Relação entre vinho, arte e património aumentam exportações nacionais

A distribuidora Lusovini, com empresas em vários países lusófonos e na Ásia, pretende fidelizar clientes estrangeiros e potenciar o aumento das exportações através da relação do vinho com a arte e o património português.
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Numa iniciativa que decorre desde segunda-feira e se prolonga até domingo, a empresa sediada em Nelas, distrito de Viseu, está a proporcionar uma viagem a um grupo de cerca de duas dezenas de importadores estrangeiros pelas principais regiões vitícolas portuguesas.

"O objetivo é dar um toque diferente à visita dos clientes que temos no estrangeiro, trazê-los a ver as vinhas e provar os vinhos, mas também mostrar um pouco da nossa cultura e isso tem está a ser bem aceite e apreciado por todos", disse hoje à agência Lusa o administrador José Campos.

O responsável, que falava à margem de uma visita à Universidade de Coimbra, salientou que a iniciativa é um prémio pelo desempenho que os clientes tiveram no passado e que se espera no futuro se venha a traduzir em mais crescimento das vendas".

Segundo José Campos, "o objetivo é fidelizar os clientes e mostrar que aquilo que compram e vendem nos seus países tem uma sustentabilidade".

"Muitas vezes a dificuldade destas pessoas é transmitir a realidade onde se produz, as vinhas, de onde sai o vinho, qual a origem e é mais fácil vender um produto quando conhecemos tudo o que está por trás", frisou.

A avaliar pela reação de alguns dos empresários da comitiva - constituída por brasileiros, angolanos, moçambicanos, chineses e americanos - a iniciativa pode dar frutos no aumento das vendas internacionais da Lusovini, que pretende, dentro em breve, atingir uma quota de 70 por cento de exportações no seu volume de transações.

Filipe Martins, sócio-gerente da Wine Lovers, no centro de Maputo, em Moçambique, que comercializa anualmente mais de cinco mil garrafas de vinho português, considera que "esta compreensão vai permitir vender e explicar melhor as características e a proveniência dos vinhos".

"Ao compreendermos melhor as características e a proveniência dos vinhos que comercializamos faz com que possamos transmitir informação de forma mais interessante aos nossos clientes, com outro tipo de conhecimento, e acredito que isso se reflita no aumento das vendas", salientou.

Vinda do outro lado do Atlântico, a brasileira Rosélia de Araújo, gerente de um estabelecimento comercial em Campinas, no interior do Estado de São Paulo, também considera que para comercializar qualquer tipo de produto precisa de conhecer o que está a vender.

O estabelecimento que administra é considerado uma referência em venda de vinhos portugueses no Brasil, com três a quatro mil garrafas vendidas por mês, mas o potencial de crescimento é, segundo Rosélia de Araújo, superior a 40% relativamente às vendas atuais.

"Conhecendo os vinhos, levo para o Brasil a oportunidade de lançar e aumentar a gama de produtos que estão saindo na Lusovini e estamos abertos a comercializar tudo aquilo que tem de novidade no mercado de Portugal", sublinhou.

Em Angola, nem a crise económica e financeira parece afetar o consumo de vinhos portugueses, como refere Victor Calumga, estabelecido em Luanda, que aponta como maior problema as dificuldades na importação.

O empresário explica que o consumo não baixou e mostra muitas potencialidades de crescimento, mas que atualmente "não se consegue importar e fazer o expatriamento do capital" devido à falta de divisas.

"Há dois anos que temos uma dificuldade que é a desvalorização da moeda, fruto da baixa do petróleo", refere Victor Calumga, que anualmente fatura cerca de 2,5 milhões de euros em bebidas, dos quais 80 por cento se referem à venda de vinhos portugueses.

A visita promovida pela Lusovin, acrescenta, "fideliza e compromete mais o parceiro e é algo de diferente que os outros operadores no mercado não fazem".

Para o empresário, a iniciativa gera uma maior identificação com todos os produtos da Lusovini e "uma responsabilidade de, nesta fase, trabalhar com as pessoas que nos sabem valorizar".

Neste roteiro promovido pela distribuidora de Nelas, estão também incluídas visitas aos centros históricos de Lisboa, Porto e Évora, ao Museu da Tapeçaria em Portalegre, ao Museu Nacional Machado de Castro em Coimbra e ao Museu Grão Vasco em Viseu.

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