseou e que pesquisas fez?

Este álbum começa com fotografias que se vão estendendo de norte para sul do continente e termina com os arquipélagos da Madeira e Açores. Fazer um livro de fotografias de um país requer muitos quilómetros de estrada e muita programação para rentabilizar as viagens com o maior número de imagens captadas possível. Muito estudo/conhecimento para saber e decidir o que fotografar, onde, a que horas e em que época do ano.

O que se pode destacar no livro?

Variedade! A grande variedade que constitui o nosso país. Temos praias de águas quentes, de águas frias, com arribas, planas. Serras com neve, cascatas paradisíacas. Castelos medievais, Fortes renascentistas, Igrejas românicas, góticas. Vestígios pré-históricos, romanos. Tentei mostrar o que, na minha perspectiva, Portugal tem de melhor. É evidente que isto é sempre subjetivo e muitas imagens que mereciam aqui estar tiveram de ficar de fora. Mas penso que o que haverá mais a destacar é que Portugal no seu todo merece ser visitado. 

O projeto surge depois da publicação de "Lisboa Iluminada " e "Portugal Panoramas". O que pretendeu com estas obras? As vendas foram boas. Mais em Portugal ou no estrangeiro?

Nestes álbuns tento mostrar não só o que todos já conhecemos como também aquilo que ainda é desconhecido da maioria das pessoas. Tento sempre que possível fotografar de uma forma diferente ou numa nova perspectiva. Seja através do preto e branco, da luz do luar, da cor do céu... Este formato e a fotografia panorâmica tem sido muito bem aceite não só pelos nacionais como pelos estrangeiros. Penso que se consegue ter imagens abrangentes num livro que não é muito grande nem muito pesado. A coleção dos Iluminados já é uma questão diferente mas qualquer deles já teve varias reedições.

Colaborou com grandes figuras nacionais que já não estão, infelizmente, entre nós. O que aprendeu com eles?

Ao longo da nossa vida aprendemos sempre com os outros, e com tudo o que assimilamos acabamos por criar o nosso próprio estilo. Os programas do Professor José Hermano Saraiva e da Videofono eram um verdadeiro convite a viagem. Os programas do Raul Durão eram uns divulgadores de cultura. Penso que isto se reflete no meus trabalhos.

Já tem novo projeto em andamento? Pode falar um pouco sobre ele?

Já estou a trabalhar no próximo livro desta coleção, que irá também apresentar paisagens pejadas de “segredos” magníficos para descobrir. Mas prefiro não revelar ainda qual o seu teor…

Já pensou em fazer algo idêntico para outros países?

Gostaria de fazer outros livros mas isso são projetos com custos que não posso suportar sozinho. Espero encontrar forma de os viabilizar, estou aberto a sugestões de apoio.  

Quem é, afinal, Nuno Cardal? 

Sou um português que adora o seu pais e que tenta, dentro das suas valias, dar a conhecer Portugal o melhor possível. Como gosto de história e de fotografia tento fazê-lo por estes meios. Gosto de contar histórias da História e podem adivinhar quem me incentivou. Gosto de fotografar e quando digo fotografar tenho de referir que ainda o gosto de fazer em película quer em 35mm, medio formato e grande formato. Para mim este é o verdadeiro ato de fotografar. Uso obviamente o digital pois nem sempre há tempo para trabalhar com filme. Gosto de estudar história e fotografia e gosto de transmitir aquilo que vou aprendendo.

Estou sempre disponível para o fazer, sempre que sou solicitado.

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