Cineteatro de Loulé tem programa eclético e ambicioso para 2018

O Cineteatro Louletano acaba de anunciar a sua programação para a próxima temporada (janeiro a junho de 2018), a qual continua a pautar-se por critérios de qualidade, diversidade e originalidade/arrojo, afirmando crescentemente este espaço cultural da edilidade louletana como uma sala de média dimensão de referência no panorama cultural do sul do País.
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Desde longo começando pela Música, em que continua forte a aposta em estreias no Algarve, em Loulé, de novos discos de reconhecidos compositores nacionais, mas também de outros ligados a um circuito mais alternativo que é fundamental dar a conhecer numa ótica de democratização do acesso à Cultura. Assim, para além de nomes mais sonantes como o maestro Rui Massena (18 de fevereiro), Dino D’Santiago (9 de junho) ou Pedro Abrunhosa (16 e 17 de junho), são apresentados em absoluta estreia algarvia os novos álbuns de Linda Martini (9 de março), Mazgani (24 de março) e Dead Combo (17 de maio), num rol abrangente e diversificado de grandes concertos para todos os públicos.

Destaque-se ainda a estreia nacional, em Loulé, do aguardado novo trabalho discográfico de David Fonseca (a 9 de maio), bem como três espetáculos muito especiais: o tão esperado regresso do cantor e compositor maior Fausto Bordalo Dias ao Algarve, num concerto que se avizinha marcante (1 de fevereiro); o consagrado fadista Ricardo Ribeiro a cantar José Afonso, acompanhado de um quinteto de luxo ligado ao universo do Jazz (a 24 de abril); e os prestigiados Filipe Raposo e Filipe Melo, numa cumplicidade a dois pianos, para celebrar da melhor maneira o Dia Internacional do Jazz a 30 de abril.

No âmbito do ciclo musical “O Longe é Aqui”, no qual já foram realizados, desde 2016, mais de dez encontros inéditos (encomendas artísticas) entre talentosos músicos louletanos e reconhecidas figuras do panorama nacional, vêm aí mais três concertos únicos: um, em que se fará inicialmente a apresentação oficial da presente temporada, com a contagiante diva do Jazz Maria João e o inspirador projeto feminino algarvio de canto a capella Moçoilas (a 14 de janeiro); outro, a 6 de maio, que junta um grupo de referência obrigatória na área da música tradicional portuguesa (reinventada), Ronda dos Quatro Caminhos, com o jovem fadista louletano César Matoso; e, por fim, a encerrar este semestre, um espetáculo muito especial que marca o reencontro do promissor jovem quarteirense Bertílio Santos com a cantora Aurea a 22 de junho em Quarteira. 

Ainda na área musical, sublinhe-se a introdução de um novo ciclo dedicado à música clássica – uma aposta regular e continuada da programação do Cine-Teatro –, “Clássicos na Avenida”, numa coprodução entre a Orquestra Clássica do Sul, o Município de Loulé e o Teatro Tivoli BBVA (em Lisboa), reveladora de um reforço da oferta do Cine-Teatro na área da música erudita dirigida não só aos amantes deste universo como ao público em geral.

Prossegue neste semestre a aposta estratégica, iniciada em 2017, na área da arte para a primeira infância (bebés, pais e profissionais que trabalham com esta faixa etária), através da parceria com prestigiadas estruturas performativas a nível nacional, neste caso a Companhia Musicalmente (sediada em Leiria), a qual se concretiza em três vertentes: apresentação de espetáculos diferenciadores e inovadores de cariz multidisciplinar e acentuada contemporaneidade; realização de conferências/debates onde se possa debater o desenvolvimento musical e a criação artística para a primeira infância; e continuação da aposta na dimensão formativa – lacuna grande existente na região – dirigida a animadores, educadores e demais mediadores que trabalham com bebés. Esta aposta assenta também numa rede colaborativa que tem vindo a envolver a Universidade do Algarve (Escola Superior de Educação e Comunicação) e as creches e jardins-de-infância do Concelho de Loulé.

Subjaz ainda à programação gizada para esta temporada uma visão espacialmente descentralizada, prosseguindo com a apresentação de espetáculos no litoral e na zona serrana do Concelho, de modo a enriquecer a programação cultural dessas áreas, assegurando uma dinâmica cultural de qualidade a nível da chamada “época baixa”. Assim, o reconhecido músico Ricardo J. Martins, a residir em Loulé, irá apresentar o seu novo disco de guitarra portuguesa “Cantos e Lamentos”, com vários convidados especiais, na Fundação Manuel Viegas Guerreiro (Querença) a 13 de janeiro, para além do já aludido concerto com Bertílio Santos e Aurea na Praça do Mar em Quarteira.

No que concerne à comunidade escolar e famílias, o Cine-Teatro continua a apresentar propostas performativas que enfocam no triângulo arte-educação-cidadania, contribuindo para a sensibilização dos mais pequenos para as questões da prática cívica, da ética e de outros valores afins. Daí também a prossecução na aposta em criações, nas áreas do teatro e performance, que incidem em temas ligados à atualidade nacional e internacional, cruzando as áreas da História, Sociologia e Artes do Palco, neste caso através da continuação do ciclo de longa duração “Estórias silenciosas” iniciado em 2017 e dirigido quer ao público em geral quer às escolas/famílias. No âmbito deste ciclo temático serão apresentados este semestre os espetáculos “Cartas de Damasco”, de Ana Lázaro (27 e 28 de fevereiro), “Isto é a Europa”, do Teatro O Bando (27 de março, Dia Mundial do Teatro), e “Mapa”, de Fernando Mota (17 e 18 de abril), os quais contam com um grupo informal de convidados (do público) que tem vindo a acompanhar, comentar e contribuir para a programação das propostas inseridas neste ciclo.

Ainda na área do Teatro, destaque para a apresentação da peça “Actores”, encenada por Marco Martins e com um elenco de luxo formado por Bruno Nogueira, Luísa Cruz, Miguel Guilherme, Nuno Lopes e Rita Cabaço, e a versão d’”A Tempestade”, de Shakespeare, pela inquietante Companhia João Garcia Miguel.

A agenda semestral agora apresentada reflete ainda uma insistência crescente, de forma paulatina, na área da dança contemporânea, através de estreias no Algarve de espetáculos interdisciplinares de reconhecidas companhias nacionais (e internacionais) que normalmente não apresentam as suas criações abaixo do rio Tejo, bem como noutros quadrantes da dança mais dirigidos a um público generalista, como o Flamenco (12 e 13 de maio) e o Tango (3 de fevereiro; e 16 e 17 de março), que contarão com renomados e contagiantes protagonistas.

Uma palavra ainda para a permanência de rubricas regulares que assentam na reflexão e debate em torno de temas ligados à Cultura, Artes e Letras, bem como na valorização de figuras locais dotadas de um percurso singular e relevante (respetivamente, os formatos “Conversas à Quinta” e “Dos Sabores da Cultura”), neste caso com os convidados Paulo Lameiro, José Laginha e, já em junho, a consagrada Eunice Muñoz, que celebra este ano 90 anos de vida.

O Cinema também não é esquecido, prosseguindo vários eventos de referência que trazem a Loulé uma oferta de qualidade a nível do Cinema (Monstrare, Mostra de Cinema da América Latina e Festa do Cinema Italiano), assim como vários formatos dedicados ao Humor, que neste semestre conta com os seguintes convidados especiais: Filomena Cautela, Pedro Tochas e Fernando Alvim.

Por fim, sublinhe-se a realização da terceira edição do Som Riscado – Festival de Música e Imagem de Loulé, que traz a Loulé novos e estimulantes diálogos entre música e imagem, para além de cativantes viagens exploratórias em torno da arte do som, num evento que aposta forte na criação contemporânea e na programação dirigida a públicos mais segmentados/alternativos. E uma palavra ainda para os eventos inseridos no programa 365 Algarve, nomeadamente o FIMA 2018 – Festival Internacional de Música do Algarve e os encontros do DeVIR, ambos aglutinadores de uma oferta cultural de apreciável qualidade e diversidade.

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