Web Summit: Paddy Cosgrave espera 80 mil participantes em 2017

A primeira edição em Portugal daquele que é considerado o maior evento de empreendedorismo, tecnologia e inovação do mundo terminou ontem, quinta-feira, e Paddy Cosgrave disse que, no próximo ano, o número de participantes vai aumentar até os 80 mil.
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O fundador do evento classificou como "incrível” toda a experiência, reforçando que a escolha da capital lusa para acolher a Web Summit foi "a decisão acertada”. Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez um balanço positivo do acontecimento, referindo que "foi um sucesso espetacular”.

O chefe de Estado fez uma breve visita à conferência e, acompanhado por Daire Hickey, co-fundador da Web Summit, defendeu que “esta é uma oportunidade única para pôr o mundo cá e colocar Portugal no mundo" e que "os jovens portugueses têm o desejo de estar na linha da frente desta revolução tecnológica”, deixando, no entanto, um alerta: “Este tsunami civilizacional, que onda após onda modifica a forma como nós interagimos uns com os outros, não vai parar. Mas não nos devemos esquecer que a tecnologia é apenas um instrumento para os valores e que milhões e milhões de pessoas em todo o mundo foram deixadas para trás nesta imparável revolução. Isso não é bom.”

Marcelo Rebelo de Sousa terminou o encontro com uma passagem pelo espaço onde estavam as startups e conversou com vários empresários portugueses, enquanto muitos estrangeiros questionavam “quem é este?” e outros aproveitavam para tirar uma selfie com o chefe de Estado português. No final, o Presidente afirmou que a primeira edição da Web Summit foi “Um sucesso espetacular. Estava aqui a felicitar o Daire Hickey, porque em pouco tempo puseram de pé uma realidade para milhares e milhares de pessoas. Para o ano, 80 mil!”

A percentagem de mulheres que participaram este ano na Web Summit foi outro dos pontos favoráveis apontados por Cosgrave: “Estou muito contente em anunciar que 42% dos participantes da Web Summit deste ano eram mulheres, mais do dobro do ano passado”, referiu. Na edição de 2015, em Dublin, a presença feminina rondou os cerca de 20%, pelo que a equipa da Web Summit lançou a iniciativa “Women in Tech” para “ultrapassar a enorme divisão entre géneros na tecnologia". O resultado: mais 5 mil mulheres participantes, naquele que foi maior número de sempre entre as conferências tecnológicas de topo.

Startups, networking, investidores e voluntários

Para as 1.490 startups presentes nos quatro pavilhões da FIL uma das vantagens de estar na Web Summit é o aumento da rede de contatos, o networking com  pessoas de áreas diferentes, outras formações e experiências que, de outra forma, seria muito difícil encontrar. Outro dos objetivos é atrair clientes, parceiros ou investimento de um dos cerca de 1.300 investidores presentes.

A startup dinamarquesa Kubo Robot com o seu robot que se destina ao ensino de programação às crianças saiu da Web Summit como a vencedora da Pitch, considerada a competição mais importante da cimeira tecnológica e que, em 2014, foi ganha pela startup portuguesa, Codacy. Depois de receberem o prémio de 100 mil euros, os responsáveis da empresa explicaram aos jornalistas a sua ideia:

“Normalmente, quando pensamos no ensino da programação, pensamos nos jovens a partir do 9.º ano, utilizando computadores portáteis”, contou Tommy Otzen, o CEO da Kubo. Decidindo que era necessário chegar aos mais novos,a equipa lembrou-se de “tirar a programação drag and drop [arrastar e largar] do ecrã e passá-la para a vida real como se fossem Legos.”

Para os criadores do Kubo, a vitória é motivo de orgulho e sinónimo de mais oportunidades: “Já falámos com algumas empresas, com quem temos possibilidades de parceria, especialmente aqui na Web Summit”.

Mas, nem só de startups e investidores vive o Web Summit. Foram precisos cerca de 2.500 voluntários  oriundos de mais de 80 países para assegurar que o evento decorresse sem dificuldades.

Carolina Vaz Pires veio do Porto e passou os dias do evento a fazer voluntariado na Speakers Team, tendo como função principal certificar-se que os oradores do palco Startup University estavam presentes e eram encaminhados para o palco correto. Uma tarefa que se revelou de grande responsabilidade: “Isto exigiu uma grande responsabilidade que, à partida, não estava muito à espera. Havia pessoas que estavam a fazer a mesma função que eu e estavam a ser remuneradas, situação que, mesmo para eles, era desconfortável porque achavam que o que fazíamos não era do nível de um voluntariado, mas, ainda assim e não sendo o dinheiro tudo, para mim vale pela experiência”.

A portuense de 24 anos defende que o Web Summit “ganha muito na parte do networking, para mim o mais importante é o que acontece para além das conferências, no à-vontade que as pessoas têm em falar umas com as outras” e, nas 8 horas de turno que fazia, Carolina também teve oportunidade de falar com alguns dos oradores que “diziam que Portugal é uma revelação e que há tanta coisa boa aqui para ver e fazer”, refere.

A nível da organização aponta que “falha um bocadinho nos pormenores, mas acredito que isto vai ser limado para o ano, sem dúvida”.

Os números da Web Summit

Em três dias e meio os quatro pavilhões da FIL e o Meo Arena receberam 53.056 pessoas de 166 países, incluindo 15 mil empresas, 7 mil presidentes executivos e 700 investidores.

Estiveram presentes cerca de 2 mil jornalistas e 663 oradores que trataram de temas como empreendedorismo, inteligência artificial, música, desporto e política, entre tantos outros.

Para a cidade de Lisboa prevê-se um retorno financeiro entre 175 e 200 milhões de euros, entre hotéis, táxis e restaurantes, mas Paddy Cosgrave alertou que "O impacto poderá ser analisado dentro de cinco a 10 anos do ponto de vista de como se ajudam as empresas portuguesas".

O Web Summit regressa a Portugal em 2017, de 6 a 9 de novembro.

 

 

 

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