Web Summit: Primeiro dia com problemas na wi-fi e 3 mil participantes “à porta”

Aguardado com grande expetativa, o arranque da primeira edição da Web Summit em Portugal começou com meia hora de atraso e com Paddy Cosgrave, co-fundador da Web Summit a lançar um “Uau, isto é completamente louco” perante os cerca de 15 mil presentes no MEO Arena, relembrando que “quando há seis anos comecei isto, apareceram 400 pessoas. Hoje estão aqui mais de 53 mil pessoas de 166 países. Obrigada a todos os que vieram de todos os cantos do mundo para estar aqui hoje”.
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Do lado de fora ficaram cerca de 3 mil participantes que, obrigados a assistir à cerimónia por um ecrã gigante, iam manifestando a sua insatisfação pelas várias redes sociais. A pensar neles e nos que não podiam estar presentes nesta edição da Web Summit, Cosgrave pediu à plateia para partilhar no Facebook o vídeo em direto do evento, mas a rede de internet no MEO Arena não colaborou. “Tentamos de novo mais tarde”, disse.

António Costa, primeiro-ministro, subiu ao palco e mostrou-se “very excited” e, num curto discurso em que foi alternando o inglês com o português, disse que "Quero que se lembrem de Portugal como dinâmico, progressivo e aberto aos negócios. Nos próximos dias, Lisboa vai ser a capital mundial do empreendedorismo", referindo que o país é “o espaço ideal para testar, tentar, falhar e voltar a tentar”.

Horas antes, na sessão de abertura da Venture Summit, no âmbito da Web Summit, o chefe do executivo anunciou um investimento de 200 milhões de euros do Estado num programa de co-investimento (prevê-se 50% de financiamento público e 50% privado) para empresas inovadoras que precisam de capital de risco.

O primeiro painel de debate contou com a presença de Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia, Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio e de Mogens Lykketoft, presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas e, sob o mote Novas Realidades, foram focados vários temas globais como o papel dos políticos no mundo atual e o o crescimento do extremismo e do populismo. Barroso defendeu que apesar da resistência à tecnologia, “a globalização vai acontecer”.

Seguiu-se o “momento à Hollywood”. Paddy Cosgrave pediu à plateia que recebesse Joseph Gordon-Levitt, ator que vestiu a pele de Edward Snowden e fundador, em 2005, da plataforma HitRecord, uma produtora online de conteúdos colaborativos. Gordon- Levitt terminou a apresentação com um agradecimento aos pais por nunca terem dado muito ênfase ao sucesso, mas sim dizerem-lhe “Se gostas disto, apoiamos-te. Se um dia não gostares disto, então podes parar”. Esse pensamento “fez-me sempre gostar muito de tudo o que faço”, desabafou o artista.

Paddy Cosgrave chamou mais três oradores: Jaime Jorge, fundador da Codacy, Miguel Santo Amaro, fundador da Uniplaces e João Vasconcelos, secretário de Estado da Inovação e pediu que os CEO´s das startups portuguesas presentes se levantassem. Logo de seguida chamou os cerca de 150 empreendedores para cima do palco e exclamou “Se calhar está a acontecer alguma coisa em Portugal!”, enquanto revelava que Jaime Jorge e a vitória da Codacy no concurso de pitches de 2014 é um dos principais responsáveis pelo facto de a Web Summit ter vindo para Lisboa.

“Estas são as estrelas de rock do meu país” disse João Vasconcelos enquanto Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, afirmava que “não preciso de fazer o pitch por Lisboa porque Lisboa fará o pitch por si própria” e que “isto é o princípio de uma parceria com os atores e setores mais avançados do mundo. Esta parceria começa hoje e queremos Lisboa no centro deste processo.”

Medina, visivelmente nervoso e emocionado, entregou a Paddy Cosgrave as chaves da capital e, com todo o recinto a aplaudir, disse: “Lisboa é a tua casa”. Em troca, o irlandês entregou a chave com que o autarca deu, oficialmente, início ao Web Summit 2016.

No final da cerimónia e em declarações ao VerPortugal, Fernando Medina defendeu que ter o Web Summit em Lisboa “é uma oportunidade única porque vamos ter dezenas de milhares de empreendedores, grandes empresas e investidores aqui e por aquilo que também vai deixar para o futuro, desde a projeção da cidade às oportunidades de investimento para as nossas empresas” e continuou afirmando que, a presença de 150 startups nacionais em palco “é uma nova geração,é um sinal da modernidade de Portugal que estamos aqui a mostrar ao mundo”.

Criada em 2010, em Dublin, a Web Summit vai realizar-se nos próximos três anos na capital portuguesa. Nesta primeira edição, a decorrer na FIL e no MEO Arena entre 7 e 10 de novembro, realizam-se 21 conferências e cerca de duzentas startups disputam o “PITCH 2016”.

Dos 600 oradores presentes, 31 são portugueses como Carlos Moedas (Comissário Europeu com a pasta da Inovação), José Neves (CEO da Farfetch), Patrícia Mamona (atleta olímpica) e Tiago Brandão Rodrigues (Ministro da Educação), entre outros e, através da iniciativa Road2WebSummit, lançada pelo Governo, saíram as 66 startups nacionais presentes na FIL a representar o país.

 

 

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