CMU Portugal: 10 anos, 15 universidades, 120 empresas

Em 10 anos de atividade, o Programa Carnegie Mellon Portugal (CMU Portugal), financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), e que envolve 15 universidades portuguesas, a Carnegie Mellon University (CMU) e 120 empresas parceiras, mobilizou mais de 900 estudantes, investigadores e docentes dos dois lados do Atlântico, apoiou cerca de 50 projetos colaborativos de investigação, atraiu mais de 15 milhões de euros de cofinanciamento privado, acelerou os projetos de 17 equipas empreendedoras portuguesas nos Estados Unidos, e impulsionou a criação de 11 startups, que já atraíram mais de 67 milhões de dólares de investimento de capital de risco, na sua maioria internacional, e criaram mais de 200 postos de trabalho qualificados. Estes são alguns dos números do CMU Portugal, a plataforma de educação, investigação e inovação que integra universidades, instituições de investigação e empresas portuguesas em colaboração com a CMU, dos EUA.
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Lançado em 2006, a principal missão do Programa é colocar Portugal na vanguarda da ciência e da inovação em áreas focadas de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), através da investigação de ponta, da excelência na formação pós-graduada e de uma ligação muito próxima com as empresas portuguesas.

"Nestes 10 anos, construímos um ambiente criativo em que Portugal e CMU têm colaborado nos desafios colocados pelas sociedades do conhecimento e pelas TIC como seu principal alicerce,” referem os diretores do Programa, João Claro e José Manuel Fonseca de Moura.

Para o diretor do Programa em Portugal, João Claro, "os objetivos iniciais do Programa CMU Portugal passavam por melhorar a colaboração entre as universidades portuguesas e destas com as empresas, aprendendo com o enorme sucesso de CMU nestas matérias, e por intensificar a integração do país nas redes internacionais de conhecimento e de negócios, em que CMU tem uma presença muito forte. O que aconteceu foi muito além disso. Criámos um ecossistema internacional fértil, na captação de talento, na investigação, nos modelos a seguir, na capacitação das instituições, e nos fluxos de ideias e de pessoas entre academia e empresas, e esses ingredientes resultaram numa cultura empreendedora ímpar que vai da ciência à inovação, com resultados fantásticos. O que conseguimos em termos de desenvolvimento de talento e de criação de conhecimento, e da sua aplicação a problemas importantes do dia-a-dia das pessoas e das instituições é a prova do nosso sucesso e o maior incentivo à continuação do Programa”.

Uma colaboração internacional estreita e fértil na educação e na investigação

A forte componente educativa do Programa mobilizou um total de 370 estudantes de doutoramento e de mestrado profissional de grau dual (diploma da Universidade Portuguesa e diploma da CMU). Os programas doutorais, em particular, registaram mais de 900 candidaturas às cerca de 120 posições abertas. Os Programas de Estágio de Investigação e de Intercâmbio de Docentes já admitiram também, respetivamente, 37 estudantes e 67 docentes, que realizaram uma experiência de imersão em CMU, nos EUA., em Pittsburgh ou em Silicon Valley.

Já no domínio da investigação, o Programa envolveu em colaborações com CMU várias dezenas de universidades e centros de investigação portugueses, e várias dezenas de empresas portuguesas que cofinanciaram com mais de 4 milhões de euros os 25 Projetos Colaborativos lançados na primeira fase (2006-2012) do Programa, e as 12 Iniciativas Empreendedoras de Investigação e 10 Projetos Exploratórios lançados na segunda fase (2012-2017). Estes projetos deram origem a mais de mil publicações, muitas em revistas e conferências de topo, mais de 100 protótipos, várias dezenas de distinções e prémios, cinco patentes e três spinoffs universitárias.

"O Programa Carnegie Mellon Portugal foi pioneiro no desenvolvimento de modelos de parceria internacional entre instituições de ensino superior, institutos de investigação e empresas, modelos esses que estão agora a ser replicados em outras partes do globo, nomeadamente na China e na Rússia,” elucida o Diretor do Programa em CMU, José Manuel Fonseca de Moura.

O Instituto de Tecnologias Interativas da Universidade da Madeira (M-ITI)

Criado em 2009 no âmbito do Programa CMU Portugal, o M-ITI é considerado um polo de inovação a nível regional, nacional e internacional, nomeadamente pelo trabalho desenvolvido em investigação na área da interação homem-máquina. Desde a sua criação que este instituto se destaca na captação de talento e no desenvolvimento de projetos de investigação inovadores. O nível de empregabilidade dos alunos situa-se acima dos 90 por cento e o Governo Regional da Madeira já lhe atribuiu o estatuto de utilidade pública pois organiza e desenvolve as suas atividades, sem fins lucrativos, em prol de toda a região. E porque cria e apoia iniciativas de formação avançada de recursos humanos e presta serviços do mesmo domínio, cooperando com instituições do ensino superior e instituições de investigação, na área de interação homem-máquina, nomeadamente com o Pólo Científico e Tecnológico – Madeira Tecnopolo, SA.

11 startups impulsionadas e 17 equipas empreendedoras aceleradas nos EUA

Entre as 11 startups que nasceram no âmbito do Programa CMU Portugal e que já levantaram um financiamento de capital de risco total de mais de 67 milhões de dólares (Dognaedis, Feedzai, Geolink, Mambu, Orange Bird, Prisma, RedLight Software, Sentilant, Streambolico, Veniam e Virtual Traffic Lights), estão empresas que constituem já referências.

A título de exemplo, pode-se apontar a Feedzai, a atuar na prevenção de fraude em pagamentos eletrónicos. Desde 2013 que esta empresa tem tido crescimentos médios anuais de 300 por cento, e é um futuro potencial unicórnio português. Menção, ainda, para a Geolink, que desenvolveu uma tecnologia para comunicação e avaliação de serviços de táxi, instalada em 1.400 veículos de 13 concelhos do país. Por último, referência à Veniam, considerada uma das 50 empresas mais disruptivas do mundo, de acordo com um ranking publicado pela CNBC. A trabalhar na aplicação da tecnologia Wi-fi em veículos, a empresa foi também considerada uma das 15 melhores do mundo da indústria wireless, segundo a FierceWireless.

Das 17 equipas que já participaram no inRes, o acelerador de negócios do Programa CMU Portugal, três vão estar no próximo Web Summit, que se realiza em Lisboa, em novembro. São elas, a Addvolt, a Helppier e a Xhockware.

A AddVolt concebeu a solução tecnológica "WeTruck" que poupa mais de 90 por cento no consumo de diesel dos sistemas de refrigeração de camiões, reduz o ruído em 30 por cento e corta 844 quilos nas emissões mensais de CO2 por veículo. A Helppier desenvolveu um software online que permite criar ajudas interativas para um site ou aplicação web, num curto período de tempo, enquanto a Xhockware criou um sistema num dispositivo que permite, através de um smartphone, reduzir as filas de espera em hipermercados, melhorando a experiência do cliente e reduzindo custos para os retalhistas.

Transferência de conhecimento para as empresas

Nestes 10 anos, João Claro destaca ainda a transferência de conhecimento, experiência e redes de contactos internacionais para as empresas. "Porque é isso que temos conseguido fazer com o trabalho lado a lado com empresas como a Portugal Telecom, a Novabase e a Nokia Siemens, nossas parceiras desde o primeiro momento, nos nossos projetos de investigação, e com a colocação nas empresas da grande maioria dos estudantes que fizeram os seus estágios, mestrados e doutoramentos no âmbito do Programa CMU Portugal. E é por estarmos a fazer isso muito bem que ao longo da primeira década de existência cresceu desta forma o número de empresas nossas parceiras”, orgulha-se o diretor nacional do Programa CMU Portugal.

Avaliação e futuro

O Comité de Avaliação Externa do Programa CMU Portugal, na visita mais recente, manifestou uma vez mais a forte convicção de que este “é um programa de classe mundial, imaginativo e com a capacidade de gerar valor distintivo e de operar uma mudança cultural positiva nas universidades em Portugal. Todos os envolvidos (governo, FCT, universidades e empresas, professores e estudantes em Portugal e na Carnegie Mellon University) podem estar justamente orgulhosos do que está a ser alcançado." De acordo com João Claro e José Manuel Fonseca de Moura, é precisamente "com a confiança proporcionada pelos resultados já alcançados, que nos mantemos firmemente comprometidos com a criação de um futuro com um Portugal líder em Ciência e Inovação".

As atividades do Programa CMU Portugal são financiadas pela FCT, apoiadas pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e cofinanciadas pelas empresas parceiras pela CMU.

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