Guimarães quer zona de Couros como Património Mundial

A Câmara Municipal de Guimarães propôs à UNESCO duplicar a área classificada, inscrevendo a Zona de Couros na lista indicativa para obter o estatuto de Património da Humanidade. No caso de a candidatura ser bem-sucedida, a área de proteção passará a ser cinco vezes superior à atual, criando-se uma zona tampão desde o topo da montanha da Penha, onde nasce a ribeira de Couros, à Veiga de Creixomil, foz de cursos de água.
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O pedido de inscrição da Zona de Couros na lista indicativa para o alargamento da área classificada já foi entregue na Comissão Nacional da UNESCO. A proposta acrescenta os 24,10 hectares da zona de Couros aos 19,45 hectares do Centro Histórico, o que perfaz um total de 43,55 hectares. Com esta ampliação, a zona de proteção quintuplicaria, passando dos atuais 102,50 hectares para os 581,66 hectares, contribuindo para isso os 483,95 hectares da área tampão a classificar.

"A zona de proteção que inclui a Igreja da Penha à Veiga de Creixomil constitui um contributo importante para sustentar a nossa candidatura a Capital Verde Europeia – um exemplo para o mundo de interação territorial, boas práticas políticas e ambientais e qualidade de vida para os nossos cidadãos", referiu Domingos Bragança, Presidente do Município, esta quinta-feira, no final da sessão de apresentação ao Executivo Municipal da proposta de inscrição da Zona de Couros na lista indicativa da UNESCO.

"Faço um agradecimento público à arquiteta Alexandra Gesta e a toda a sua equipa pelo trabalho até agora desenvolvido! A classificação desta extensa área permitirá realizar a descompressão do Centro Histórico, fazendo com que outros locais de Guimarães sejam também visitados, no âmbito de roteiros onde estejam mencionados locais classificados como Patrimónios Mundiais", realçou Domingos Bragança, considerando que o alargamento "reúne condições de sucesso".

Uma vez que Portugal foi eleito em 2013 para o Comité do Património Mundial da UNESCO, não deverá apresentar nenhuma candidatura até 2017, durante os quatro anos em que ocupa o lugar nesta organização das Nações Unidas. Esta não é uma regra oficial, mas tem sido uma prática instituída dentro da organização. A proposta de Guimarães, entretanto, está já formalizada na Comissão Nacional da UNESCO, organismo dependente do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Bem autêntico e único no mundo

Os tanques de Couros, o sistema hídrico e a história do trabalho são os três elementos essenciais do valor do Bem a classificar. A proposta considera uma área que integra mais de quinze unidades industriais e uma extensão de tanques de curtimenta superior a quatro mil metros quadrados que, por si, constituem um conjunto monumental, numa área urbana onde se desenvolveram, ao longo de vários séculos, manufaturas de curtumes. Sabe-se que no século X já ali se desenvolvia esta atividade produtiva e a sua história estará intrinsecamente ligada à da formação da nacionalidade portuguesa.

Após uma análise de mais de 160 casos de trabalho de curtumes em todo o mundo, não foi encontrado nenhum semelhante ao de Guimarães. "Este é um conjunto único! E não é a minha Vimaranencidade que está a falar… É mesmo único!", reforçou Alexandra Gesta, no decurso da apresentação. As medinas de Fés (1980), Marraqueche (1985) e Tetuão (1997) são os três casos classificados pela UNESCO que apresentam maiores similitudes com a Zona de Couros, possuindo áreas de manufaturas de curtumes integradas em contextos urbanos.

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